A Colômbia tem um novo comando militar para enfrentar a cadeia do narcotráfico e das ameaças transnacionais. Trata-se do Comando contra o Narcotráfico e Ameaças Transnacionais (CONAT).
Diálogo teve a oportunidade de visitar as instalações do CONAT para conversar com seu comandante, o General de Brigada Walther Adrián Giraldo Jiménez, do Exército da Colômbia, e conhecer o progresso feito na criação dessa importante organização e suas estratégias para enfrentar os desafios da Colômbia na luta contra as organizações criminosas no país.
Diálogo: O CONAT foi consolidado em fevereiro de 2021. Um ano após sua criação, qual é o equilíbrio na luta contra os grupos armados?
General de Brigada Walther Adrián Giraldo Jiménez, do Exército da Colômbia, comandante do Comando contra o Narcotráfico e Ameaças Transnacionais: Essa grande iniciativa, que faz parte dos planos do Estado, foi consolidada em fevereiro de 2021 e foi a forma pela qual concentramos todos os nossos esforços nessa luta permanente contra as ameaças transnacionais. Acho que foi um grande sucesso; só no decorrer deste ano [até março de 2022], conseguimos realmente afetar todas essas ameaças, especialmente na luta contra o narcotráfico, a exploração ilícita de depósitos de mineração e todas as estruturas, tanto internas como transnacionais, para afetá-las e alcançar resultados de consolidação muito elevados. Somente em março, efetuamos 900 capturas, mais de 81 neutralizações dessas estruturas e apreendemos armas e cloridrato de cocaína, o que mostra todo o alcance do poder do Estado colombiano nessas lutas.
Diálogo: Um dos objetivos do CONAT é interditar as estruturas do narcotráfico. Como conseguiram atingir esse objetivo?
Gen Bda Giraldo: Isto foi realmente um avanço gigantesco, porque, embora já tivéssemos as unidades formadas para erradicar as culturas, interditar e afetar as estruturas, ao uni-las e criar também as brigadas enfocadas na erradicação, os esforços foram centralizados e conseguimos otimizar nossos recursos, com nossas próprias capacidades, mas também com a coordenação de todas as agências que nos apoiam em nível nacional e internacional – e nisso os Estados Unidos desempenharam, como sempre, um papel predominante. Conseguimos aumentar nossas apreensões e quase dobrar o que havíamos projetado em metas para o ano passado, que era de 60 toneladas, e atingimos 100 toneladas de apreensões, falando apenas de cloridrato de cocaína, e havíamos projetado [atingir] 60 laboratórios de produção de nitrato e conseguimos destruir 105.
Diálogo: Qual é a estrutura do CONAT para cumprir sua missão estratégica?
Gen Bda Giraldo: Recebemos cinco brigadas, das quais três já foram criadas: nossa Brigada contra o Narcotráfico Nº 1, que se concentra puramente na interdição; nossa Brigada contra a Extração Ilícita de Depósitos de Mineração, que afeta tudo o que tem a ver com a mineração ilegal; e nossa Força de Destacamento contra as Ameaças Transnacionais, que procura neutralizar todas essas estruturas que têm a ver com a economia ilegal. O governo nacional decidiu criar duas brigadas contra o narcotráfico muito importantes, que são as Brigadas contra o Narcotráfico Nº 2 e Nº 3, que têm um claro foco na erradicação.
Diálogo: Como o senhor coordena suas ações com a Brigada contra a Exploração Ilícita de Depósitos de Mineração?
Gen Bda Giraldo: Essa brigada é uma brigada especial, de coordenação, que foi criada há mais de seis anos e os êxitos realmente têm sido muito grandes. Tem cobertura nacional e sua estrutura de Estado Maior lhe permite desenvolver operações com todas as forças e também em coordenação com a Polícia Nacional e interinstitucionais com todas as agências do Estado, especialmente com a Procuradoria Geral da República. No ano passado, eles conseguiram destruir mais de 268 dragas, 187 máquinas amarelas, que haviam sido adquiridas ilegalmente, e mais de 460 unidades de produção mineral, o que permitiu evitar a destruição de mais de 2000 hectares, devido à produção ilegal de jazidas de mineração. Continuamos com a luta frontal contra o narcotráfico e a preservação do meio ambiente; estas duas atividades na Colômbia realmente constituem a economia ilícita que permite o crescimento desses grupos e que está afetando não apenas o âmbito nacional, mas também toda a região, já que essas verbas e recursos também atacam outros Estados que já estão começando a ver os efeitos do narcotráfico e da mineração ilegal.
Diálogo: Que tipo de treinamento o pessoal da CONAT recebe?
Gen Bda Giraldo: É uma disciplina especial, além do treinamento básico que recebem como soldados. O treinamento que recebem tem uma seleção muito importante dentro da força. Primeiro, é uma constituição de seus princípios e valores e são homens que se destacaram na ordem territorial, ou seja, que realizaram operações em todo o território e, uma vez selecionados, desenvolvem os cursos de lancer, pára-quedista, forças especiais e assalto aéreo. Isso os torna diferentes, permitindo-lhes realizar operações da mais alta complexidade, não apenas em áreas normais do território, mas também nas áreas mais complexas.
Diálogo: Como eles treinam, apenas em nível nacional, ou recebem cooperação internacional?
Gen Bda Giraldo: Temos recebido um grande apoio de todas as nossas agências e de toda a cooperação internacional, com o apoio permanente do Comando Sul dos EUA, do Departamento de Estado [dos EUA] e das agências de inteligência que compõem essa grande aliança da Colômbia com o mundo. Recebemos treinamento, equipamento e material, e atingimos um nível tão alto que, na coordenação e cooperação internacional, nossos homens foram treinar e preparar exércitos na América Central e do Sul e demos treinamento em todos os continentes.