O antigo grupo rebelde colombiano Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) está sendo investigado pelo suposto recrutamento de mais de 18.000 crianças para lutar em seu conflito da guerrilha contra o estado, informou um tribunal especial, no dia 10 de agosto de 2021.
As FARC assinaram um acordo de paz com o governo em 2016 para encerrar mais de meio século de conflito armado.
Como parte do acordo, foi criado um tribunal de Jurisdição Especial para a Paz (JEP) para investigar os crimes e atrocidades cometidos durante o conflito.
“Instrumentalizar meninos e meninas no conflito causou dor na sociedade colombiana”, disse o presidente da JEP, Eduardo Cifuentes, em uma coletiva de imprensa em Bogotá.
O tribunal disse que a investigação envolveu 18.667 crianças abaixo de 18 anos, incluindo 5.691 com 14 anos ou menos, violando a legislação humanitária internacional.
“As FARC-EP sistematicamente recrutavam e utilizavam meninos e meninas nessa faixa etária, para manter o conflito armado, contrariando suas próprias determinações”, disse a JEP em uma declaração.
Cerca de 26 ex-combatentes do movimento guerrilheiro marxista foram chamados para dar depoimentos “voluntários” sobre os eventos.
Depois disso, os juízes do tribunal decidirão se farão acusações de “crimes internacionais” ou não, incluindo desaparecimento forçado, assassinato e violência sexual associados ao recrutamento de crianças.
O tribunal oferece penas alternativas à detenção aos condenados por crimes, caso eles assumam sua responsabilidade e paguem indenizações às vítimas.