O Tenente-Brigadeiro do Ar Ramsés Rueda Rueda, comandante da Força Aérea Colombiana (FAC), conversou com Diálogo durante sua visita em maio de 2021 às Forças Aéreas Sul dos EUA/12ª Força Aérea (AFSOUTH, em inglês) para o encerramento do Red Flag-Rescue, um exercício de busca e resgate de combate de primeiro nível. O exercício, que contou com a participação da FAC junto com a Alemanha e a França, foi realizado na Base da Força Aérea Davis-Monthan, em Tucson, Arizona.
Diálogo: A FAC existe há 102 anos e tem uma nova missão institucional planejada até 2042. Qual é a importância dessa nova missão?
Tenente-Brigadeiro do Ar Ramsés Rueda Rueda, comandante da Força Aérea Colombiana: O mundo está mudando rapidamente, as ameaças estão crescendo e algumas delas persistem. Há ameaças que estão surgindo no continente; isso requer que as democracias da região nos unamos, tornemo-nos mais fortes e enfrentemos essas ameaças juntos.
A Força Aérea Colombiana, para [trabalhar] com potências como os Estados Unidos, que têm sido nossos grandes aliados de toda a vida, precisa ser interoperável. E, para ser interoperável, é preciso primeiramente haver uma estratégia, e a estratégia parte de reformular nossa missão e reformular a visão institucional da força aérea. Nós traçamos o objetivo de modernizar nossa força e estamos pensando como seria a nossa força em 2042.
Por isso, uma visão institucional deverá ser interoperável, mas também se considera a inovação como um dos fatores-chave para o desenvolvimento da força. Fala-se da aquisição de novos equipamentos e da construção de uma capacidade que seja dissuasiva, que seja real, que seja verossímil, mas, principalmente, que seja sustentável.
Diálogo: O senhor disse que a FAC procura se tornar uma “referência e preferência internacional”. Quais são as estratégias realizadas para que se chegue a essa projeção?
Ten Brig Ar Rueda: Para ser uma referência é preciso exercer liderança, e a liderança se constrói sobre a capacidade de adquirir novos equipamentos, melhores padrões ou melhor treinamento, para tornar visíveis as capacidades existentes. Mas também é preciso haver uma liderança capaz de atrair disposição, uma liderança que seja capaz de integrar essas capacidades na região, e uma liderança que nos permita trabalhar juntos.
Para nós, é importante atrair essas disposições e exercer uma liderança na região, tomando a iniciativa para enfrentar essas ameaças. Assim sendo, acreditamos que, se conseguirmos unir todas essas disposições, poderemos ter uma grande sinergia e combater mais efetivamente essas ameaças que temos na região.
Não podemos fazer isso sozinhos, mas, graças aos anos de experiência que temos no combate às ameaças internas e às ameaças nacionais, podemos compartilhar experiências. Podemos ajudar outros países a reconstruir suas capacidades, ou a incrementar suas capacidades e, obviamente, sob nossa liderança, poderemos combater tudo isso.
Diálogo: O que significa para a FAC essa participação no Red Flag-Rescue?
Ten Brig Ar Rueda: Nossa primeira participação nesses exercícios foi em 2012, quando estivemos no Red Flag com as aeronaves Kafir, com dois aviões-tanques de que dispúnhamos na ocasião; esse foi o início de uma estratégia de construção de capacidades, construção de padrões, de nos tornarmos mais interoperáveis. Depois de uma série de exercícios que realizamos nos EUA, viemos novamente para participar, agora com um A-29 e com nosso avião de guerra eletrônico.
O objetivo de nossa visita é treinar outras tripulações que não tiveram essa oportunidade, bem como alcançar os padrões de que necessitamos, tornar-nos mais interoperáveis com outros equipamentos, começar a explorar as capacidades de guerra eletrônica que temos, integrá-las a essas outras capacidades que temos com os A-29, para que possamos participar efetivamente de um resgate de tripulações afetadas em um combate, por exemplo.
Entretanto, além disso é preciso elevar nossos padrões e nossas técnicas, táticas e procedimentos, para que não apenas possamos continuar enfrentando as ameaças no país, mas que também possamos nos unir aos Estados Unidos para enfrentar outros agentes existentes na região, agentes que são malignos competidores, e continuar combatendo as ameaças internacionais, como o narcotráfico.
Diálogo: Que tipos de operações combinadas realiza a FAC para enfrentar o narcotráfico e as ameaças transnacionais dentro e fora do território nacional?
Ten Brig Ar Rueda: A Colômbia se preocupa em elaborar acordos de cooperação com os países da região. Temos acordos com os países vizinhos, com Equador, Peru, Brasil, Panamá, para treinar nossas tripulações, para treinar nosso pessoal, para podermos comunicar-nos melhor, para elevar os padrões. Mas, passamos de fazer treinamentos, como o fazemos também com países da América Central e do Caribe, a fazer operações combinadas, e as operações combinadas visam obter resultados. Os treinamentos elevam nossos padrões, mas as operações nos permitem realmente combater o inimigo.
Assim sendo, temos o firme propósito na Força Aérea Colombiana de continuar construindo acordos, para passar de fazer treinamentos a combater as ameaças e as ameaças transnacionais que estão afetando todos nós. Temos trabalhado muito arduamente com a Guatemala e obtivemos importantes resultados. Abalamos severamente o narcotráfico e estamos chamando a atenção de outros países para que trabalhemos juntos, fazendo operações combinadas, para que possamos criar realmente um escudo que seja invencível diante da quantidade de aeronaves que continuam a voar entre a América do Sul e a América Central, transportando cocaína.
Diálogo: A FAC realizará em agosto de 2021 o exercício operacional Ángel de los Andes. Qual é a importância desse exercício no âmbito nacional e internacional?
Ten Brig Ar Rueda: Depois de termos participado de exercícios nos EUA, onde viemos para aprender muito, os resultados começam a aparecer. Passamos de observadores a participantes dos exercícios, e agora lideramos os exercícios.
Este ano é a nossa vez de liderar um importante exercício que é Cooperação 7 Ángel de los Andes [onde] os dois se unem sob nossa liderança e com a participação de vários países da região, entre os quais os Estados Unidos, que sempre estiveram presentes como nossos aliados mais importantes. Realizaremos um exercício combinado na Colômbia em diferentes locações, onde simularemos duas situações complexas, um tsunami e um terremoto; e todos juntos ajudaremos a solucionar essa situação.