As autoridades do Equador desmantelaram uma rede criminosa ligada à lavagem de rendimentos do narcotráfico, ao capturar seu líder e outras cinco pessoas, incluindo sua companheira e dois de seus irmãos. A captura de Leandro Norero Tigua, conhecido como El Patrón Norero, foi considerada um dos golpes mais importantes contra o crime organizado pela procuradora-geral do Equador, Diana Salazar, relatou o jornal equatoriano El Universo.
Nessa megaoperação realizada em 25 de maio pela Unidade Especial de Lavagem de Dinheiro da Procuradoria Geral do Estado, em coordenação com a Polícia Nacional, foram realizadas 19 incursões nas províncias de Manabí, Guayas e Santa Elena e foram apreendidos mais de US$ 6 milhões em dinheiro vivo, barras de ouro, joias e armas de fogo, entre outros itens, informou a Procuradoria Geral em um comunicado.
“Eles [Norero e sua organização] movimentavam aproximadamente US$ 10 milhões como lavagem de dinheiro; movimentavam entre 4 e 5 toneladas de drogas por mês”, disse à imprensa o ministro do Interior, Patricio Carrillo. “Essa organização está relacionada a muitos crimes que estão interligados. Não se trata apenas detráfico de drogas e lavagem de dinheiro, há também o tráfico de armas, há muitos crimes.”
Norero, de 35 anos, financiava as atividades das quadrilhas criminosas Los Lobos, Los Tiguerones, Los Lagartos e Chone Killers, organizações identificadas como braçosarmados do cartel mexicano Jalisco Nueva Generación, informou o jornal equatorianoPrimicias.

Este caso é de grande importância para o país, não apenas por causa da captura do líder de uma das organizações criminosas mais fortes do Equador, mas também por causa das conexões e vínculos com outros esquemas de corrupção sob investigação, disse Fernando Villavicencio, presidente da Comissão de Fiscalização da Assembleia Nacional, em entrevista à estação de rádio equatoriana FM Mundo. “Aquela casa, aquela mansão onde Norero foi preso, foi o primeiro fio de comunicação com outra estrutura, com a estrutura que dominou grande parte dos hospitais públicos em esquemas sinistros de corrupção […]”, durante a pandemia, tais como a venda de máscaras e bolsas para cadáveres superfaturadas e a compra irregular de testes de COVID-19, disse Villavicencio.
Financiamento de quadrilhas criminosas
De acordo com o ministro Carrillo, Norero está operando aproximadamente desde 2005. Fora do país, ele também deixou vestígios de suas atividades ilícitas. Em 2014, o sistema judicial peruano abriu uma ação judicial contra Norero por tráfico de drogas, mas ele fingiu estar morto na pandemia da COVID-19 e conseguiu que a ação criminal contra ele fosse extinta e os mandados de prisão da Interpol fossem suspendidos. No seu regressoao Equador, ele se estabeleceu em um dos bairros mais exclusivos de Guayaquil.
Norero era um dos homens de confiança de Jorge Luis Zambrano, conhecido como Rasquiña, líder da gangue criminosa Los Choneros, a serviço do cartel de Sinaloa, o qual foi assassinado em dezembro de 2020. No entanto, surgiram disputas com seu sucessor e Norero começou a financiar gangues rivais, incluindo Los Lobos, informou Primicias.
As investigações policiais vinculam o poder armado e logístico de Los Lobos com ocrescimento econômico de Norero, a quemtambém é atribuído o financiamento de motins sangrentos dentro das prisões do país e o pagamento dos drones que detonaram explosivos em uma penitenciária em 2021.
Empresário fraudulento
A compra de empresas de fachada e a utilização de laranjas e operadores de negócios ilícitos é o esquema utilizado porNorero para lavar milhões de dólares provenientes do narcotráfico. Ele aparece como proprietário ou acionista de várias empresas dedicadas a diversas atividades,como transporte pesado, construção, publicidade, alimentação, agricultura, exportação e serviços de vigilância e segurança.
A captura de Norero parece ser apenas a ponta do iceberg de uma grande rede de corrupção que envolveria várias estruturas criminosas, de mineração ilegal, tráfico de armas e outros crimes.