No início de fevereiro, um grupo de 1.296 mulheres ingressou voluntariamente no Exército Nacional da Colômbia, para prestar o serviço militar na primeira convocação em mais de 20 anos. O grupo é o primeiro contingente feminino dos quatro previstos para 2023, onde 5.184 mulheres poderão servir em diferentes unidades militares em todo o país.
“A convocação para mulheres foi 100 por cento efetiva; no primeiro dia da convocação nas 12 zonas e 60 distritos militares destacados em todo o território nacional, a meta de incorporação foi atingida e foi alcançado o pré-registro e o convite para a próxima incorporação, que ocorrerá de 1 a 17 de maio”, disse à Diálogo o Comando de Recrutamento e Controle de Reservas do Exército.
Para a Soldado Sindy Mishelly Suárez Sandoval, de 23 anos, de San Vicente de Chucurí, departamento de Santander, que fez parte do primeiro contingente, ingressar no Exército foi um passo natural. “Meu pai é um aposentado do Exército, então o fato dessa vida militar está no seu sangue”, disse.
Após uma primeira fase de instrução para adaptar-se à vida militar, as soldados receberam suas armas no final de março e ingressaram nas companhias nas quais foram admitidas no início de maio, explicou a Sd Suárez. “No meu caso, entrei para o Comando de Recrutamento e Controle de Reservas do Exército Nacional, onde darei apoio em cada uma das áreas administrativas que estão atualmente em andamento”, acrescentou.
A primeira vez que as Forças Militares da Colômbia incorporaram mulheres foi em 1976, quando 12 mulheres ingressaram como oficiais administrativas. Depois, em 1983, começou o primeiro curso para graduados, com especializações em enfermagem, farmácia, comunicações, arquivos e secretariado, entre outras, segundo o livro do Comando Geral das Forças Militares da Colômbia, Mulheres militares, histórias de grandeza ao serviço da paz, publicado em 2017. Em 2009, pela primeira vez, o Exército da Colômbia incorporou mulheres para servirem como oficiais de armas.
De acordo com o Exército, assumiu o recrutamento de mulheres desta forma após mais de 20 anos, “para fortalecer o papel das mulheres na instituição”, que atualmente conta com 1.212 oficiais e 973 graduadas femininas entre seus 200.000 membros. Os requisitos, indica o Exército em seu comunicado, são os mesmos que para o pessoal masculino.
“Muitas pessoas pensam que as tarefas que estamos realizando são muito diferentes das dos homens, e não é este o caso”, disse a Sd Suárez. “Somos contingentes mistos, somos homens e mulheres; e tudo é feito de maneira igual, os mesmos espaços e condições, tudo é igual; a única diferença é para dormir e o banheiro, que são separados, mas para fazer uma corrida, polígono etc. tudo é misto; há também instrutores homens e mulheres.”
A Sd Suárez, que tem um diploma em geriatria e gerontologia, sonha em continuar sua carreira militar após um ano de serviço voluntário. “Acho que aqui se forja o caráter, a disciplina e isso ajuda muitíssimo em minha carreira, porque aqui há um lado humano que muitas pessoas desconhecem”, concluiu.