Diálogo entrevistou o Major-Brigadeiro Mauricio Campuzano Núñez, comandante geral da Força Aérea Equatoriana (FAE), durante sua participação na Conferência Sul-Americana de Chefes das Forças Aéreas, realizada em Tucson, Arizona, de 4 a 8 de novembro.
Diálogo: Qual é a maior contribuição da FAE em seus 100 anos de existência?
Major-Brigadeiro Mauricio Campuzano Núñez, comandante geral da Força Aérea Equatoriana: A maior contribuição é ter cumprido nossa missão de defesa e soberania territorial. Apoiamos a população, em especial com nossa resposta humanitária frente às calamidades causadas pelos desastres naturais. Também contribuímos para o desenvolvimento socioeconômico do país e realizamos programas de ajuda social como Asas para a Alegria, Asas para a Saúde e Asas para a Educação.
Diálogo: Durante sua apresentação sobre a FAE, o senhor falou sobre a abertura das relações militares com os Estados Unidos. Quais são as novidades a esse respeito?
Maj Brig Campuzano: Retomamos todas as possibilidades de cooperação militar com os EUA e estamos muito satisfeitos com o que foi realizado até o momento. Por exemplo, retomamos o envio de pessoal ao colégio Interamericano de Defesa e hoje temos representação na Junta Interamericana de Defesa, bem como no Instituto de Cooperação para a Segurança Hemisférica e nos gabinetes de adidos militares. Em nível operacional, a FAE compartilha operações com as aeronaves P3 e AWACS dos EUA, que realizam um reconhecimento aeromarítimo em apoio à força naval. Futuramente contaremos com um radar para nos auxiliar a melhorar a vigilância aérea e marítima com sistemas de comunicação.
Diálogo: Qual foi a resposta do Sistema de Cooperação das Forças Aéreas Americanas (SICOFAA) à solicitação de ajuda depois que o terremoto de magnitude 7,8 atingiu o Equador em 2016, deixando mais de 650 mortos e 16.000 feridos?
Maj Brig Campuzano: Nós fomos a primeira força aérea que ativou o SICOFAA, ao solicitar essa ajuda de emergência. Sua resposta foi imediata ao nosso pedido de ajuda humanitária, com alimentos, medicamentos, equipes de resgate e transporte aéreo. Além disso, a FAE esteve presente no SICOFAA desde que se consolidou. Nossa participação tem sido muito ativa e estamos presentes na Conferência de Chefes das Forças Aéreas Americanas, conhecida como CONJEFAMER.
Diálogo: As organizações de narcotraficantes criaram novas rotas de drogas em seu país?
Maj Brig Campuzano: O Equador não é um país produtor de drogas e seu consumo é mínimo; no entanto, a grande quantidade de drogas que saem da Colômbia utiliza rotas equatorianas, que variam de forma constante. Por isso nós nos mantemos firmes nesse combate, que é uma responsabilidade direta da polícia, mas que apoiamos com o controle dos voos ilícitos, pois assim que recebemos informação sobre um voo ilegal, tentamos interceptar a aeronave, para obrigá-la a aterrissar.
Diálogo: Quais são os resultados dos exercícios combinados de interdição aérea Andes I e Andes II entre o Equador e a Colômbia?
Maj Brig Campuzano: Esses exercícios têm como missão fortalecer as estratégias da luta contra o narcotráfico na fronteira e seu objetivo principal é a transferência de um voo ilícito no momento em que tenta ultrapassar nossa fronteira. Durante o exercício, nossos aviões simulam a interdição de aeronaves ilegais e as obrigam a aterrissar. Se o objetivo não for alcançado, a ideia então é que a força aérea do país vizinho aguarde as aeronaves do outro lado da fronteira para capturá-las. Esses exercícios também se concentram na atualização dos procedimentos e na padronização das táticas, para obter uma comunicação efetiva, e têm alcançado excelentes resultados no preparo de nosso pessoal quanto a essa questão. Por isso, queremos continuar realizando exercícios e planejando novos com os países vizinhos, tal como se pretende fazer no primeiro semestre de 2020 com o Peru.