Na madrugada de 11 de junho, no rio Madre de Dios do estado do mesmo nome, na Amazônia peruana, a Capitania dos Portos de Puerto Maldonado da Marinha de Guerra do Peru, com o apoio da Polícia Nacional e da Promotoria da Nação, desferiu um duro golpe contra a mineração ilegal. A destruição de 12 dragas, sete motores diesel, quatro bombas de sucção e 135 galões de petróleo foram alguns dos resultados da operação.
Somente dois dias antes, unidades da mesma capitania lançaram uma operação contra a mineração ilegal no Rio Malinowski, em Madre de Dios. Graças a dados obtidos através de informantes da região e da inteligência militar, as equipes navais conseguiram destruir um acampamento logístico, seis dragas, quatro motores diesel e quatro bombas de sucção, entre outros materiais.
Segundo a Marinha, as operações de mineração ilegal têm aumentado nos rios da Amazônia peruana desde o lançamento da Operação Mercúrio, em fevereiro de 2019, no estado de Madre de Dios. Executada pela Polícia Nacional e com o apoio do Exército, a operação visava identificar, intervir e controlar a mineração ilegal no terreno.
“Com essa operação [Mercúrio], a mineração ilegal nos pampas foi controlada praticamente em sua totalidade, mas começou a ressurgir em outras áreas, especialmente nos rios”, explicou à Diálogo o Capitão de Corveta da Marinha de Guerra do Peru Lister Samaniego Armas, capitão do porto de Puerto Maldonado.
De acordo com um estudo de 2019 da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (RAISG) – um consórcio da sociedade civil dos países amazônicos –, no Peru, todas as zonas de mineração ilegal se encontram em Madre de Dios. A RAISG indica que essa é a região da Amazônia que sofre a maior degradação devido à extração de ouro.
Em janeiro de 2020, o Projeto de Monitoramento da Amazônia Andina (MAAP, em inglês), uma ONG internacional que monitora o desmatamento amazônico, estima que a zona sul da Amazônia peruana tenha perdido cerca de 2.150 hectares de bosques desde 2017. No entanto, o MAAP reconhece as conquistas da Operação Mercúrio e diz ter registrado uma grande redução no desmatamento da mineração nos pampas desde seu início.
“Estou aqui desde o ano passado [2019] e estamos tentando evitar esse ressurgimento nos rios com o apoio do Exército e da Polícia com seus helicópteros”, disse o CC Samaniego.
Além de valer-se de aeronaves do Exército, a capitania conta, desde o início de 2020, com deslizadores, que são embarcações leves de fibra de vidro que podem percorrer longas distâncias em curtos períodos de tempo. Os navios se tornaram essenciais na luta contra a mineração ilegal.
“A partir dos helicópteros podíamos identificar [a mineração ilegal], mas, devido à geografia do lugar, não tínhamos onde pousar. Os deslizadores nos permitem atingir essas zonas, deixá-los na água e sair para realizar as interdições. Por isso aumentaram as operações nas regiões afastadas”, explicou o CC Samaniego.
No decorrer de 2020, a Capitania de Portos de Puerto Maldonado já realizou 46 interdições contra a mineração ilegal na região de Madre de Dios, que resultaram na destruição de 218 dragas, 143 motores, 121 bombas de sucção, 84 motobombas e 5.336 galões de combustíveis, informou a instituição.