O Contra-Almirante James A. Aiken Jr., da Marinha dos EUA, comandante das Forças Navais do Comando Sul dos EUA (USNAVSO/4THFLT, em inglês) está empenhado em trabalhar com as forças marítimas das nações parceiras da América Latina e do Caribe para aprimorar a segurança e a estabilidade do hemisfério ocidental.
O C Alte Aiken conversou com Diálogo sobre seus compromissos com as nações parceiras do SOUTHCOM e os desafios de segurança regional que todos eles enfrentam.
Diálogo: Qual é seu principal foco como comandante da USNAVSO/4THFLT?
Contra-Almirante James A. Aiken Jr., da Marinha dos EUA, comandante das Forças Navais do Comando Sul dos EUA: O foco principal da 4THFLT ou NAVSO é a construção de parcerias. Percebemos o valor de trabalhar em equipe com nossos parceiros e aliados na América Central e do Sul, por isso queremos dedicar nosso tempo, nossa energia, nossos recursos para esse fim.
Diálogo: Que tipo de resultados vocês estão visando para esse próximo ano, considerando o ambiente da COVID-19?
C Alte Aiken: Nós realmente queremos tentar operacionalizar nossas forças esse ano e operacionalizar nosso trabalho com nossos parceiros. Neste momento, certamente a COVID tem sido um desafio, mas uma das coisas que queremos fazer é continuar sendo capazes de fazer todas as coisas que fizemos no passado e não deixar a COVID interferir em nós. Vamos ser prudentes nas ações que tomarmos. Uma das coisas que eu destacaria é o UNITAS [exercício] que fizemos em 2021 com o Peru; foi significativo, pois cerca de 20 países participaram e nós estávamos bem na hora de terminar ou não terminar na última parte da pandemia e houve muitos desafios. Uma das coisas que pudemos fazer trabalhando com nossos parceiros e aliados foi simplesmente executar esta missão, em terra, no ar e no mar.
Diálogo: Qual é a sua maior preocupação com relação à segurança marítima regional?
C Alte Aiken: Temos alguns atores malignos, algumas pessoas que não fazem parte da vizinhança que querem tentar influenciar em nossas redondezas. Acho que quando trabalhamos juntos, podemos realizar coisas incríveis. Acho que há pessoas que não querem que trabalhemos juntos, e essa é provavelmente uma das minhas maiores frustrações.
Diálogo: Como a USNAVSO/4THFLT coopera com as marinhas da região para combater as ameaças à segurança marítima?
C Alte Aiken: Penso que uma das coisas de que mais me orgulho é o fato de termos construído relacionamentos; construímos habilidades; construímos parcerias nos mares. Ouvi há alguns anos do chefe da Marinha ucraniana que “a terra nos divide, mas o mar nos une” e acho que isso realmente chega à sua pergunta – o fato de que podemos trabalhar juntos, podemos compartilhar informações e conhecimentos para superar algumas das ameaças à segurança que todos nós enfrentamos.
Diálogo: Que tipo de intercâmbio a USNAVSO/4THFLT realiza com as nações parceiras para construir as capacidades de controle marítimo, segurança marítima e assistência humanitária de suas forças navais?
C Alte Aiken: Buscamos uma série de coisas aqui na USNAVSO combinadas com o SOUTHCOM para construir as coisas de que falamos. Especificamente, fazemos exercícios como o UNITAS, que o Brasil vai sediar em 2022, e agora mesmo a Colômbia está programada para sediar esse exercício em 2023. Também fazemos Caraibes com várias nações de ambos os lados do Atlântico, que é um exercício de ajuda humanitária em casos de desastre. Fazemos o PANAMAX, que é um exercício para a defesa do Canal do Panamá, e também fazemos o Tradewinds. Também realizamos palestras com o pessoal marítimo, que é uma oportunidade para falarmos de marinha para marinha e para irmos atrás das coisas específicas e dos desafios que temos que trabalhar. Também fazemos o que chamamos de “exercícios de passagem”, que é uma oportunidade para construirmos algum tipo de habilidade bilateral e multilateral com diferentes nações. Fazemos alguns exercícios de assistência humanitária, ajuda em catástrofes e interdição marítima que nos dão a oportunidade de praticar, para que quando algo acontecer, como aconteceu no ano passado [terremoto de 2021] no Haiti ou com os furacões em anos anteriores, tenhamos uma equipe unida que seja capaz de responder.
Diálogo: Como a USNAVSO/4THFLT pode ajudar as forças navais regionais a fortalecer sua capacidade de sincronizar operações e inteligência no domínio marítimo?
C Alte Aiken: Penso que a coisa mais importante que podemos fazer é construir confiança com nossos parceiros. Temos que trabalhar juntos; temos que entender quem são nossos parceiros, o que é importante para eles, quais são suas prioridades e, então, acho que há algumas ferramentas que podemos usar como CENTRIXS e SeaVision. Também podemos voltar àqueles exercícios onde reconstruímos conjuntos de habilidades que nos permitem crescer juntos e aprender juntos ao mesmo tempo.
Diálogo: O senhor acha que os países da região deveriam reforçar suas capacidades navais para combater a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada?
C Alte Aiken: Acho que o mais importante nesta situação é enfrentar a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada. Não me cabe realmente dizer especificamente se um país deve aumentar a quantidade de dinheiro que ele gasta com isso. Acho que só temos que reconhecer que é um problema que afeta nossa economia, que afeta a todos nós a longo prazo por causa do abastecimento. Acho que temos que dedicar os recursos certos para enfrentar esse desafio.