O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) da Marinha do Brasil comemorou, em 7 de março, os 215 anos de sua criação em una cerimônia militar realizada na Fortaleza São José da Ilha das Cobras. Durante a cerimônia, a Marinha aproveitou para apresentar o seu mais novo veículo blindado, o Joint Light Tactical Vehicle (JLTV), adquirido da empresa norte-americana Oshkosh Defense.
“É uma viatura bastante importante para nós. Agrega proteção blindada, uma mobilidade muito grande, proteção quanto a dispositivos explosivos, além de um poder de fogo bastante razoável”, disse o Vice-Almirante Roberto Ramos Lage, comandante de Material dos Fuzileiros Navais. “Nesse momento, a estação de armamento ainda não chegou, mas no futuro breve, no mês que vem, chegará. É o que tem de melhor no mundo.”
O veículo, com capacidade para até cinco tripulantes, foi especialmente criado para a utilização em ambientes urbanos, podendo ser conduzido por terrenos acidentados de maneira segura e capaz de proteger sua tripulação contra o impacto da detonação explosiva. O contrato celebrado entre a Marinha do Brasil e o governo dos Estados Unidos prevê a obtenção de 12 viaturas desse tipo. Quatro foram entregues em fevereiro, quatro outras chegarão no segundo semestre deste ano e mais quatro no início de 2024.
O V Alte Lage explicou que o contrato entre o governo norte-americano e o Corpo de Fuzileiros Navais prevê a transferência de tecnologia para a Base Industrial de Defesa (BID) brasileira. “Dessa forma, consta em contrato sempre a necessidade, a obrigatoriedade da empresa de passar essa transferência de tecnologia para que a nossa BID tenha condições de projetar e construir com os meios nacionais e que também atendam às necessidades da Marinha e das Forças Armadas”, disse o oficial.
Por sua vez, o comandante-geral do Corpo de Fuzileiros Navais, Almirante de Esquadra (FN) Carlos Chagas Vianna Braga, destacou a boa relação com os militares norte-americanos. “A parceria entre as Forças Armadas brasileiras e as norte-americanas, em especial no que diz respeito à Marinha do Brasil e ao Corpo de Fuzileiros Navais, é muito sólida e já vem de muitos anos. Então nós temos hoje um relacionamento muito bom e todos os compromissos vêm sendo honrados de ambas as partes. No que diz respeito aos Fuzileiros Navais, a relação entre as duas forças tem muita transparência e temos tido uma quantidade razoável de meios que vieram dos Estados Unidos”, disse o Alte Esq Carlos Chagas.
O comandante explicou que o JLTV vai garantir segurança em ambiente urbano conflagrado, tanto para os militares quanto para a população civil. “Quando entramos em um ambiente conflagrado, onde está tendo tiroteio, e não estamos em uma viatura blindada, a única proteção que temos é atirar. Se estamos numa viatura blindada, não precisamos fazer tanto isso, protegendo quem está no veículo e quem está fora”, esclareceu o comandante.
215 anos de existência
O Alte Esq Carlos Chagas destacou a incorporação das mulheres ao CFN, que no ano passado teve a primeira oficial Fuzileiro Naval formada pela Escola Naval e está previsto ter mais duas este ano. “Estamos nos preparando também para, a partir do próximo ano, recebermos as primeiras mulheres no Curso de Formação de Soldado Fuzileiro Naval. As inscrições encerraram-se na semana passada e a procura foi incrível: 7.200 candidatas para 96 vagas.”
O Alte Esq Carlos Chagas também enfatizou que a Força de Fuzileiros da Esquadra teve sua Força de Reação Rápida aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em abril de 2022, como nível 3, o mais elevado nível de prontidão operacional, sendo atualmente a única existente no mundo neste nível. Recentemente, o seu pelotão de Desativação de Artefatos Explosivos foi aprovado pela ONU, como nível 1, sendo o primeiro do Brasil, colocando-se disponível para atuar em missões de paz na área de desminagem.
“Celebrar 215 anos de existência é um privilégio do qual pouquíssimas instituições podem desfrutar no nosso país”, destacou o ministro da Defesa do Brasil, José Múcio. “Os Fuzileiros Navais constantemente são empregados para proteção da nossa gente, seja pelo poder naval em sua própria essência, seja em situações de socorro em casos de desastres naturais.”