A Força-Tarefa Naval Tridente (FTNT), da Força Naval de El Salvador (FNES), está destacada em águas profundas no Oceano Pacífico, interditando estruturas criminosas transnacionais que tentam transportar cocaína da América do Sul para os Estados Unidos, contando muitas vezes com o apoio e a inteligência das nações parceiras.
“Hoje continuamos sendo a única força naval na região que realiza operações além das 200 milhas náuticas [370 quilômetros], onde temos o controle desse mar territorial”, disse à imprensa o ministro da Segurança de El Salvador, Gustavo Villatoro, em 31 de agosto. “Estamos cientes da violência homicida que o negócio desses produtos gera em nossas comunidades.”
“Este ano, até o momento, temos mais de 9,6 toneladas de diferentes drogas apreendidas. Dessas, 7,3 toneladas foram apreendidas em alto-mar pela Força-Tarefa Naval Tridente”, explicou o Vice-Almirante René Merino Monroy, da FNES, ministro da Defesa de El Salvador, em 29 de agosto, por YouTube, ao Canal 10 de El Salvador. “Isso coloca El Salvador como um dos países que mais se esforça e obtém os melhores resultados na luta contra o narcotráfico.”
A quilômetros de distância, na Colômbia, especialistas em segurança e defesa, como membros da Associação Colombiana de Oficiais da Reserva das Forças Militares (ACORE), monitoram e analisam as apreensões no Pacífico para reforçar a inteligência. A Colômbia é o país com o maior cultivo de plantações de coca – aproximadamente 61 por cento do total mundial –, de acordo com o Relatório Mundial sobre Drogas 2022, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
“Oitenta por cento dessa cocaína sai pela costa do Pacífico Colombiano-Equatoriano e, pelo Equador, sai diretamente de Guayaquil, Esmeraldas, ou Guayas, através das Ilhas Galápagos, para a América Central ou para os Estados Unidos”, disse à Diálogo o Coronel (R) Jhon Marulanda, presidente da ACORE, em 5 de setembro. “De Puerto Lázaro no México até o Chile, todos os portos do Pacífico estão sendo utilizados para o tráfico de pessoas, cocaína ou minerais ilegais.”
O UNODC documentou que a maioria do tráfico de cocaína em 2016-2020 ocorreu da Colômbia, ao longo da costa do Pacífico, para a América Central e/ou México, muitas vezes por barco e/ou semi-submersível, para o tráfico posterior para os Estados Unidos.
Nações irmãs
As relações bilaterais entre El Salvador e Colômbia estão marcadas por um alto nível de cooperação, indica o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia em seu site. Em 26 de agosto, ambos os países assinaram um acordo de trabalho conjunto para combater o narcotráfico, o crime organizado e a delinqüência, através das Procuradorias Gerais de ambos os países.
“Nossa Força Naval está fazendo grandes esforços para impedir que essas substâncias nocivas sejam transportadas para os mercados consumidores”, disse à imprensa o Procurador Geral de El Salvador, Rodolfo Delgado. “A assinatura desse memorando de entendimento facilita o intercâmbio de informações, para saber quem são as pessoas envolvidas nesse tipo de atos criminosos, para identificar os membros das estruturas criminais e compartilhar informações para que outros Estados, neste caso a Colômbia, possam realizar investigações com base nas apreensões que fazemos em nosso país.”
As autoridades esperam que este intercâmbio de informações para a investigação de grupos criminosos transnacionais ajude a melhorar o combate ao narcotráfico. Ao mesmo tempo, o Cel Marulanda disse que os países também deveriam se concentrar no fato de que “o controle do vasto Oceano Pacífico é fundamental para reduzir o tráfico de drogas em nível mundial.”
Pisando forte

Por sua vez, a FNES continua a apresentar resultados. Durante a Operação Poseidon II, os oficiais apreenderam mais de 3 toneladas de cocaína, informou o Ministério da Segurança de El Salvador, em 26 de agosto.
A primeira apreensão, de 2.300 quilos de cocaína, de um equatoriano e dois colombianos, foi feita a 450 milhas náuticas (833 km) do Porto de Acajutla, departamento de Sonsonate, informou o presidente da República de El Salvador, Nayib Bukele, no Twitter, em 19 de agosto.
Na segunda apreensão, a 480 milhas náuticas (889 km) do Porto de Acajutla, departamento de Sonsonate, dois equatorianos transportavam 1.350 kg de cocaína em um pequeno barco, acrescentou Bukele, em 20 de agosto.
“Este trabalho demonstra a essência deste memorando que estamos assinando, onde as autoridades de El Salvador ou da Colômbia podem ter informações conjuntas que nos permitam prender os responsáveis e responder a esta criminalidade transnacional”, disse o Procurador Geral da Colômbia, Francisco Barbosa, no dia em que o acordo foi assinado. “Aqui em El Salvador, também se fala como falamos na Colômbia: com resultados. E este é o exemplo de trabalho comum que estamos fazendo em nossos ministérios públicos.”