As Forças Armadas da Argentina se uniram à mobilização nacional de prevenção e combate ao coronavírus para fazer frente a um potencial pico da infecção. O Ministério da Defesa decidiu criar 14 Comandos Conjuntos de Zonas de Emergência e 10 forças-tarefas em todo o território.
Os militares também prestam apoio logístico às forças de segurança e realizam tarefas de ajuda humanitária, distribuição de alimentos e assistência médica à população.
“Temos a totalidade da capacidade das Forças Armadas e seus 90.000 homens destinados a participar, de diferentes maneiras, do combate contra a pandemia do coronavírus”, disse à imprensa o ministro da Defesa da Argentina, Agustín Rossi.
No dia 24 de março, Rossi ordenou que fossem alistados todos os 15 hospitais militares do país para atender a uma possível emergência sanitária. Até mesmo os membros reformados de até 60 anos e que não estejam no grupo de risco poderão ser convocados, informou o Ministério da Defesa em um comunicado.
Helicópteros da Força Aérea e do Exército patrulham a Área Metropolitana de Buenos Aires, que concentra 70 por cento dos casos, para alertar as forças de segurança sobre violações à quarentena obrigatória decretada pelo governo. Embora a maioria da população tenha acatado as ordens da presidência de se manter em casa, muitos ainda violam a norma – um crime passível de prisão.

Exército destaca hospital
O Exército Argentino montou o Hospital Militar Móvel (HMR, em espanhol) na localidade de Campo de Mayo, na província de Buenos Aires, para ampliar a assistência médica. O HMR conta com tendas e contêineres que oferecem os primeiros socorros, cirurgia e internação. A Força Aérea também deslocará seu HMR, que foi essencial na assistência ao Haiti, após o terremoto de 2010.
O setor militar de costura, que normalmente confecciona uniformes, passou a produzir máscaras (que estão escassas nas farmácias) e lençóis para os centros cirúrgicos. Além disso, o Laboratório Farmacêutico Conjunto das Forças Armadas duplicou para 2.500 litros semanais a produção de álcool em gel, outro artigo que está em falta.
Os militares também cooperam para trazer de volta parte dos cerca de 30.000 argentinos que estão no exterior desde que a pandemia foi declarada. No dia 21 de março, dois aviões Hércules C-130 da Força Aérea voaram ao Peru para repatriar 140 argentinos e levar outros 140 peruanos que estavam na Argentina.
A Marinha distribui alimentos
Os militares da Área Naval Austral entregaram alimentos aos vizinhos de Ushuaia, no extremo sul da Argentina, em uma operação organizada pelo 14º Comando da Zona de Emergência. Os militares distribuíram 800 sacolas de comida em refeitórios e casas, para que se cumpra o isolamento social, informou a Marinha em um comunicado.
Como medida preventiva devido à COVID-19, o navio ARA Islas Malvinas está ancorado antes de entrar na Base Naval Porto Belgrano. A tripulação, que finalizou a Patrulha Antártica Naval Combinada com a Marinha do Chile, quer assegurar-se de que não é um vetor de contágio.
Zonas de fronteira
As Forças Armadas também prestam apoio logístico à Gendarmaria, que patrulha as regiões de fronteiras. O governador da província de Salta, Gustavo Saenz, solicitou ao presidente Alberto Fernández que autorizasse também a participação dos militares no controle das “quase 30 passagens ilegais” na fronteira com a Bolívia, para impedir a entrada do vírus.
“A Gendarmaria não conta com recursos humanos suficientes devido às dimensões dessa fronteira”, disse Saenz, em um vídeo no YouTube. “Senhor presidente, necessitamos do Exército nas ruas. Necessitamos do Exército nas fronteiras, garantindo que ninguém entre no país.”