A exposição e o congresso internacional de defesa marítima da América Latina, ExpoNaval 2022, foi realizada no porto de passageiros de Valparaíso, Chile, entre 29 de novembro e 2 de dezembro de 2022. O evento é um dos maiores encontros da indústria naval e de defesa da América Latina, e contou com um programa repleto focado na inovação e no desenvolvimento naval e marítimo.
“O século 21 é eminentemente marítimo: nossa prosperidade depende dos oceanos, onde fluem o comércio, os dados, através de cabos submarinos, e a energia, através de dutos, os quais são também uma fonte de recursos biológicos. Sua saúde é primordial para a sobrevivência do planeta […]”, disse à Diálogo Juan Pablo Toro, analista de defesa, diretor executivo do think tank chileno Athenalab, e moderador da Exponaval 2022. “Há países que podem explorar este domínio marítimo de forma positiva, o que implica direcionar recursos através do desenvolvimento de indústrias, infraestrutura e forças de segurança relacionadas ao mar.”
A Exponaval 2022 reuniu as marinhas de 35 países, assim como expositores e empresas especializadas em tecnologia, segurança, telecomunicações e estaleiros navais, entre outros. Todos apresentaram inovações e soluções tecnológicas em defesa naval e segurança marítima, com o tema central Os desafios para uma condição marítima no século XXI.

O evento contou com a presença do Contra-Almirante Lorin Selby, diretor do Escritório de Investigação Naval (ONR) da Marinha dos EUA; do Almirante de Esquadra (R) Michael Noonan, ex-comandante da Marinha da Austrália; de Bernadette Meehan, embaixadora dos EUA no Chile; e de professores do centro Royal United Services Institute, da Grã-Bretanha; entre outras autoridades. O saldo final de participantes foi de 5.000 pessoas.
Para promover esta condição marítima, o Vice-Almirante Pablo Niemann, diretor geral dos Serviços da Marinha do Chile, apresentou o Plano Nacional Contínuo de Construção Naval, que a Marinha chilena está promovendo para construir suas próprias embarcações no futuro. Os Astilleros y Maestranzas de la Armada (ASMAR), da Marinha do Chile, estão construindo atualmente um navio quebra-gelo, que será um dos mais modernos do mundo, segundo a Marinha do Chile. Depois construirá dois navios multipropósito com tecnologia de ponta, para missões de ajuda humanitária e de assistência em catástrofes, informou a Marinha em seu site.
“Estas unidades, que serão mais complexas em termos de tecnologia e design, servirão de prelúdio para que no futuro ASMAR […] construa fragatas para nossa Marinha”, explica o V Alte Niemann. “O Plano não só promoverá a indústria, mas também será uma injeção de oportunidades para o mundo acadêmico, gerará mais empregos e será uma contribuição relevante para a economia do Chile.”
“Devido à sua geografia, estrutura comercial [95 por cento marítima], tamanho de sua Marinha e presença tricontinental, o Chile tem condições de ser uma potência marítima, como era no século XIX”, acrescentou Toro. “Mas não o será enquanto não entender a importância do setor marítimo para o desenvolvimento e futuro do país, e estabelecer prioridades nesta área e assumir uma consciência marítima entre a população.”
A Marinha do Chile também apresentou o Desafío Avante 2022, uma iniciativa destinada a resolver problemas detectados pela Marinha do Chile através de empreendimentos de base científico-tecnológica, que podem se tornar fornecedores do setor de defesa e do mercado civil, e que tem o apoio do ONR.
“Somos muito gratos pelas boas-vindas à nossa Marinha e ao projeto de colaboração Desafío Avante”, disse a embaixadora Meehan pelo Twitter. “Foi uma honra participar da Exponaval 2022 e estou muito satisfeita de ver que as empresas americanas estão aproveitando esta prestigiosa feira para destacar nossas tecnologias de ponta no Chile e na região e que, ao mesmo tempo, [Desafío Avante] é uma vitrine da longa história de colaboração entre nossas marinhas.”
Toro salientou que marinhas como a chilena, norte-americana, britânica e francesa não apenas protegem seu território marítimo, mas também contribuem para a estabilidade dos teatros marítimos. Isto, com uma presença-chave para manter a boa ordem no mar, as linhas marítimas de comunicação abertas e afastadas dos atores maliciosos estatais e não estatais, explicou.
“Esta feira sempre nos permite agregar valor a uma série de processos que realizamos na Marinha do Chile. O fato de ser realizado no Chile permite que mais marinheiros possam participar e estejam cientes das últimas novidades tecnológicas”, concluiu o V Alte Niemann.