Colômbia e Estados Unidos anunciaram uma nova estratégia para combater as drogas, divulgada pelo Escritório da Política Nacional de Controle de Drogas da Casa Branca (ONDCP, em inglês), em 25 de outubro de 2021.
A Nova Estratégia Holística contra o Narcotráfico entre EUA e Colômbia reúne as ações de diferentes atores – o Estado, as forças de segurança e as agências de desenvolvimento – e se enfoca em três eixos: redução da oferta de drogas; desenvolvimento rural ambientalmente sustentável; e proteção ambiental.
“Com essa nova estratégia, trabalharemos para diminuir a disponibilidade de substâncias ilícitas nos Estados Unidos e na Colômbia, ao mesmo tempo em que apoiamos maior segurança e prosperidade nas áreas rurais da Colômbia”, disse a então diretora interina do ONDCP, Regina LaBelle.
Em 2020, o governo colombiano alcançou recorde de destruição de plantios de coca, com mais de 130.000 hectares erradicados, assim como recorde em apreensão de drogas, com interceptação de mais de 580 toneladas de cocaína e base de cocaína. No entanto, os esforços não foram suficientes. Segundo dados do ONDCP, o cultivo de coca passou de 212.000 hectares em 2019 para 245.000 hectares em 2020, acompanhado do aumento da produção de cocaína.
Os três eixos
O primeiro eixo da nova estratégia EUA-Colômbia contra as drogas compreende mais esforços voltados para a erradicação dos plantios ilícitos, destruição de laboratórios, apreensão e redução da demanda de drogas, combate à lavagem de dinheiro e prisão dos narcotraficantes. Neste último quesito, a Colômbia deu um passo importante com a captura do traficante Dairo Antonio Úsuga David, conhecido como Otoniel, em 23 de outubro. Líder da facção Clã do Golfo, ele era um dos mais procurados do país, com recompensa de US$ 5 milhões oferecida pelos Estados Unidos para informações que levassem ao cerco do traficante.
O segundo eixo, de desenvolvimento rural, objetiva avançar na implementação do Acordo de Paz, na segurança dos cidadãos que vivem nas zonas rurais e no acesso à justiça. Isso inclui proteger os líderes comunitários, reduzir a dependência da coca por parte dessas comunidades e ampliar a formalização dos papéis que tornam legais a posse das propriedades rurais por esses cidadãos.
A implementação do Acordo de Paz está diretamente associada ao terceiro eixo, o da proteção ambiental. Na cúpula do clima COP26, realizada pela Organização das Nações Unidas em Glasgow, Escócia, no início de novembro, o presidente da Colômbia discursou afirmando o objetivo de “ter 30 por cento de nosso território como áreas protegidas até 2030”. A implementação do Acordo de Paz se relaciona com essa meta, porque os grupos narcotraficantes cometem crimes ambientais na produção da coca.
“Para produzir 1 hectare de coca, quase 2 hectares de mata tropical são destruídos na Colômbia”, afirmou o chefe de governo colombiano ao jornal britânico Financial Times, durante o evento em Glasgow. Dessa forma, o compromisso entre Colômbia e Estados Unidos é avançar no monitoramento e patrulhamento das florestas, principalmente onde os grupos criminosos estão infiltrados, tomar esses territórios e, em seguida, implementar as medidas de reflorestamento.
Os projetos nesse sentido já estão em andamento em localidades de Cáceres, em Antioquia; Tumaco, em Nariño; e Sardinata, em Norte de Santander, e vão servir de ponto de partida para a ampliação das medidas, segundo afirmou Heide Fulton, subsecretária dos EUA para Assuntos de Contra Narcóticos e Aplicação da Lei.