A Capitã María Belén Jara Lovera é a primeira mulher da Força Aérea Paraguaia (FAP) a completar o treinamento de piloto aviador militar na Base Aérea de Columbus, Mississippi, sob o Programa de Liderança na Aviação (ALP) da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF).
Seu treinamento começou em maio de 2011, quando viajou para os Estados Unidos para fazer o curso de inglês no Instituto de Idiomas de Defesa (DLI), em San Antonio, Texas, e um ano depois mudou-se para Columbus, para iniciar seu ALP. Em 2013, ela retornou ao Paraguai com seu certificado de piloto.
A Cap Jara conversou com Diálogo sobre sua experiência internacional.
Diálogo: A senhora é a primeira mulher da Força Aérea Paraguaia a completar o ALP. Como foi essa experiência?
Capitã María Belén Jara Lovera, da Força Aérea Paraguaia: Quando recebi a notícia de que iria viajar para os Estados Unidos para fazer o curso do ALP, fui dominada por uma imensa alegria, o que se tornou uma grande preocupação, quando descobri que eu era a primeira mulher do meu país a ser indicada para fazer o mencionado curso; a partir daquele momento, minha vida tomou uma guinada de 180 graus, já que eu estava ciente da responsabilidade que esta indicação implicava. No entanto, não podia decepcionar a confiança dos meus superiores e esta oportunidade se tornou um desafio pessoal e profissional e hoje sou piloto aviador militar.
Diálogo: O que pode destacar quanto ao ALP para estudantes estrangeiros?
Cap Jara: O programa é importante porque facilita o desenvolvimento pessoal e profissional do indivíduo; não deixa nada ao acaso, é um programa meticulosamente projetado que fornece as ferramentas necessárias para ser um bom piloto.
Diálogo: A senhora participou do curso de inglês do DLI. Qual é o valor agregado desta capacitação?
Cap Jara: O curso de inglês proporcionou um acréscimo importante à minha carreira militar, pois facilitou o meu desempenho tanto em sala de aula, em teoria, como na prática, no terreno e em voo. Além disso, a maioria dos manuais técnicos para aeronaves e comunicações aéreas são em inglês. Graças ao DLI, pude ter acesso a cursos realizados no exterior que são ministrados nesse idioma.
Diálogo: Quais são os benefícios da interação entre instrutores e estudantes de nações parceiras?
Cap Jara: Ter interagido com instrutores e estudantes de outras nações me deu a possibilidade de conhecer pessoas com culturas e costumes diferentes dos meus e eu compartilhei com eles os costumes do meu país; posso dizer que construí amizades com as quais ainda hoje tenho contato.
Diálogo: Qual é sua responsabilidade como chefe de programação e projetos do Grupo Aéreo de Transporte Especial (GATE)?
Cap Jara: Como chefe de projetos, sou responsável por iniciar e promover todos os projetos de interesse para o GATE, um trabalho que faço sob a direção e supervisão do comandante do GATE e do escalão superior, e em coordenação com a Secretaria Técnica de Planejamento, que depende do Poder Executivo.
Diálogo: Como foi a experiência de voar no Cessna Grand Caravan (C-208) com o 571º Esquadrão Consultivo de Apoio à Mobilidade, parte do treinamento de Aviação de Assistência às Forças de Segurança (ASAv), que efetuou em setembro de 2022?
Cap Jara: Compartilhar o cockpit com colegas da USAF foi sem dúvida uma experiência única e inesquecível; foi a primeira vez que os componentes da USAF realizaram voos como tripulantes nas aeronaves militares de dotação da FAP. Isso permitiu que os pilotos de ambas as forças aéreas transferissem conhecimentos e experiências doutrinárias de cada uma delas.
Esse intercâmbio representa um valor agregado muito importante para os pilotos do GATE, pois graças a ele será possível fazer, se necessário, alguns ajustes dentro das operações realizadas pelas aeronaves C-208 dentro do GATE. Pessoalmente, isso me ajudou a lembrar a metodologia utilizada pela USAF em operações aéreas.
Diálogo: Neste intercâmbio com o esquadrão, realizaram missões de intercâmbio de experiências, para criar capacidades em operações de voo. Que lições de aprendizado pode compartilhar?
Cap Jara: Pessoalmente, é uma grande honra e, profissionalmente, é uma grande responsabilidade, porque os novos conhecimentos adquiridos durante o intercâmbio me obrigam a continuar elevando os parâmetros dentro das operações aéreas que realizamos no GATE. Aprendi novos conceitos e habilidades que irei colocar em prática em futuras missões que me sejam designadas.