Diante da crescente presença de grupos armados ilegais na fronteira colombiana-equatoriana, as Forças Armadas do Equador intensificaram a segurança e o controle na região, para impedir que esses grupos atravessassem o território equatoriano, disse no Twitter o Comando Conjunto das Forças Armadas do Equador.
“Nossa missão é proteger a fronteira, as povoações. Localizamos as passagens ilegais pelas quais eles costumam passar; são de selva, bastante permeáveis e difíceis de controlar”, disse à Diálogo, em 18 de setembro, o General de Brigada Alexander Levoyer, do Exército do Equador, comandante da Força-Tarefa Conjunta Esmeraldas. “Estamos patrulhando continuamente.”
De acordo com as autoridades, isso está diretamente relacionado ao incremento da produção e tráfico de cocaína a partir da Colômbia, com consequências que vão desde o aumento da demanda de logística para retirar o alcaloide, até um aumento no fornecimento de precursores, informou o diário equatoriano El Comercio, em 26 de agosto.
A força pública equatoriana identifica uma mobilização em massa de dispositivos, suprimentos, combustível, produtos químicos e embalagens contendo narcóticos, muitos deles apreendidos pelos militares e pela polícia. Além disso, as autoridades relatam o aparecimento de grupos criminosos ligados a grupos dissidentes colombianos nos postos de fronteira de Mataje, Esmeraldas e Tobar Donoso, na província de Carchi. De acordo com El Comercio, essas estruturas fornecem apoio ao narcotráfico para contrabandear remessas de drogas e exercer controle territorial.
Várias dessas estruturas criminosas recebem carregamentos de cocaína da Frente Oliver Sinisterra, da Coluna Móvel Urias Rendón e dos chamados Comandos de la Frontera, outro grupo dissidente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, relata o diário equatoriano Primicias.
Segurança especial
Para as Forças Armadas do Equador, “todas as fronteiras são de grande interesse. Todas as províncias estão sendo atingidas pelo narcotráfico”, comentou o Gen Bda Levoyer. “Temos favorecido a província de Esmeraldas por causa de sua posição estratégica.”
Esmeraldas “é a saída mais curta para os cartéis mexicanos que passam pela Colômbia e tentam entrar em território equatoriano e passar as drogas para serem comercializadas”, acrescentou. “Nós a declaramos uma zona especial de segurança.”
Ele também disse que mais de 1.400 soldados estão destacados em áreas conflituosas de Esmeraldas, para deter a violência desencadeada por gangues criminosas ligadas ao tráfico de drogas.
Os registros de mortes violentas são elevados. Nas comparações de 2021 (julho-setembro), houve 11 mortes violentas em média por mês. Nesses mesmos meses de 2022, eles subiram a 40, afirmou. “Essas são mortes violentas relacionadas a assassinatos contratados”, enfatizou.
Em Esmeraldas, há quatro batalhões e uma unidade de inteligência militar, disse o Gen Bda Levoyer. Além disso, uma quantidade significativa de recursos terrestres, navais e aéreos foi designada para a região.
“Queremos enfrentar adequadamente […] o narcotráfico. Nessa província, os grupos armados ilegais pretendem avançar, mas nós estamos lá para detê-los e combatê-los. Nos últimos três meses, tivemos encontros de combate em cinco ocasiões”, declarou.
Movendo o tabuleiro
Para fortalecer as ações contra as ameaças na fronteira entre a Colômbia e o Equador, as Forças Armadas do Equador intensificaram os controles militares, as patrulhas de reconhecimento e vigilância, bem como as operações de apoio à segurança integral e atividades de apoio ao desenvolvimento nacional, relata na internet a revista do Exército dos EUA, Military Review.
“Estamos pressionando [as organizações criminosas]. Estamos trabalhando de manhã, de tarde e de noite em reconhecimentos aéreos. Estamos [impedindo] que eles saiam no mar territorial com nossas embarcações. A presença de nossas corvetas está movendo o tabuleiro para os traficantes de drogas e estamos bloqueando suas saídas pelos estuários”, disse o Gen Bda Levoyer.
Entre janeiro e agosto de 2022, as forças de segurança apreenderam 140 toneladas de drogas, disse no Twitter a Polícia Nacional do Equador. O Equador é o terceiro país com o maior volume de apreensões de drogas, atrás apenas da Colômbia e dos Estados Unidos, informa a agência de notícias espanhola EFE.
O jogador-chave
Como parte da estratégia contra o tráfico de drogas, a cooperação internacional é importante. “Os Estados Unidos são um jogador-chave nessa luta frontal contra o narcotráfico. Estamos em uma verdadeira guerra contra o narcotráfico, uma verdadeira luta, e aqui os Estados Unidos desempenham um papel fundamental”, disse o Gen Bda Levoyer.
Nesse contexto, o governo dos EUA apoia as Forças Armadas do Equador com tecnologia, recursos, capacitação e intercâmbio de informações. “A cooperação dos EUA nestas questões de segurança fronteiriça, uma questão regional, beneficia o país e a região”, ressaltou.
Além disso, os Estados Unidos e a Colômbia (outro parceiro estratégico) têm à sua disposição uma importante ferramenta: informação e inteligência militar e policial. “Gerenciar informação e inteligência é poder”, concluiu o Gen Bda Levoyer. “O Equador está sempre intercambiando informações e inteligência com esses dois países.”