O estado de emergência decretado pelo governo de El Salvador foi prorrogado por mais um mês, passando a ter previsão de término em 27 de maio. A medida havia sido tomada em março, um dia após o país contabilizar 62 homicídios somente nas 24 horas do dia 26 de março. Esse foi o dia mais mortal em El Salvador em três décadas, quando a guerra civil no país teve fim, de acordo com o Projeto de Denúncia de Crime Organizado e Corrupção, uma organização de investigação jornalística internacional especializada em crime organizado e corrupção.
Segundo o presidente Nayib Bukele, os grupos criminosos do país têm 70.000 membros em liberdade e 16.000 na prisão, publicou o site de notícias salvadorenho El Faro.
No primeiro mês sob o regime de exceção, as autoridades policiais e militares capturaram mais de 13.000 suspeitos – uma média de 568 pessoas por dia –, de acordo com informações da Polícia Nacional Civil (PNC) publicadas pelo jornal de El Salvador El Mundo. Entre os capturados, a Procuradoria Geral da República processou quase 7.000 pessoas, acusadas principalmente de homicídio, porte ilegal de arma de fogo e tráfico de drogas. As operações ocorreram em todo o país.
Os episódios violentos do final de março são imputados principalmente às gangues Mara Salvatrucha 13 (MS13) e sua rival, a Barrio 18, que mataram pessoas indiscriminadamente, incluindo vendedores, passageiros de ônibus e frequentadores do mercado, disse o site investigativo InSight Crime. A primeira atua fortemente em El Salvador, Guatemala e Honduras e, como descreve InSight Crime, teve dezenas de seus líderes acusados de terrorismo pelos Estados Unidos no fim de 2020. Já a segunda é uma gangue formada que tem suas origens no final da década de 1950, atuando em toda a América Central e América do Norte.
Novas leis e aumento das forças de segurança
Além da decretação do estado de emergência, outras iniciativas foram tomadas com o intuito de combater a onda de violência mais recente em El Salvador. A Assembleia Legislativa nacional aprovou reformas na lei criminal. Entre as mudanças estão o aumento gradual da pena para participantes de grupos criminosos e a supressão de medidas alternativas à prisão provisória em casos de homicídio e outros crimes. O legislativo aprovou ainda a alocação de US$ 80 milhões para ações de segurança e defesa e autorizou o governo a fazer parcerias com empresas privadas, a fim de facilitar a construção de presídios.
“Agora vemos uma luta frontal, porque é isso que os salvadorenhos também esperam há muitos, muitos anos”, afirmou a deputada Alexia Rivas para El Mundo.
Além disso, em 4 de abril, foram graduados 205 novos agentes da PNC e 1.450 soldados da Força Armada de El Salvador (FAES). “Eles trabalharão diretamente no Plano de Controle Territorial e na guerra contra as quadrilhas”, afirmou o presidente Bukele, conforme o site internacional DW da Alemanha. Atualmente, a FAES possui cerca de 17.000 militares, mas o objetivo de Bukele é fazer esse número chegar a 40.000. “Vamos continuar aumentando as forças armadas. Novas graduações estão chegando”, disse o presidente, de acordo com o DW.