A Colômbia tem a maior extensão de cultivo de coca do mundo, com 143.000 hectares de lavoura da principal matéria-prima da cocaína. Dos 20 estados colombianos onde se identificam as plantações ilícitas, o Norte de Santander, situado na fronteira com a Venezuela, é aquele com a maior área de plantio: cerca de 40.000 hectares.
Esses números constam no Monitoramento de Territórios Afetados por Plantações Ilícitas, documento publicado anualmente pelo Gabinete das Nações Unidas para Drogas e Crime (UNODC) na Colômbia, no quadro do projeto Sistema Integrado de Monitoramento de Culturas Ilícitas (SIMCI). Os dados refletem a realidade observada em 2020 e foram divulgados em julho de 2021.
O estudo aponta que, durante os últimos cinco anos, consolidou-se uma tendência de concentração das lavouras de coca, principalmente nas áreas de fronteira e nas áreas estratégicas para o tráfico de cocaína. De acordo com o relatório, quando essa concentração se estabiliza por quatro anos ou mais, um enclave produtivo é estabelecido. Existem atualmente nove enclaves na Colômbia, que ocupam 16 por cento do território afetado pelo plantio de coca e contêm 40,5 por cento da coca produzida.
Mais cocaína em menos área
Os dados do relatório do UNODC-SIMCI demonstram uma redução de 7 por cento na extensão territorial ocupada pela coca na Colômbia: 154.000 hectares em 2019 contra 143.000 em 2020. De um ano para o outro, apenas quatro estados – dos 20 afetados pelos chamados narcocultivos – tiveram um aumento significativo na área semeada.
No entanto, enquanto o tamanho das zonas semeadas diminuiu, a capacidade de obtenção de cocaína por hectare se reforçou. Essa tendência vem sendo observada desde 2016. De 2019 para 2020, o acréscimo no potencial de produção da droga na Colômbia foi de 8 por cento.
“Foi identificado que os laboratórios de produção de cloridrato de cocaína estão ficando maiores e contam com maior eficiência na conversão, no uso de produtos químicos, no tempo de processamento e na contratação de pessoal”, afirma o estudo.
Combate ao crime
O relatório estima que a produção da folha gere cerca de US$ 450 milhões ao narcotráfico, mas a matéria-prima transformada em cocaína e exportada aumenta esse valor para cerca de US$ 1,8 bilhão.
A estratégia do governo de reduzir à metade o território cultivado com coca até 2023 tem esbarrado com a insurgência de diferentes grupos armados ilegais que estão atuando para dominar as regiões controladas anteriormente pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, que assinou um acordo de paz com a Colômbia em 2016.
Dados do Ministério da Defesa Nacional mencionados no estudo da UNODC demonstram que houve um salto de 35 por cento no número de crimes contra a segurança pública nos últimos quatro anos em toda a Colômbia.