Durante uma comemoração do Dia Mundial dos Povos Indígenas, em Caracas, Venezuela, no dia 9 de agosto, Maduro disse que os povos indígenas da Venezuela estão em “resistência ativa” contra os esforços que buscam isolar o seu regime. Essa visão ridiculariza a recente experiência dos pemons, uma comunidade indígena de 30.000 pessoas que vivem em uma região da Venezuela que potencialmente detém uma grande riqueza.
O regime de Maduro, pressionado por sanções e sua própria má gestão da produção de petróleo, está desesperado para obter rendimentos. Em 2016, o regime lançou o Projeto Arco de Mineração do Orinoco, a fim de explorar mais de 111.000 quilômetros quadrados de terras no cinturão da região central da Venezuela, a qual acredita-se que abrigue alguns dos maiores depósitos de ouro do mundo, bem como diamantes, coltan e bauxita.
Soldados venezuelanos agindo sob as ordens do regime, gangues armadas e militantes colombianos criaram uma atmosfera sem lei de mineração e extração de madeira ilegais na região, como resultado da corrupção desenfreada e do colapso do Estado de Direito.
Os pemons sofreram ataques do exército e de outros grupos armados, ao tentar defender suas terras contra mineiros e madeireiros ilegais, bem como contra soldados corruptos e brutais.
Em fevereiro, tropas do governo mataram dois indígenas pemons e feriram pelo menos outros 25 enquanto fechavam a fronteira, visando impedir a entrada de ajuda humanitária.
Desde então, cerca de 1.300 membros da comunidade pemon da Venezuela fugiram atravessando a fronteira para a aldeia de Tarauparu, no Brasil, onde vivem outros pemons, de acordo com um relatório da Agência das Nações Unidas para Refugiados*.
“Com o colapso da economia venezuelana e a consequente escassez de alimentos e remédios, a inflação devastadora e a agitação social generalizada”, diz o relatório, “não está claro quando – ou mesmo se – as centenas de pemons que encontraram segurança no Brasil voltarão à Venezuela”.