O Tenente Brigadeiro do Ar Juan Pablo Paredes González, comandante da Força Aérea Paraguaia (FAP), conversou com Diálogo durante sua participação na Conferência Sul-Americana de Chefes das Forças Aéreas, realizada em Tucson, Arizona, entre os dias 4 e 8 de novembro de 2019.
Diálogo: Qual é o seu principal desafio como comandante da FAP?
Tenente Brigadeiro do Ar Juan Pablo Paredes González, comandante da Força Aérea Paraguaia: Eu tenho duas prioridades fundamentais: o máximo de profissionalização dos recursos humanos da instituição e ao mesmo tempo conseguir obter novos meios aéreos.
Diálogo: Qual é a importância de sua participação na Conferência Sul-Americana de Chefes das Forças Aéreas?
Ten Brig Ar Paredes: Existem crimes transnacionais que afetam todas as nações e, nesse sentido, essa conferência é fundamental para enfocar os mecanismos de cooperação e intercâmbio de conhecimentos, o que só é possível através da interação com os chefes das forças aéreas da região, porque juntos podemos ajudar a solucionar os problemas comuns.
Diálogo: Durante sua apresentação sobre as capacidades da FAP, o senhor mencionou o controle do tráfego aéreo para evitar os voos ilícitos. Que tipo de ações são realizadas para esse fim?
Ten Brig Ar Paredes: Nós participamos das ações de tráfego aéreo para combater os voos ilícitos que partem do Paraguai ou que chegam de países da região. Para isso, contamos com dois radares táticos primários de curto alcance, embora eles não tenham suficiente alcance para que possamos cobrir todo o território nacional. Nossos radares nos permitem obter informações atualizadas sobre os voos irregulares que atravessam nosso espaço aéreo, especialmente nos setores onde esses voos são constantes, e também trabalhamos em colaboração com a Direção Nacional de Aeronáutica Civil. Atualmente, buscamos algumas opções para comprar dois radares primários e colocá-los em pontos estratégicos do país, para que a cobertura seja maior e mais eficaz.
Diálogo: Como é feita a transferência de informações com os países vizinhos, especialmente com a Argentina, o Brasil e a Bolívia?
Ten Brig Ar Paredes: A transferência de informações faz parte do programa Céu Guarani Soberano (Cielo Guaraní Soberano), que nos permite melhorar o controle não letal do espaço aéreo e combater o tráfico e o transporte de ilícitos, no qual estão envolvidas diversas instituições estatais, como o Ministério Público, a Polícia Nacional e a Secretaria Nacional Antidrogas. Essa transferência de informações é realizada de acordo com convênios específicos internacionais firmados pelos governos dos países participantes. Não temos radares primários de longo alcance, mas utilizamos a informação que Brasil, Argentina e Bolívia nos fornecem para processá-la no Centro de Vigilância Aérea, podendo dessa maneira realizar nossa interceptação ou interdição aérea ao narcotráfico ou a outras atividades ilícitas, com os meios aéreos de que dispõe a FAP. Esses convênios de transferência de informações com os países vizinhos nos trouxeram resultados positivos na luta contra o narcotráfico e outros crimes transnacionais.
Diálogo: Como a FAP se prepara para enfrentar as situações de ajuda humanitária?
Ten Brig Ar Paredes: O Paraguai conta com a Secretaria de Emergência Nacional, com a qual estão envolvidos vários órgãos do Estado e onde as Forças Armadas têm um papel primordial, pois no momento em que se declara uma emergência, todos nós colocamos à disposição nossas capacidades, para atuar tanto com os recursos humanos como com os meios disponíveis. A FAP tem um papel particularmente muito importante, porque, por exemplo, em casos de inundações, na maioria das vezes, a única maneira de se chegar o mais rápido possível para prestar assistência aos cidadãos em situação de emergência são os meios aéreos, seja para evacuação, prestar assistência médica ou levar alimentos.