O Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM) ativou a Força-Tarefa Conjunta-Leeward Islands (JTF-LI, por sua sigla em inglês) para dar apoio a esforços de assistência humanitária e ajuda para desastres no Caribe. O furacão Irma foi o primeiro furacão de Categoria 5 em décadas a atingir as Ilhas Leeward, compostas por mais de 10 ilhas localizadas entre o nordeste do Mar do Caribe e o Oceano Atlântico ocidental.
O Capitão-de-Mar-e-Guerra do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA Michael Samarov, comandante da JTF-LI, concedeu uma entrevista à Diálogo para discutir o suporte da força-tarefa conjunta à operação de ajuda para desastres do Escritório de Assistência a Desastres dos EUA no Estrangeiro (HA/FDR) da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID/OFDA, por sua sigla em inglês), sob solicitação dos governos da França, da Holanda e de Dominica.
A JTF-LI é composta por cerca de 300 militares e conta com o apoio de oito helicópteros, quatro aeronaves C-130 Hércules e do USNS Spearhead (T-EPF 1). Seu pessoal é originário da Força-Tarefa de Terra, Mar e Ar para Fins Especiais do Comando Sul, Força-Tarefa Conjunta Bravo e outros elementos do SOUTHCOM. A força-tarefa é apenas um elemento da resposta dos EUA ao furacão Irma e permanecerá na área afetada para dar apoio às operações contínuas de ajuda lideradas pela USAID/OFDA pelo tempo que a USAID considerar necessário.
Diálogo: Qual é a missão da JTF-LI?
Capitão-de-Mar-e-Guerra do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA Michael Samarov, comandante da FTC-LI: Nossa missão é fazer duas coisas: a primeira é que devemos salvaguardar e fornecer uma partida assistida por militares a cidadãos americanos presos na devastação causada pelos furacões Irma e Maria; a segunda parte de nossa missão é, em conjunto com nossos parceiros na USAID/OFDA, conduzir assistência humanitária e ajuda para desastres na ilha de St. Martin e na ilha de Dominica.
Diálogo: Quais são as capacitações da JTF-LI?
CMG Samarov: Somos uma organização pequena. Somos bastante capacitados. Somos capazes de executar um planejamento bastante rápido que, perante um desastre, é muito, muito importante. Temos capacidades bastante substanciais para transportar coisas por ar, por helicóptero – temos oito helicópteros diferentes –, e há um grande número de aviões de transporte C-130 que nos dão apoio. Temos uma capacidade logística muito robusta que, entre outras coisas, pode produzir água, movimentar materiais pesados e realizar operações e planejamento em um aeroporto; em outras palavras, planejar como as coisas chegam e como as coisas saem.
No solo, temos uma ajuda tremenda das Forças de Operações Especiais e de nossos fuzileiros navais, que podem nos ajudar a entender o ambiente em que nos encontramos no solo, entender as necessidades das pessoas. Eles podem encontrar americanos isolados e podem preparar esses americanos para evacuação. Essa é apenas uma amostra do que podemos fazer.
Diálogo: O que o senhor considera como seu maior desafio como comandante da JTF-LI?
CMG Samarov: Acho que um dos maiores desafios tem sido ajudar as pessoas em terra a enfrentar a devastação causada por esses dois furacões. Em St. Martin estávamos lidando com as nações francesa e holandesa. Essas são duas nações orgulhosas e muito competentes. A ilha sofreu um desastre tão grande que os Estados Unidos precisaram vir e ajudar. Trabalhar com eles para fornecer exatamente o tipo certo de ajuda, entender quais eram suas necessidades, não fazer muito pouco, mas também não fazer demasiado, foi muito, muito importante.
O desafio foi um pouco diferente em Dominica, pois a ilha sofreu danos devastadores. Na verdade, a parte difícil foi trabalhar com nossos amigos da USAID/OFDA para entender o que o governo necessitava – mesmo após eles próprios terem sofrido um golpe tão devastador – e então fornecer essa ajuda com relação a estradas destruídas, pontes submersas e uma porção de comunidades isoladas com muitas pessoas sem comunicação. Eu diria que essa foi provavelmente a coisa mais difícil – simplesmente trabalhar nas circunstâncias de tal devastação.
Diálogo: Como o senhor gerencia os esforços do HA/FDR [ED1] [ED2] [ED3] [ED4] com base nas solicitações por ajuda da nação parceira à USAID/OFDA e a outras agências do governo dos EUA e organizações internacionais de ajuda?
CMG Samarov: Nossos parceiros da USAID/OFDA têm sido incríveis. Eles são realmente os profissionais que trabalham todos os dias nos ambientes, talvez não tão devastados quanto vimos em St. Martin e Dominica, mas nas mesmas circunstâncias. Eles sabem como entrar em contato com os governos locais e agências locais de ajuda. Eles entendem a comunidade internacional e o que elas trazem. Eles têm contatos com todas as organizações nacionais de ajuda. Eles fizeram coisas a partir dessa perspectiva relativamente direta para nós e sou grato por termos um excelente parceiro na USAID/OFDA.
A forma de podermos fornecer assistência em uma operação do HA/FDR é, de novo, através da USAID/OFDA. Quando eles trabalham com o governo de uma nação afetada e determinam quais são os requisitos, eles primeiro utilizarão seus próprios recursos ou verão se não conseguem encontrar uma das agências internacionais, nacionais ou de ajuda não governamental perto de uma tarefa. É só quando uma dessas agências não consegue realizar a tarefa e há um requisito singular para ajudá-los que eles recorrem a nós. Há um processo que o governo segue para se certificar de que usemos a ferramenta certa para a tarefa.
Diálogo: Como a JTF-LI trabalha junto com as nações parceiras?
CMG Samarov: Trabalhamos juntos de diversas maneiras. Em St. Martin, foi algo que nunca havíamos vivenciado antes. A França e a Holanda são nossas aliadas na OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte]. Temos convivido uns com os outros, nos conhecemos mutuamente. Para facilitar, havia inúmeros fuzileiros navais franceses e holandeses e, sendo fuzileiro naval também, estou bastante familiarizado com o trabalho destas forças. Esse foi um canal fácil para nós. Pudemos colocar oficiais de ligação nos dois quartéis-generais e eles foram um canal para comunicação com o governo francês.
Em Dominica, isso nos ajudou porque estávamos trabalhando a partir das ilhas de Martinica e Guadalupe, que são territórios franceses. Recebemos grande apoio dos militares franceses desde que chegamos lá. A ilha de Dominica, como mencionei, sofreu um golpe direto e devastador. Utilizamos nossos especialistas em operações civis e militares – soldados e fuzileiros navais – em terra que, juntamente com nossos parceiros da USAID/OFDA, se conectaram com o governo da nação parceira, trabalharam com eles para entender o que eles precisavam, verificaram onde poderíamos ajudar e fizeram a coisa acontecer.
Diálogo: Quais são as vantagens de operar como uma força-tarefa conjunta em um ambiente do HA/FDR?
CMG Samarov: As vantagens são que somos muito, muito complementares. Sou um fuzileiro naval e comando uma organização de fuzileiros navais. Como tal, nos orgulhamos de sermos rápidos e leves. Podemos chegar a um lugar rápido; não precisamos de muito suporte. Podemos nos preparar e começar a trabalhar. Há, porém, um profundo know-how e compreensão que os outros serviços fornecem. As Forças de Operações Especiais são, logicamente, um tremendo benefício adicional em todos os sentidos, então nossos parceiros da Força Aérea nos forneceram enorme capacidade de transporte aéreo, utilizando suas aeronaves de transporte. As forças do Exército entraram com capacidade adicional que incluiu tudo, desde essa operação civil-militar até o fornecimento de caminhões para levar suprimentos de ajuda. A Marinha nos deu apoio através do USNS Spearhead, que é uma embarcação de alta velocidade que pode carregar enormes quantidades de suprimentos e equipamentos.
Tudo gira em torno de trabalho de equipe, onde cada membro da equipe tem certos pontos fortes, certas limitações, mas eles não são os mesmos, então nos complementamos mutuamente, o que nos torna uma força mais forte quando estamos juntos.
Diálogo: Qual é sua mensagem para as nações parceiras afetadas?
CMG Samarov: Acho que a mensagem é que os Estados Unidos são um parceiro que se importa. As pessoas dos Estados Unidos – o povo americano – querem ajudar nossos parceiros em qualquer lugar do mundo. Agora, grande parte dessa ajuda flui através da USAID/OFDA, mas em situações de crise, as Forças Armadas dos Estados Unidos podem fornecer ajuda singular e salvadora de vidas, e é isso que fizemos aqui.
Diálogo: No sentido pessoal, o que a experiência significou para o senhor após quase três semanas de operações?
CMG Samarov: Estamos nisso há algum tempo. Meu primeiro dia em St. Martin deve ter sido no dia 12 de setembro. Antes disso, estávamos planejando e nos movimentando. Para mim, essa experiência se resume ao toque humano. O resultado é que estamos todos juntos, somos todos pessoas, e pessoas em circunstâncias desesperadoras precisam de ajuda. Antes de mais nada, estou orgulhoso. Essa foi uma situação difícil, e estou orgulhoso em relação a todos os soldados, os aviadores, os marinheiros, os fuzileiros navais e os civis que fizeram parte disso. Estou orgulhoso de todos que, com pouca antecedência, trabalharam muito, montaram uma equipe e ajudaram a fazer a diferença.