O ano de 2021 vai entrar para a história do Exército Brasileiro (EB), com a formatura da primeira turma de mulheres da tradicional Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), instituição com 210 anos de existência. Esse novo ciclo começou em 2018 com a inédita participação das mulheres entre os 414 novos cadetes oriundos da Escola Preparatória de Cadetes do Exército.
De acordo com o comandante da AMAN, General de Brigada do EB Paulo Roberto Rodrigues Pimentel, em 2021 completa-se um ciclo inédito de formação na AMAN. “A inserção das mulheres na linha combatente marca a valorização da mulher, em estreito alinhamento da nossa instituição com a sociedade”, disse o Gen Bda Pimentel à Diálogo.

Atualmente, na AMAN estudam 141 cadetes do segmento feminino nos quatro anos de ensino. “Das cerca de 450 vagas oferecidas no concurso anualmente, aproximadamente 10 por cento são destinadas às mulheres”, explicou o comandante da AMAN.
A Cadete Giovana Abrão Santos, uma das que irão se formar no final de 2021, revelou à Diálogo a expectativa ao iniciar o último ano de formação. “Como nos anos anteriores, as atividades operacionais se destacam dentre os desafios, já que carregam consigo fatores fisiológicos ainda pouco experimentados com o segmento feminino. Mas, apesar disso, acredito que o maior desafio seja provar a capacidade da mulher de trabalhar bem e honrar o espaço que temos conquistado”, destacou.
Para a cadete, que irá se formar no Quadro de Intendência do EB, ser uma das pioneiras do quadro feminino da AMAN é motivador, mas traz responsabilidades e cobranças. “Os desafios não fogem daqueles comuns a todos os cadetes e são enfrentados com o máximo de empenho, pois sabemos que a imagem da mulher combatente depende do nosso desempenho, o qual refletirá também nas próximas turmas que chegarem”, ressaltou.
As mulheres já integravam o efetivo do EB nas linhas de ensino científico-tecnológico, de saúde e complementar, desde 1992. “A realidade que se apresentará agora, a partir do final deste ano, será a inserção de oficiais do segmento feminino na linha combatente do Exército nos corpos de tropa”, revelou o Gen Bda Pimentel. “É uma mudança de paradigma até então vigente, oferecendo às mulheres a oportunidade de contribuir ainda mais com a Força Terrestre”, concluiu.