A Marinha Argentina recebeu o último de quatro navios de patrulha oceânica recentemente adquiridos para controlar a pesca ilegal, em 2 de junho de 2022. O navio ARA Contraalmirante Cordero se une às tarefas de vigilância e controle no Atlântico Sul, para dissuadir as frotas pesqueiras chinesas que transpassam os limites marítimos argentinos para depredar seus recursos pesqueiros.
“Estes quatro navios de patrulha são essenciais para fortalecer as atividades do Comando Conjunto Marítimo (CCM), para a defesa de nossa soberania. A Argentina tem uma estratégia defensiva, com capacidade de dissuasão e vigilância, e controle efetivo de seu espaço aéreo, marítimo e terrestre”, disse o ministro da Defesa da Argentina, Jorge Taiana, ao jornal El Clarín.
“A pesca ilegal, não declarada e não regulamentada está absolutamente ligada à China. Em qualquer dia, temos entre 350 e mais de 600 navios chineses na área sob a órbita do Comando Sul”, disse a Infobae a General de Exército Laura J. Richardson, do Exército dos EUA, comandante do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM), durante sua visita à Argentina em 26 de abril. “A China obtém 36 por cento de suas fontes de alimentação na região, não apenas na Argentina, mas em toda a região. Nós chamamos isso de atividades maliciosas; elas extraem recursos, mas não geram investimentos para o país.”
Em 1º de janeiro, o CCM começou a operar sob o comando do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas Argentinas. Pela primeira vez, a instituição reúne o Exército, a Marinha e a Força Aérea Argentina, para combater os crimes marítimos, como a pesca ilegal e o narcotráfico, e controlar as áreas marítimas e fluviais sob sua jurisdição.
“Sem dúvida, esta unidade [o navio Contraalmirante Cordero] dá maior vigor às operações de vigilância, controle e monitoramento da frota pesqueira estrangeira na área adjacente à nossa Zona Econômica Exclusiva (ZEE)”, disse à Diálogo o Coronel José Colombo, do Exército Argentino, chefe do departamento de Comunicação Institucional e Imprensa do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. “Esta incorporação, juntamente com os outros três navios, é fundamental para a integração do Exército, da Marinha e da Força Aérea, em defesa dos interesses soberanos da Argentina no mar.”
O ministro Taiana, durante uma apresentação, em 9 de junho, ao Comitê de Defesa da Câmara do Senado argentino, destacou o trabalho realizado na ZEE, onde é permitida a navegação aos navios estrangeiros, mas a pesca é proibida. “Podemos dizer que [no último trimestre] não houve pesca ilegal dentro de nossa zona de 200 milhas. Eles não entraram”, enfatizou o ministro.
O CCM desempenha “um papel fundamental” no exercício dos direitos soberanos, garantindo a proteção dos recursos naturais no mar e o monitoramento do cumprimento do marco legal em vigor nas áreas marinhas protegidas, ressaltou o Cel Colombo. Ele especificou que o controle da atividade pesqueira é realizado “por um patrulhamento permanente e alternado” entre navios e aeronaves da Marinha e da Prefeitura Naval Argentina.
“A pesca ilegal é um problema muito sério na Argentina”, disse à Diálogo Patricio Giusto, diretor do Observatório Sino-Argentino, uma ONG que estuda as relações bilaterais entre a Argentina e a China. “Na China, o consumo de peixe tem aumentado nos últimos anos e muitas espécies nativas são muito procuradas pelos consumidores chineses.”
Os navios chineses que operam na América Latina são, em sua maioria, embarcações pesqueiras especializadas na pesca de lulas, e navegam com seu sistema de identificação desligado, como medida para evitar a detecção.
“Estamos fortalecendo nossas capacidades operacionais para aprimorar o patrulhamento marítimo da ZEE e da zona de interesses marítimos, o cuidado com os recursos renováveis e não renováveis do mar e o cumprimento dos compromissos internacionais relativos à capacidade de dar apoio à salvaguarda da vida humana no mar e à melhoria do apoio às Bases Antárticas”, completou o Cel Colombo.