O Tenente Brigadeiro do Ar Ramsés Rueda Rueda, comandante da Força Aérea Colombiana (FAC), conversou com Diálogo durante a sua visita à Força-Tarefa Conjunta Interagencial Sul (JIATF Sul) nas instalações da Base Aeronaval em Key West, Flórida.
Diálogo: Como foi a evolução das capacidades da FAC na luta contra o narcotráfico?
Tenente Brigadeiro do Ar Ramsés Rueda Rueda, comandante da Força Aérea Colombiana: A FAC construiu suas capacidades com o apoio do governo dos EUA. Há 30 anos, a instituição começou a criar um sistema de defesa aérea, quando começou a utilizar radares militares e plataformas norte-americanas. Desde 2003, sob o programa de Negação à Ponte Aérea do Narcotráfico (ABD, em inglês), um acordo entre a Colômbia e os Estados Unidos, nós começamos a operar plataformas de monitoramento de maneira autônoma e integramos a informação de radares militares e civis.
Hoje temos um sistema amplo e robusto que nos permite controlar a maior parte do espaço aéreo colombiano e contribuir para a estratégia de interdição aérea com os EUA, e somos eficientes na detecção, localização, identificação e interceptação de aeronaves do narcotráfico. Utilizamos altos padrões operacionais, produto do treinamento e da experiência adquiridos, e criamos acordos de cooperação com outros países do continente que se somam ao esforço de interdição.
Diálogo: Como é a atual dinâmica do tráfico de entorpecentes por via aérea e o que a FAC faz para combatê-lo?
Ten Brig Ar Rueda: No passado, antes de começarmos a trabalhar a estratégia de interdição com os Estados Unidos, mais de 600 aeronaves sem plano de voo, supostamente a serviço do narcotráfico, utilizavam o espaço aéreo colombiano. Desde que integramos nossos radares e plataformas com os Estados Unidos, conseguimos reduzir esse número em 99,9 por cento.
Nos últimos anos, vimos o deslocamento desses voos além dos limites do nosso território, mas a atividade continua ligada a grupos armados organizados, quadrilhas criminosas e terroristas que permanecem no país. Os narcotraficantes realizam suas operações fora do espaço aéreo colombiano para escapar ao efetivo controle do sistema de defesa aérea. Essa mudança em sua dinâmica nos levou a reavaliar a estratégia na luta contra o narcotráfico e expandimos nossas capacidades para os espaços aéreos das nações parceiras, com as quais mantemos acordos de cooperação que nos permitem fazer sinergia e desenvolver operações combinadas, para continuarmos enfrentando essa ameaça transnacional dentro e fora de nossas fronteiras.
Diálogo: Como tem sido a contribuição da FAC na luta contra o narcotráfico na Colômbia e na região?
Ten Brig Ar Rueda: Combatemos diretamente esse flagelo sob o ABD. Também compartilhamos nossa experiência com países da região, para que eles aperfeiçoem suas técnicas, táticas e procedimentos, e sintonizamos a coordenação para combatermos juntos esse fenômeno. Ao mesmo tempo, colocamos nossas capacidades à disposição de nossos aliados, para que possamos integrá-las e trabalhar em equipe nessas operações. Por exemplo, com a Guatemala e a República Dominicana, realizamos um trabalho intenso de inteligência, treinamento e operações combinadas.
Diálogo: Que tipo de cooperação existe entre a FAC e o Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM)?
Ten Brig Ar Rueda: A Colômbia e os Estados Unidos sempre tiveram uma forte e estreita relação no campo político, militar e comercial. Nosso país tem sido receptor responsável da ajuda proveniente dos EUA, que consideramos um grande aliado; juntos construímos importantes capacidades com essa ajuda materializada em equipamentos, tecnologia, treinamento, inteligência etc. e sob os mesmos princípios, como o respeito ao direito internacional humanitário e aos direitos humanos. No âmbito dessa corresponsabilidade mantemos essa estreita relação de trabalho com o SOUTHCOM na estratégia contra as drogas.
Diálogo: Como a FAC se prepara para apoiar a região no caso de calamidades de desastres naturais?
Ten Brig Ar Rueda: A Colômbia é um país com um grande sentido humanitário; esteve presente no Haiti, Chile, Peru e México durante desastres naturais e socorreu outros países em situações de emergência. O mais importante não é o que pudemos fazer por eles, mas sim o que poderíamos fazer todos juntos na região, para nos apoiarmos mutuamente.
A FAC vem promovendo o exercício operacional Ángel de los Andes, um treinamento com enfoque humanitário, atividade que fundiremos com o exercício Cooperação VII, organizado pelo Sistema de Cooperação entre as Forças Aéreas Americanas, onde os países membros disponibilizam suas capacidades para atender a emergências no hemisfério ocidental.
No Ángel de los Andes, simularemos um terremoto e um tsunami, trabalhando em diferentes cenários do país, com o objetivo de alcançar altos padrões em comunicações, integração de capacidades e resposta efetiva para responder a qualquer situação de desastre ou calamidade que afete um ou vários países do hemisfério.