Durante décadas, os narcotraficantes vêm empregando métodos criativos para transportar drogas, incluindo o uso de túneis longos com sistemas de iluminação e ventilação, semissubmersíveis camuflados, para navegar mais discretamente, e drones. Agora os traficantes se aproveitam da crise do coronavírus e utilizam as tão necessárias máscaras cirúrgicas para disfarçar e “mascarar” as drogas.
No dia 13 de março, a polícia peruana informou que tinha confiscado um carregamento de cocaína que seria destinada a Hong Kong, camuflada entre máscaras cirúrgicas. A Associated Press relatou que uma remessa postal continha mais de 1 quilo de drogas distribuídas entre caixas contendo máscaras cirúrgicas fabricadas no Peru, que estavam sendo enviadas a um hospital em Hong Kong, para serem utilizadas na prevenção da propagação da COVID-19.
Esse não foi um caso isolado. De acordo com o portal de notícias Peru21, poucos dias antes da apreensão do dia 13 de março, as autoridades peruanas também confiscaram cerca de 2,5 quilos de cocaína em depósitos da cidade portuária de Callao, camuflados em caixas de máscaras cirúrgicas descartáveis destinadas à China.
Drogas escondidas em abacates
Outro método de transporte de drogas que vem aumentando recentemente, segundo um relatório do jornal colombiano El Tiempo, é o acondicionamento de drogas dentro e entre frutas e plantas tropicais. Com uma precisão quase cirúrgica, os narcotraficantes colombianos inserem drogas em abacates sem danificar as frutas, que parecem intactas exteriormente.
Em outro artigo publicado por El Tiempo, no dia 6 de março, na cidade de Santa Marta, no noroeste da Colômbia, a polícia apreendeu quase 470 kg de cocaína em um carregamento de abacates que iria para a Bélgica. A droga estava escondida em bolsinhas de plástico dentro dos caroços dos abacates. Dada a crescente demanda dessas frutas em todo o mundo, o controle do comércio de abacates está sendo agora muito disputado pelos diversos cartéis, não apenas na Colômbia, mas também no México, disse a InSight Crime.
No final de março, um caminhão com uma carga de tomates levados do México para os Estados Unidos foi enviado pelas autoridades locais para uma inspeção mais detalhada em Laredo, Texas. Um cão farejador de drogas detectou um odor estranho no contêiner e as autoridades em seguida confirmaram que o veículo levava um carregamento de drogas. Ao verificar os 654 pacotes de tomates, as autoridades norte-americanas registraram em uma única apreensão cerca de 840 kg de metanfetamina que seria vendida por US$ 36,9 milhões no mercado negro, segundo a Univision.
No dia 24 de março, autoridades do Escritório de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP, em inglês) dos EUA, lotados na unidade de carga da Ponte Internacional Pharr-Reynosa, que cruza o Rio Grande e a fronteira EUA-México, encontraram um caminhão com um carregamento comercial de bananas frescas proveniente do México. Em um intenso exame complementar, que incluiu o uso de alguns cães, resultou na descoberta de 200 pacotes, supostamente de maconha, escondidos nas caixas de bananas frescas. Essa interceptação é avaliada em US$ 923.290, segundo a CBP.
“Em meio a uma pandemia mundial, as organizações criminosas transnacionais não reduziram a tentativa de ingressar drogas em nosso país. Ontem [31 de março], agentes da Patrulha de Fronteira apreenderam cerca de 60 kg de cocaína em um posto de vistoria. Nós continuaremos a lutar contra essas organizações implacáveis”, disse Mark Morgan, comissário interino do CBP, em um tuíte no dia 1º de abril.