Diálogo se reuniu com o General de Exército Manuel Jesús Martín Gómez de la Torre Araníbar, chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas do Peru (CCFFAA), para conversar sobre os avanços militares na luta contra as organizações criminosas.
Diálogo: Quais são as suas principais metas como chefe do CCFFAA?
General de Exército Manuel Jesús Martín Gómez de la Torre Araníbar, chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas do Peru: Entre as metas previstas está a de reduzir ao mínimo os remanescentes do PCP-MLM [Partido Comunista do Peru Marxista-Leninista-Maoísta], que se estabeleceram no vale dos rios Apurímac, Ene e Mantaro (VRAEM), bem como romper sua aliança com o narcotráfico. Também focamos na participação militar no sistema de gestão de risco de desastres, para manter nosso apoio ao bem da nação, o que demonstramos em ações como quando disponibilizamos a infraestrutura necessária para o transporte de vacinas e campanhas de imunização contra a COVID-19. Outra de nossas prioridades é incrementar nossa participação nas operações de paz no exterior.
Diálogo: Qual é o balanço das operações na região do VRAEM sobre a luta contra o terrorismo e outras atividades ilícitas?
Gen Ex Gómez de la Torre: Nosso balanço é significativo e positivo a favor das FFAA [Forças Armadas] e do Estado, pois realizamos operações militares com o Comando de Inteligência de Operações Especiais (CIOEC, em espanhol) e com o Comando Especial VRAEM (CEVRAEM), para neutralizar os criminosos terroristas na denominada “zona dura” e manter sob controle essa ameaça. Conseguimos isolar os terroristas de suas bases de apoio. Por um lado, o CIOEC realizou 14 operações mais importantes no início de novembro de 2021, entre elas a Operação Auqui, onde foi desorganizada uma parte das forças de produção da organização terrorista e neutralizado o terrorista Fernán, e a Operação Challhuamayo sobre um acampamento estratégico na zona de Pampa Aurora, quando três terroristas foram neutralizados.
Quanto ao apoio à Polícia Nacional do Peru (PNP) na luta contra o tráfico de drogas entre Atalaya e Echarate, foram desativadas 36 pistas de pouso não autorizadas e mais de 2 toneladas de cloridrato de cocaína e grandes quantidades de insumos químicos foram fiscalizadas. O CEVRAEM realiza diariamente e com maior intensidade a consolidação do controle territorial nos lugares-chave do VRAEM, levando a presença do Estado às rotas de saída da zona dura em Pupacolpa, Sanabamba, Huarcatán e Putis, entre outros lugares essenciais, além dos distritos de Canayre e Vizcatán del Ene, para negar ao narcotráfico qualquer tipo de vantagem em sua atividade ilegal.
Diálogo: Que novas tecnologias utilizam para combater o terrorismo no VRAEM?
Gen Ex Gómez de la Torre: Fomos capazes de adaptar novas tecnologias que facilitam o sucesso das operações, como o emprego de drones, UAVs [veículos aéreos não tripulados, em inglês], radares, equipamentos optrônicos incorporados a aeronaves e recursos que nos permitem detectar as comunicações do inimigo.
Diálogo: Que tipo de cooperação interagencial realizam as FFAA e a PNP para combater o narcotráfico?
Gen Ex Gómez de la Torre: Nossos resultados positivos não seriam possíveis sem a nossa integração com a PNP e a articulação de agências estatais, como a Comissão Nacional para o Desenvolvimento e Vida sem Drogas e a Superintendência Nacional de Aduanas e Administração Tributária, entre outras. Por sua vez, os comandos operacionais realizam reuniões com seus respectivos homólogos do Equador, Colômbia, Brasil e Bolívia, respectivamente, os quais são responsáveis pela área de fronteira comum e intercambiam informações de inteligência militar e policial sobre as organizações nacionais com vínculos internacionais, dedicadas ao tráfico ilícito de drogas e outras ameaças.
Diálogo: Qual é a contribuição da experiência das FFAA nas missões de paz das Nações Unidas?
Gen Ex Gómez de la Torre: Nossos militares têm sido destacados desde 1958 para contribuir para as operações de manutenção da paz. Atualmente, participamos da Missão Multidimensional Integrada de Estabilização das Nações Unidas na República Centro-Africana, conhecida como MINUSCA, que realiza tarefas de construção e manutenção de aeródromos e, em resposta às necessidades da missão, colabora com reparos e manutenção de estradas e pontes. Ali temos 13 oficiais de Estado-Maior e 18 observadores militares, dos quais 33 por cento são mulheres, e contamos com uma companhia de engenharia com 204 integrantes, dos quais 10 por cento são mulheres.