O governo dos Estados Unidos permanece vigilante aos movimentos da Rússia e da China na parte sul do continente americano. No dia 24 de março de 2022, durante uma audiência perante o Senado dos EUA, a General de Exército Laura J. Richardson, comandante do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM), expressou sua preocupação com a “expansão agressiva” de ambos os países na região.
“Estou no comando há quase cinco meses e o que mais abriu meus olhos foi até que ponto a China e a Rússia estão expandindo agressivamente sua influência em nossa vizinhança, na América Latina e no Caribe”, declarou a Gen Ex Richardson, ressaltando que esta área “está passando por insegurança e instabilidade”.
A “marcha incansável” da China
Com relação ao gigante asiático, que a Casa Branca considera seu “concorrente estratégico de longo prazo”, ela advertiu que o governo de Xi Jinping “continua sua marcha implacável para expandir a influência econômica, diplomática, tecnológica, informática e militar”.
No entanto, a Gen Ex Richardson acredita que “a influência negativa da República Popular da China nessa região poderia logo se assemelhar à influência predatória e egoísta que tem agora na África”, mas insistiu que não é do interesse da China investir, mas “extrair” todos os recursos que são do interesse da China.
“Sejamos claros, a República Popular da China não investe. Eles extraem”, afirmou.
As visitas da Rússia a Cuba, Venezuela e Nicarágua
Quanto à Rússia, a Gen Ex Richardson observou que o Presidente Vladimir Putin “procura manter suas opções abertas e manter as relações” nos países sul-americanos em um momento particularmente delicado para a paz mundial, após a invasão da Rússia na Ucrânia.
“Em janeiro, o vice-ministro russo das Relações Exteriores disse que não podia afirmar nem negar que a Rússia enviaria recursos militares para Cuba e Venezuela poucos dias antes da invasão da Ucrânia”, comentou. Além disso, lembrou que “o vice-primeiro-ministro russo visitou Nicarágua, Cuba e Venezuela” há algumas semanas, pouco antes do início das operações militares na Ucrânia.
Os laços do Kremlin com a América Latina
Quanto a esses três países, a Gen Ex Richardson disse que eles “mantêm laços estreitos com a Rússia e oferecem a Putin uma posição de apoio em nosso hemisfério”.
Ela também se referiu às reuniões dos presidentes do Brasil e da Argentina com Putin na Rússia, afirmando que “demonstram uma expansão potencialmente preocupante dos laços da Rússia na região” sul do continente americano.
Esse cenário, advertiu a Gen Ex Richardson, abriu as portas para que as organizações criminosas possam operar praticamente “sem oposição” na região, o que supõe um clima de instabilidade e insegurança que dificilmente será superado a curto prazo se, além disso, tiver o apoio da China e da Rússia.
Uma mão livre para as organizações criminosas
“As organizações criminosas transnacionais operam quase sem oposição e abrem um caminho de corrupção e violência que cria uma brecha e permite que a República Popular da China e a Rússia explorem esses países”, declarou.
Tudo isso, disse a comandante do SOUTHCOM, representa “uma ameaça à segurança dos cidadãos, mina a confiança pública e as instituições governamentais, e impulsiona a migração irregular para nossa pátria”.
Estratégias conjuntas com parceiros e aliados
É por isso que a Gen Ex Richardson defendeu a necessidade de continuar a abordar essas questões com parceiros e aliados na região, para criar estratégias e enfrentar essas ameaças de forma eficaz.
“Em minhas viagens iniciais à América Latina e ao Caribe, tornou-se óbvio para mim que nossos parceiros são nossa melhor defesa, pois trabalhamos juntos para enfrentar nossas ameaças comuns”, disse ela, convencida de que “todas as alavancas disponíveis devem ser usadas para fortalecer nossas alianças com as democracias afins neste hemisfério”.
“Devemos maximizar ferramentas, tais como programas de cooperação de segurança, para treinar e equipar as forças armadas de nossos parceiros”, acrescentou.
Um dos exemplos que ela ressaltou foi a Colômbia, “um parceiro forte na região”, que “exporta segurança treinando outras forças armadas latino-americanas para combater as ameaças transnacionais”.
“O Comando Sul dos EUA está pondo em ação diariamente a dissuasão integrada, usando métodos inovadores para trabalhar sem problemas com todos os domínios”, afirmou.
Para concluir, ela insistiu que “agora, mais do que nunca, os Estados Unidos devem liderar neste hemisfério” e isso “requer um foco constante e investimento sustentado para ajudar a construir uma vizinhança compartilhada que seja livre, segura e próspera para nossas gerações vindouras”.