De acordo com o General de Divisão Rocky Ricardo Meade, as questões mais importantes que afetam o país são as gangues do crime organizado, o tráfico ilícito e a violência a eles associada.
“As gangues do crime organizado que defendem seu território se enfrentarão mutuamente para manter sua influência […], o tráfico ilícito e os recursos e fundos dali provenientes”, disse o chefe do Estado-Maior da Força de Defesa da Jamaica (JDF, em inglês) em uma recente entrevista à Diálogo. Para o Gen Div Meade, a parceria existente há muito tempo entre o país insular e os Estados Unidos é fundamental na luta contra essas ameaças. “Somos amigos e vizinhos, compartilhamos a mesma ideologia, os mesmos valores, e sofremos as mesmas ameaças: ameaças naturais e causadas pelo homem; criminosos organizados envolvidos no tráfico e em qualquer outra coisa de onde possam tirar lucro; além disso, existem fenômenos naturais que nos afetam igualmente. Assim sendo, trabalhamos juntos para melhor combater essas ameaças.”
Um fator importante que fortalece ainda mais essa parceria é o intercâmbio de apoio logístico, suprimentos e serviços entre os Estados Unidos e a Jamaica. Para simplificar esse processo – não apenas com a Jamaica, mas com diversas nações parceiras em todo o mundo – e para fornecer a estrutura básica de cooperação nas questões logísticas militares, o Acordo de Aquisição e Intercâmbio de Serviços (ACSA, em inglês) foi promulgado no início dos anos 1980. Esse acordo internacional não compromete nenhum país com uma ação militar, mas fornece intercâmbio de apoio logístico, suprimentos e serviços reembolsáveis.
O USNS Comfort na Jamaica
Ainda que os Estados Unidos mantenham um ACSA com a Jamaica desde 2015, foi somente depois da visita do navio-hospital USNS Comfort (T-AH 20), em outubro de 2019, que o acordo foi utilizado por ambas as nações pela primeira vez. O Comfort estava ancorado na costa de Kingston para uma missão de assistência médica de seis dias e sua equipe de médicos trabalhou em estreita colaboração com os parceiros de saúde e governamentais da Jamaica, para proporcionar assistência no navio e nas unidades médicas terrestres, ajudando a aliviar a pressão sobre os sistemas de saúde nacionais.
Houve custos inerentes para o governo da Jamaica, os quais, graças a um acordo anterior, seriam reembolsados pelo Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM). “A Jamaica necessitava de algumas câmeras e drones para ajudar a combater o crime, especialmente o narcotráfico. A quantia que devolveríamos ao país pelos produtos e serviços que eles já nos haviam fornecido durante a visita do Comfort era mais ou menos a mesma [que a] de alguns drones e câmeras que o SOUTHCOM tinha em excesso; assim, os EUA e a Jamaica concordaram que essa seria uma situação vantajosa para ambos, e transferimos os equipamentos para eles”, disse o Major do Exército dos EUA Baron Mason, oficial de ligação da Embaixada dos EUA na Jamaica.
A instituição beneficiária da transferência do equipamento foi a JDF, que colocou as câmeras e os drones em funcionamento quase imediatamente. “Os drones transferidos pelo SOUTHCOM para a JDF já haviam demonstrado seu imenso valor para nós. Nós os utilizamos para apoio tático às nossas tropas em operações, bem como em vigilância de nível médio e aérea das localidades alvo. Inclusive agora, enquanto lidamos com essa ameaça do coronavírus aqui na Jamaica, os drones foram enviados às áreas em quarentena para ajudar-nos a monitorar e fazer cumprir o bloqueio das linhas limítrofes da quarentena. Eles foram realmente um multiplicador de forças na medida em que assumimos nossos deveres e funções em contínua expansão”, disse o Coronel Mahatma Williams que, entre outras funções, é responsável pelas relações públicas e comunicações da JDF.
De acordo com o Departamento de Defesa dos EUA, em fevereiro de 2020, os Estados Unidos têm ACSAs com 120 países.