Diálogo entrevistou o General de Exército da Colômbia Luis Fernando Navarro Jiménez, comandante geral das Forças Militares, durante a Conferência de Segurança Centro-Americana 2021, realizada na Cidade do Panamá, nos dias 22 e 23 de junho.
Diálogo: Quais são as ameaças provenientes da Venezuela, incluindo o crescente fluxo do narcotráfico que afeta a estabilidade e a segurança da Colômbia?
General de Exército da Colômbia Luis Fernando Navarro Jiménez, comandante geral das Forças Militares: Compartilhamos com a Venezuela mais de 2.219 quilômetros de fronteira terrestre, uma área que é muito porosa e, infelizmente, onde são praticadas muitas atividades ilegais, como o narcotráfico, o tráfico de migrantes, o contrabando e o tráfico de armas, por parte do ELN [Exército de Libertação Nacional], das dissidências das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, do Clã do Golfo e de Los Caparros. Para combater o crime organizado transnacional nessa região, precisamos da cooperação binacional, pois vimos que as regiões de fronteiras com a Venezuela se transformaram em áreas de retaguarda dos grupos criminosos colombianos. No entanto, as autoridades do regime venezuelano não combatem esses grupos.
Diálogo: Qual é o enfoque das Forças Militares da Colômbia sobre os direitos humanos e o Direito Internacional Humanitário, que fazem parte do plano da política de educação da Força Pública?
Gen Ex Navarro: A questão dos direitos humanos e do direito internacional humanitário é um dos nossos principais bastiões. Nosso centro de gravidade é a legalidade e a legitimidade, princípios que traçam nosso rumo na forma como são realizadas as operações militares, e interagimos com a população civil. Essa política fundamental já vem de muitos anos, pois o soldado, por essência, aprende a proteger seus semelhantes e a respeitar seus adversários.
Temos certificações nesse campo e programas que são revisados periodicamente, e isso é o que nos torna uma força defensora e respeitadora dos direitos humanos, cumpridora do direito internacional humanitário. Essa é uma regra de ouro para as Forças Militares da Colômbia.
Diálogo: Que tipo de cooperação a Colômbia mantém com os Estados Unidos em termos de inteligência e ciberdefesa?
Gen Ex Navarro: A cooperação em termos de inteligência nos ajuda a combater o crime organizado transnacional e as economias ilícitas. Nesse sentido, realizamos treinamento, capacitação e intercâmbio de doutrina não classificada, o que é muito importante para os dois países. Da mesma forma, realizamos intercâmbios das lições aprendidas e das boas práticas, respeitando cada uma das legislações e as normas dos dois países.
A cooperação dos EUA quanto à ciberdefesa é muito importante do ponto de vista de capacidade e diagnósticos, porque ela nos permite determinar nossas capacidades nessa área para melhorar nossas tecnologias, de forma a garantir a proteção do Estado colombiano, seus recursos e sua infraestrutura.
Diálogo: Foram realizadas seis edições da Campanha Naval e Fluvial contra o Narcotráfico Orión. Quais são os resultados dessa campanha?
Gen Ex Navarro: a Operação Orión é uma demonstração clara do que é a cooperação internacional na luta contra o narcotráfico. Há um grande esforço e uma vontade coletiva entre os mais de 37 países que integram suas capacidades para um objetivo comum. As máfias internacionais de narcotraficantes sentiram os resultados da Orión porque há capturas, redes são desarticuladas, são feitas apreensões de cloridrato de cocaína, maconha, pasta base de coca e insumos químicos. Essa operação é uma grande experiência que fortalece e une os países que dela participam.