O narcotráfico é uma das maiores ameaças à segurança nacional do Equador. Para combatê-lo, o General de Brigada Nelson Proaño Rodríguez, do Exército Equatoriano, chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas, elabora estratégias e realiza ações coordenadas para enfrentar a delinquência.
O Gen Bda Proaño conversou com Diálogo sobre o narcotráfico e o estado de emergência declarado pelo Decreto Executivo 823 de 24 de julho, entre outros assuntos.
Diálogo: O narcotráfico é uma das maiores ameaças à segurança nacional do Equador. Como as Forças Armadas, juntamente com a Polícia Nacional, coordenam as ações para neutralizá-lo?
General de Brigada Nelson Proaño Rodríguez, do Exército Equatoriano, chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas do Equador: O narcotráfico foi considerado uma ameaça em 2022 pelo Conselho de Segurança Pública do Estado. Desde então, as Forças Armadas assumimos um papel mais proeminente na luta contra o narcotráfico e crimes relacionados. A Polícia Nacional está se esforçando para combatê-lo, mas como ele foi identificado como uma ameaça nacional, as Forças Armadas devemos apoiar essa luta. Por esse motivo, integramos equipes especiais para trabalhar com a Polícia Nacional e formamos unidades que são diretamente destinadas a operar contra o terrorismo. Nossa cooperação conjunta produziu resultados positivos, porque conseguimos desarmar algumas organizações do crime organizado e, logicamente, isso teve um impacto na melhoria da situação de segurança da população. No entanto, ainda há muito trabalho a ser feito, porque as ameaças estão sempre mudando e precisamos ter a capacidade inovadora que permita encontrar novas estratégias para podermos continuar a enfrentar esse flagelo.
Diálogo: Quais são os resultados das operações de controle de armas, munições e explosivos dentro das prisões, em conformidade com o Decreto Executivo nº 823 do estado de emergência?
Gen Bda Proaño: O Decreto 823 do estado de emergência, promulgado pelo presidente da República, Guillermo Lasso, em 24 de julho de 2023, devido à grave comoção interna em todas as prisões que fazem parte do Sistema de Reabilitação Social, declarou o estado de emergência por 60 dias, no qual dispõe a intervenção direta das Forças Armadas. A decisão foi baseada na solicitação e recomendação feitas pela Polícia Nacional e pelo Serviço Nacional de Atenção Integral a Adultos Privados de Liberdade e Adolescentes Infratores, devido à crise gerada por ataques entre grupos criminosos organizados nos centros de detenção. Sob esses critérios, as Forças Armadas atuamos e trabalhamos na organização, planejamento e apoio à Polícia Nacional, para restabelecer e manter a ordem e o controle interno dos centros de detenção, bem como a segurança interna e perimetral dos centros, ao mesmo tempo em que garantimos os direitos das pessoas privadas de liberdade.
O Comando Conjunto das Forças Armadas planeja as operações, entra e intervém nesses centros, encontrando um grande número de armas que, quando apreendidas, terão um impacto na redução da violência, ao eliminar a possibilidade de motins que tenham um caráter agressivo.
Intervimos em várias prisões, onde encontramos uma quantidade significativa de armas de pequeno e grande calibre, armas curtas e longas e uma grande quantidade de munições. Além disso, encontramos substâncias ilícitas e inúmeros implementos e materiais usados por pessoas privadas de liberdade. Tudo isso tem um impacto sobre a segurança interna dos centros de detenção social, pois há motins e mortes não apenas de detentos, mas também daqueles que cuidam e são responsáveis pela segurança das prisões. Essas operações produziram excelentes resultados e esperamos continuar mantendo esses controles permanentes e entrando nos centros, para mantê-los livres de armas ilegais.

Diálogo: O Equador participou do exercício Sentinel Resolution e do exercício multinacional UNITAS, entre outros. Qual é o valor agregado de participar nesses exercícios realizados pelos Estados Unidos com os países da região?
Gen Bda Proaño: São exercícios que foram planejados sob a coordenação dos EUA, os quais permitiram aos diferentes componentes de nossas Forças Armadas, terrestres, aéreas e navais, prepararmo-nos e capacitar nosso pessoal militar nas diferentes atividades e operações que envolvem operações coordenadas e conjuntas com outros países. Nossa participação nesses exercícios nos permite aumentar a capacidade de resposta de nossas Forças Armadas para enfrentar diferentes tipos de ameaças.
Diálogo: Como o recente acordo de cooperação entre o Equador e os Estados Unidos ajuda a fortalecer a capacidade das forças de segurança e do setor judiciário, para combater o crime organizado transnacional e reforçar a segurança dos cidadãos e das comunidades no Equador?
Gen Bda Proaño: O Comando Conjunto, em coordenação com a Polícia Nacional, apresentou a iniciativa Estratégias para a Paz ao presidente da República, Guillermo Santiago Lasso Mendoza, ao ministro da Defesa, Luis Lara Jaramillo, bem como à comandante do Comando Sul dos EUA, a General de Exército Laura J. Richardson, ao embaixador dos EUA no Equador, Michael Fitzpatrick, e a outras autoridades. Essa estratégia de cooperação foi aprovada para implementar projetos de capacitação em segurança e defesa. Então foi assinado um Memorando de Entendimento (MOU), para fortalecer as capacidades do setor de defesa do Equador e definir objetivos compartilhados relacionados à cooperação em segurança. Esse MOU inclui a colaboração em questões técnicas, melhores práticas, lições aprendidas e equipamentos em quatro linhas de esforço: intercâmbio de informações, fortalecimento de capacidades, treinamento e aquisição de recursos essenciais.
Diálogo: Que progresso foi feito no trabalho das Forças Armadas para combater a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INN), especialmente por embarcações de bandeira chinesa que cruzam o Atlântico para o Pacífico em direção a Galápagos?
Gen Bda Proaño: Temos embarcações para realizar vigilância e controle para combater a pesca INN. O Equador tem uma Zona Econômica Exclusiva (ZEE) de cerca de 200 milhas, o que nos permite determinar se essas embarcações estão dentro ou fora da ZEE, ao mesmo tempo em que nos possibilita determinar se essas embarcações desligaram seus sinais. Os Estados Unidos nos apoiam com aeronaves que têm a capacidade de determinar e localizar no mar as embarcações com bandeira estrangeira que não estejam agindo de acordo com a lei. Isso nos permite determinar sua localização.
Diálogo: Quais são as novas operações militares de fronteira que as Forças Armadas do Equador e da Colômbia estão realizando?
Gen Bda Proaño: Realizamos reuniões para estabelecer operações coordenadas na fronteira norte do Equador e na fronteira sul da Colômbia, que permitam o intercâmbio de informações e inteligência, para determinar as ameaças que existem nessa área e, assim, realizar operações espelho, ou seja, operações com tropas militares equatorianas em nosso território e tropas militares colombianas em seu território, na mesma área. Isso permite uma ação coordenada para que aqueles que estão em situação ilegal não possam cruzar a fronteira e permanecer livres, no caso de uma única força agir. Determinamos certas áreas de interesse designadas, que foram estabelecidas como as de maior incidência, devido à inteligência militar, e trabalhamos nessas áreas, obtendo resultados muito importantes para ambos os países, já que foi possível atacar os grupos criminosos que operam na área.
Diálogo: Quais são os resultados das operações de apoio contra a mineração ilegal?
Gen Bda Proaño: A mineração ilegal é um problema local e transnacional com muitos impactos negativos sobre o meio ambiente, a economia nacional e a segurança do Estado, entre outros. A mineração ilegal não se refere apenas às pessoas que cometem a ilegalidade de buscar o mineral ou os minerais, mas também está associada a outros tipos de crimes com grupos criminosos organizados, como contrabando, lavagem de dinheiro, prostituição, exploração trabalhista etc. Em nível nacional, há a Comissão Especial para o Controle da Mineração Ilegal (CECMI), presidida pelo Ministério do Interior. A CECMI atua como um centro de coordenação sobre mineração ilegal entre vários níveis, do qual participamos as Forças Armadas e a Polícia Nacional, entre outros.