O governo dos Estados Unidos, através da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID), lançou o Projeto Bacia Alta do Rio Lempa, que beneficiará 180.000 pessoas em El Salvador, Guatemala e Honduras. O acordo foi feito em 27 de outubro no departamento salvadorenho de Chalatenango, declarou a Administração Nacional de Aquedutos e Esgotos de El Salvador em um comunicado.
A iniciativa será implementada em coordenação com a organização dos EUA Winrock International e o órgão regional Plano Trifinio, do Sistema de Integração Centro-Americana (SICA), com um investimento de US$ 13 milhões e uma duração de cinco anos, afirmou o SICA em um comunicado.
“Este é um grande projeto, porque são recursos importantes para a cooperação”, disse à Diálogo Liseth Hernández, secretária executiva trinacional do Plano Trifinio, em 8 de novembro. “Eles têm muito a ver com o gerenciamento de informações, aumentando a disponibilidade de dados e análise da qualidade da água para a tomada de decisões.”
Winrock ressaltou que a iniciativa melhorará a resiliência da Bacia Alta, impactando o bem-estar e a segurança hídrica dos habitantes de nove municípios dos três países, lançando as bases para a gestão de recursos hídricos essenciais para milhões de pessoas que dependem do rio Lempa e de seus sistemas transfronteiriços conectados.
Espera-se que os recursos hídricos sejam gerenciados de forma eficiente e equitativa, contribuindo para reduzir a poluição da água, aumentar os fluxos de água, além de reduzir os conflitos e a violência de gênero relacionados à escassez desse recurso, aumentando a segurança hídrica, a prosperidade, a resiliência climática e os ecossistemas cruciais, que são essenciais para a biodiversidade, disse o SICA.
“O projeto contribuirá para o fortalecimento das instituições territoriais”, acrescentou Hernández. “Implementará a gestão de políticas transfronteiriças, especialmente nos mecanismos de gestão da água, que é importante para os três países. Isto leva a outras questões de governança da água.”
Várias etapas
O projeto está atualmente em sua primeira etapa. Esta fase inicial tem a ver com a confirmação da área geográfica, questões técnicas e a participação de instituições, municípios e da sociedade civil transfronteiriça, nacional e local.
“Não tem a ver com limites geográficos, mas com uma abordagem da bacia. A abordagem da bacia não é apenas sobre a água; ela abrange território, pessoas, cultura; em outras palavras, uma abordagem multidimensional”, explicou Hernández. “Este projeto é mais um aliado […] para impulsionar os planos de desenvolvimento desta região.”
Posteriormente, será elaborado um plano de segurança hídrica e outros atores e mecanismos de financiamento serão identificados. Isto será seguido pela implementação de ações de segurança hídrica. Finalmente, o monitoramento, a avaliação e o ajuste do projeto a cada ano, de acordo com o progresso da iniciativa.
Bacia Alta
O Lempa é o rio mais longo da América Central. Sua bacia cobre uma área de 17.926 quilômetros quadrados, dos quais 55,1 por cento correspondem a El Salvador, 30,6 por cento a Honduras e 14,3 por cento à Guatemala, de acordo com a Comunidade Fronteiriça Trinacional do Rio Lempa.
A bacia possui uma grande variedade de ecossistemas que representam uma grande parte do patrimônio natural da América Central, abrigando milhares de espécies que precisam de um compromisso comum para garantir sua sobrevivência. A bacia está em crise, devido à exploração excessiva dos serviços que presta, à degradação de seus rios, florestas e áreas úmidas, disse online a Associação Mundial para a Água.
Para enfrentar os riscos aos recursos hídricos em uma área de aproximadamente 260.000 hectares da bacia, o projeto promoverá a restauração de ecossistemas e a conservação da biodiversidade, de acordo com o diário argentino La Nación. Além disso, o projeto procurará adaptar-se à mudança climática, noticiou online o jornal espanhol El Ágora diário del agua.
Projetos regionais
Além do Projeto Bacia Alta do Rio Lempa, a USAID trabalha com os governos da região, o setor privado e organizações locais para abordar os desafios regionais à prosperidade econômica, governança, segurança e meio ambiente e saúde, através do seu Programa Regional para a América Central e México.
Os projetos regionais da USAID incluem Biodiversidade Costeira Regional (US$ 13,4 milhões); Projeto de Facilitação Comercial e Gerenciamento de Fronteiras (US$ 17,5 milhões); Gerenciamento de Informação sobre Segurança Cidadã (InfoSegura), (US$ 31 milhões); Respostas Integradas sobre Migrações da América Central (US$ 33,7 milhões); Direitos Humanos e Democracia na Região (US$ 39,4 milhões), mostra a USAID.
Ao mesmo tempo, “estamos na fase de viabilidade do desenho do Projeto do Fundo da Água, que busca ter uma organização social para a gestão da água de forma permanente na região trinacional”, anunciou Hernández. “Os parceiros cooperantes neste projeto são o GEF [um fundo ambiental] e o Banco Interamericano de Desenvolvimento”, observou.