Membros do Batalhão do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Equador e do Exército dos EUA realizaram, de 17 de abril a 25 de maio de 2022, treinamentos conjuntos no porto de Manta, província de Manabí, para responder a desastres naturais e crises emergentes.
Através de treinamentos combinados de Assuntos Civis e Forças Especiais, os militares intercambiaram conhecimentos sobre primeiros socorros, resposta a desastres, planejamento e treinamento militar, como manobras com explosivos e helicópteros, lançamentos na água com barcos de borracha e capturas de praia, disse à Diálogo o Capitão-Tenente Jorge La Mota Reina, da Marinha do Equador, comandante do Batalhão de Operações Especiais Jaramillo.
A capacitação em Assuntos Civis ocorreu de 17 de abril a 13 de maio, enquanto a das Forças Especiais começou em 25 de abril e terminou em 25 de maio, com a participação total de quatro oficiais e 65 membros do Corpo de Fuzileiros Navais. Helicópteros e aviões foram usados no treinamento, disse no Twitter a Embaixada dos EUA em Quito.

Graças aos “laços de amizade” entre os dois países, as forças armadas podem “atualizar as táticas e técnicas que o pessoal do Exército dos EUA nos está ensinando; isso se reflete nas tarefas de proteção e segurança da população civil que podem ser afetadas por possíveis desastres naturais”, disse o CT La Mota. “O que aprendemos será replicado para o resto do pessoal militar.”
Território exposto
O Equador é um território com alto risco de desastres, devido à sua topografia e condições climáticas. O país frequentemente é afetado por terremotos, inundações, erupções vulcânicas, incêndios florestais e secas, muitas vezes com grande força, diz a ONG do Canadá Rede de Segurança e Defesa da América Latina.
Esses fenômenos naturais causam enormes perdas de vidas e graves efeitos sobre a economia, como foi o caso do terremoto que abalou o território equatoriano em 2016, de acordo com o site do Banco Mundial. É provável que a mudança climática aumente as inclemências atmosféricas no Equador.
“As Forças Armadas desempenharam um papel fundamental na ajuda à população nessa catástrofe [de 2016]. Com nosso pessoal e nossa logística, pudemos ajudar muito”, lembrou o CT La Mota. “Isto nos obriga a estar mais capacitados. Tanto a nível nacional como mundial essa [mudança climática] é um ponto que se deve ter sempre em mente.”
Um exemplo ocorreu em 31 de janeiro, quando um desmoronamento atingiu Quito, a capital equatoriana. O deslizamento de terra deixou mais de 28 mortos e pelo menos 52 feridos; afetou 555 pessoas e danificou 48 casas, informou o Serviço Nacional de Gestão de Riscos e Emergências do Equador.
Imediatamente após o desastre, mais de 600 membros das Forças Armadas iniciaram os trabalhos de busca e limpeza no marco zero, localizado no setor de La Comuna. O Exército, com suas máquinas, realizou a remoção de detritos na área, indicou o Exército do Equador em um comunicado.
Entre 2017 e 2020 houve 1.461 inundações, 11.336 incêndios florestais, 4.157 deslizamentos de terra e 113 atividades vulcânicas, informou online o jornal equatoriano Primicias.
“A principal capacidade que as Forças Armadas do Equador têm para cumprir as missões designadas no momento de uma crise é a da mobilidade”, afirmou o CT La Mota. “Podemos deslocar-nos a qualquer parte do país para ajudar onde ocorra qualquer desastre natural, sem a necessidade de serviços básicos ou uma boa estrada.”
Região insular
A fim de fortalecer as relações e a cooperação entre os dois países, a Marinha do Equador recebeu, nos dias 10 e 11 de maio, na região insular (Ilhas Galápagos), a visita do navio USCGC Northland da Guarda Costeira dos EUA.
“Entre as atividades realizadas em conjunto com a Lancha da Guarda Costeira San Cristóbal foi feito um exercício combinado na área da ZEE [Zona Econômica Exclusiva] insular, com o objetivo de neutralizar as atividades ilegais”, informou o site da Marinha do Equador. “Também foi realizada uma apresentação pelo USCGC Northland, detalhando as operações e atividades focadas em salvaguardar a vida humana no mar, neutralizar atividades ilegais e preservar o ambiente marinho costeiro.”
Para enfrentar os desafios e oportunidades, “nós, como país ou como forças armadas, esperamos que os Estados Unidos continuem a nos fornecer esse tipo de treinamento para que possamos capacitar-nos. Esperamos poder continuar esta estreita relação. Esta cooperação nos permite estar sempre atualizados”, concluiu o CT La Mota.