O Brasil tem ampliado a participação feminina nas missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), em atendimento à Resolução do Conselho de Segurança nº 1.325 da ONU, que instituiu, em 2000, a agenda Mulher, Paz e Segurança. Atualmente, seis oficiais das Forças Armadas integram uma das 13 missões mantidas pela ONU.
As militares brasileiras começaram a compor as missões da ONU em 1992, durante a Segunda Missão de Verificação das Nações Unidas em Angola. Desde então, 246 militares do segmento feminino das Forças Armadas estiveram presentes nas missões de paz da ONU: 205 do Exército Brasileiro (EB), 30 da Marinha do Brasil (MB) e 11 da Força Aérea Brasileira (FAB), além de 60 policiais militares, segundo o Centro de Comunicação Social da Defesa (CCOMSOD).

O CCOMSOD informou que há quatro militares da FAB em missões de paz: duas na Missão das Nações Unidas para o Referendo no Saara Ocidental; uma na Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul; e uma na Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUSCO). A MB possui uma oficial na Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA). Desde 29 de março de 2021, uma oficial do EB está atuando na Missão de Treinamento Militar da União Europeia na República Centro Africana.
Uma dessas militares, a Capitão de Fragata da MB Nilza Barros da Silva, que desde agosto de 2020 exerce a função de conselheira de gênero na MINUSCA, reforçou a importância da participação feminina nas missões para a manutenção da paz, pois sua presença aumenta a confiança entre os membros da população local. “Durante patrulhas, as mulheres das comunidades costumam sentir mais confiança em relatar violências sexuais e abusos quando estão na presença de outra mulher”, explicou.
A CF Nilza coordena o trabalho de cinco oficiais conselheiras de gênero em setores da República Centro-Africana. Essa tarefa inclui o treinamento das conselheiras e de dezenas de militares responsáveis por reportar violações dos direitos das crianças e dos civis, além das ocorrências de violências relacionadas ao conflito – de gênero, exploração e abuso sexual.
A Major Intendente da FAB Luanda dos Santos Bastos, que foi a primeira mulher da FAB a servir como oficial administrativo em uma missão de paz em 2017, vai reforçar a participação feminina do Brasil na ONU como conselheira de gênero na MONUSCO. “É uma função de bastante relevância para a ONU, por defender a igualdade de gênero e atuar na prevenção de abuso e violação sexual na área da Brigada de Força de Intervenção da MONUSCO, na cidade de Beni, área considerada a mais tensa da missão”, declarou no site da FAB.
A participação das militares brasileiras nas missões da ONU já rendeu ao país, por duas vezes, o prêmio “Defensora Militar da Igualdade de Gênero da ONU”, um reconhecimento ao militar que mais se destacou, dentre todas as missões, na defesa do gênero. Em 2019, a Capitão de Fragata da MB Marcia Andrade Braga foi agraciada por sua atuação na MINUSCA e, em maio de 2020, foi a vez da Capitão de Fragata da MB Carla Monteiro de Castro Araújo receber o reconhecimento pelo trabalho desempenhado também na MINUSCA.