O Departamento do Tesouro dos EUA anunciou em 18 de março sanções contra líderes e indivíduos ligados ao cartel Los Huistas, porque suas ações “ameaçam o povo e a segurança dos EUA e da Guatemala”, disse em um comunicado, que também ofereceu uma recompensa por informações que levem à captura do líder do clã.
Essas sanções “são o resultado da colaboração com o governo da Guatemala e os departamentos de Justiça, Estado, Defesa e Segurança Nacional dos EUA, incluindo Investigações de Segurança Nacional, a Administração para o Controle de Drogas, o Comando Sul dos EUA e o Escritório de Alfândega e Proteção de Fronteiras”, disse o Tesouro.
As investigações conjuntas estabeleceram que a estrutura criminosa domina uma extensa rede de narcotráfico e lavagem de dinheiro no oeste da Guatemala, na fronteira com o México, através de ligações com políticos guatemaltecos e laços com os cartéis mexicanos de Sinaloa e Jalisco Nueva Generación.

O grupo criminoso também controla os campos de cultivo de papoula localizados nas montanhas dos departamentos guatemaltecos de Huehuetenango e San Marcos. As investigações revelaram que os traficantes de drogas importam precursores químicos da China para fabricar metanfetamina.
“A organização de narcotráfico Los Huistas contrabandeia narcóticos mortais, incluindo cocaína, metanfetamina e heroína, a partir da Guatemala, através do México, para distribuir em várias cidades dos EUA”, disse Brian E. Nelson, subsecretário para Terrorismo e Inteligência Financeira do Departamento do Tesouro.
As sanções financeiras envolvem o bloqueio de todos os bens e interesses em bens que as pessoas ou entidades designadas têm nos EUA, bem como a proibição de fazer qualquer tipo de negócio com as pessoas sancionadas.
A recompensa
O Departamento de Estado dos EUA ofereceu uma recompensa de US$ 10 milhões por informações que levem à captura de Eugenio Darío Molina-López, identificado como o líder máximo de Los Huistas. “A liderança de Molina dentro de Los Huistas é bem conhecida dos governos dos EUA e da Guatemala, e estamos trabalhando juntos para leva-lo à justiça”, acrescentou em um comunicado.
Desde pelo menos 2012, Molina-López e Alec Baldomero Samayoa Recinos, conhecido como Chicharra, lideram a organização de tráfico de drogas, especificou o comunicado do Tesouro.
Molina-López está envolvido principalmente no tráfico de grandes quantidades de cocaína da América do Sul e Central para o México. Em 2019, um tribunal do Distrito Sul da Califórnia o indiciou por múltiplas acusações de narcotráfico.
O Tesouro também ressaltou que Samayoa Recinos coordena o transporte de remessas para o estado mexicano de Chiapas e a lavagem de dinheiro para o cartel guatemalteco. Em 2018, Chicharra foi denunciado por tráfico de drogas por um tribunal do Distrito de Columbia.
Lista de famílias
O governo dos EUA incluiu entre os sancionados vários membros-chave do cartel, entre eles o genro de Molina, Axel Bladimir Montejo, lugar-tenente do clã e coordenador do transporte de narcóticos; o genro de Samayoa Recinos, Freddy Arnoldo Salazar, responsável pelo armazenamento e transporte de remessas de cocaína; Werner Darío Molina Montejo, filho de Molina-López, que apoia seu pai nas relações comerciais; e Roger Antulio Samayoa, filho de Samayoa Recinos, que é lugar-tenente e coordenador das operações de Los Huistas.
Aliado estratégico
No dia 8 de março, o presidente da Guatemala, Alejandro Giammattei, assegurou que seu país é “um aliado estratégico” dos EUA na luta contra o narcotráfico e que sua cooperação tem permitido avançar na redução das drogas e no combate à corrupção e à lavagem de dinheiro, informou a agência de notícias EFE.
No mesmo dia, o presidente Giammattei disse à Reuters que “95 por cento dos traços [carregamentos] que chegam a Honduras, Guatemala, México, Belize, saem da Venezuela”.
Como produto das ações contra o narcotráfico, entre 1º de janeiro e 1º de março, as autoridades guatemaltecas prenderam 255 pessoas ligadas ao narcotráfico, das quais sete têm mandados de extradição requeridos pelos EUA, de acordo com a Agencia Guatemalteca de Noticias.