Uma das maiores dificuldades que os migrantes venezuelanos enfrentam é a falta de passaportes. No entanto, o governo da Colômbia detectou com preocupação o trânsito de pessoas que se identificam com legítimos passaportes venezuelanos, mas nem ao menos sabem qual é a capital da Venezuela.
Em entrevista à Venezuela 360, o diretor de Migração Colômbia, Christian Krugüer, alertou que se trata de um fenômeno que pode representar um risco para a segurança global: “Vemos pessoas da Venezuela que não têm passaportes, mas, ao mesmo tempo, encontramos pessoas de outras nacionalidades com passaporte venezuelano que sequer falam espanhol nem sabem qual é a capital da Venezuela.”
As autoridades da Colômbia desconhecem as intenções e o critério do regime de Nicolás Maduro para conceder passaportes a estrangeiros, mas não hesitam em advertir a comunidade internacional sobre o fato.
“É um grande risco, não apenas para a segurança da Colômbia, mas também para a segurança mundial. Estou falando do ponto de vista do terrorismo”, disse o diretor de Migração Colômbia.
Um outro aspecto com o qual as autoridades colombianas lidam agora são as tarefas de espionagem empreendidas por agentes enviados pelo governo em disputa de Nicolás Maduro.
“No início deste ano [2019], retiramos cerca de 10 indivíduos de Cúcuta por espionagem. Essa é uma ferramenta utilizada pelas ditaduras para saber o que está ocorrendo nos demais países”, acrescentou Krugüer. Além de advertir quanto aos riscos à segurança devido à crise venezuelana, disse que o êxodo se mantém em níveis muito altos, afetando a capacidade de resposta do governo da Colômbia, sobretudo em relação aos serviços de saúde.
O governo da Colômbia registrou também o aparecimento de um fenômeno conhecido como migração pendular, ou seja, pessoas que vivem na Venezuela, mas cruzam todos os dias a fronteira para a Colômbia, em busca de serviços médicos, educação ou comida, e à noite voltam ao seu país de origem.
Estima-se que 45.000 pessoas passem diariamente pelas fronteiras. Entre elas, 2.000 ficam permanentemente na Colômbia, 2.000 seguem para outros países e 41.000 regressam à Venezuela.
“Entre os que entram e saem, muitos chegam com necessidades; vêm à Colômbia para comer, buscar assistência médica, comprar alguns produtos e depois regressam”, declarou o diretor de Migração Colômbia, considerando que o fenômeno migratório já não pode mais ser visto simplesmente como o 1,5 milhão de migrantes com residência permanente na Colômbia.
Segundo Krugüer, a migração pendular representa uma grande carga fiscal para as cidades fronteiriças.