A Venezuela está agora menos preparada para eleições livres e justas do que estava em 2018, no pleito presidencial cujos resultados foram rejeitados por mais de duas dúzias de países, disse no dia 28 de julho o enviado especial dos Estados Unidos para a Venezuela, Elliott Abrams.
“As condições para eleições livres e justas são de fato muito piores do que as de maio de 2018, quando [Nicolás] Maduro realizou eleições presidenciais”, disse Abrams em uma entrevista coletiva por telefone.
O regime de Nicolás Maduro convocou novas eleições parlamentares para o dia 6 de dezembro de 2020, uma medida que foi criticada pela oposição como mais uma tentativa de asfixiar sua representação política.
As eleições, que buscam renovar a Assembleia Nacional – controlada pela oposição – também foram denunciadas por grupos de defesa dos direitos civis como tendo sido manipuladas para favorecer o partido governista, o Partido Socialista Unido da Venezuela.
“As eleições parlamentares de dezembro já estão manipuladas”, garantiu Abrams, indicando que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) é um organismo criado para regulamentar as eleições, cujos membros foram eleitos pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que é controlado pelo governo.
“O CNE deveria ser uma entidade independente […], no entanto, o TSJ interrompeu as negociações para eleger os membros e ele mesmo fez as nomeações”, disse Abrams.
EUA em contato com a Noruega quanto à Venezuela
O diplomata também falou sobre a visita de representantes do governo da Noruega, que tentou ser um mediador para solucionar a crise venezuelana. Abrams disse que os Estados Unidos estão em contato com a Noruega e que ele mesmo tinha conversado com alguns diplomatas daquele país.
“Em relação aos noruegueses, nós estamos certamente em contato com a Noruega e conversamos com diplomatas noruegueses desde o regresso desse grupo que estava em Caracas, uma viagem difícil para eles, como se pode imaginar, de Oslo até Caracas em tempos de COVID-19”, declarou.
“Não posso dizer que me sinto particularmente otimista quanto a essa viagem, porque parece que o regime já está decidido […]; ele parece querer seguir adiante com essa eleição falsa”, sentenciou o diplomata norte-americano.
Venezuela e Coreia do Norte
As Nações Unidas advertiram Maduro que o acordo militar com a Coreia do Norte violaria as regras do Conselho de Segurança. Os investigadores da ONU descobriram que o próprio Diosdado Cabello assinou esse acordo.
A esse respeito, Abrams disse que uma violação às sanções da ONU é algo potencialmente muito sério para o regime de Maduro, porque há muitos países que estariam dispostos, nesse caso, a impor sanções, embora ainda não o tenham feito individualmente.
“Isso também mostra, novamente, a natureza desse regime. Vimos recentemente que o regime começa a construir sua relação com o Irã. Irã e Venezuela: uma dupla de estados párias. Irã e Coreia do Norte agora: Coreia do Norte e Venezuela. E eu creio que um dos outros impactos, além das próprias possíveis sanções, seria lembrar os países de todo o mundo com relação à natureza desse regime e os parceiros que ele busca em todo o mundo”, disse Abrams.