O General de Brigada Jorge Fabián Berredo, comandante operacional do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas da Argentina, quer transformar o comando operacional em uma entidade ativa e diligente, que fortaleça o Comando Conjunto das Forças.
O Gen Bda Berredo conversou com Diálogo sobre as campanhas na Antártida, as missões de paz da ONU que incluem os capacetes azuis argentinos, as tarefas de apoio à comunidade em situações de catástrofes ou desastres naturais e a experiência na Operação Sufrágio 2023.
Diálogo: O que há de novo no Comando Operacional?
General de Brigada Jorge Fabián Berredo, comandante operacional do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas da Argentina: Estamos focados essencialmente em duas áreas principais: a condução das operações em andamento e o desenvolvimento de planos militares de curto prazo.
Temos o prazer de apresentar o Comando Operacional como a espada que o chefe do Estado-Maior Conjunto possui para dar forma à sua concepção estratégica militar, onde, além dos esforços reativos em caso de conflito, foram determinados esforços estratégicos ativos que se concretizam em nosso trabalho diário e estão essencialmente relacionados à vigilância e ao controle integral de nossos espaços (aéreo, espacial, terrestre, marítimo e cibernético), bem como operações de proteção civil que surgem quando ocorrem situações de emergência significativa, campanhas anuais e de verão no continente antártico, destacamentos sob mandatos das Nações Unidas etc. Tudo isso está englobado no conceito que chamamos de “Operações em Desenvolvimento”, que é conduzido pelo Comando Operacional por meio de diferentes Comandos Conjuntos criados para esse fim (Comando Conjunto Aeroespacial, Comando Conjunto Marítimo, Comando Conjunto Noroeste, Comando Conjunto Norte, Comando Conjunto Nordeste, Comando Conjunto de Defesa Cibernética, Comando Conjunto das Forças de Operações Especiais, Comando Conjunto Antártico).
Estamos no processo de desenvolver nossos planos de campanha. Para isso, o Comando Operacional está liderando o trabalho que está sendo realizado por oito Comandos Conjuntos de Planejamento Temporário que abordam esses planos no nível operacional, sob as perspectivas fornecidas pelos diferentes ambientes estratégicos que compõem nosso país. Temos um país rico em recursos naturais e esses planos, por meio de uma estratégia definida como defensiva, autônoma e ativa, buscam preservá-los. Esses planos são colocados em prática por meio de um Ciclo de Verificação de Planos, no qual procuramos ajustar os diferentes projetos operacionais, experimentar nossa doutrina de operações de múltiplo domínio e avaliar os multiplicadores do poder de combate que precisam ser incorporados. Os diferentes aspectos dos momentos que surgem nesse ciclo nos permitem refinar os planos de médio prazo em termos de design de forças e sua evolução orgânica, bem como definir escalas de aquisição para os sistemas de armas que pretendemos incorporar, gerando uma recorrência muito virtuosa entre o curto e o médio prazo. O Comando Operacional garante essa coerência pretendida. Por outro lado, podemos afirmar que esses eventos são verdadeiras janelas para a construção de ações militares conjuntas, combinando diferentes domínios físicos, como o aéreo, o marítimo e o terrestre, junto a outros provenientes de âmbitos não físicos, como o espacial, cibernético, eletromagnético e o de ações de informação, transformando essa combinação em passos sólidos de interoperabilidade.
Diálogo: Qual é a importância de realizar anualmente as campanhas Antárticas?

Gen Bda Berredo: Nossa presença na Antártica tem sido permanente e ininterrupta desde 1904, há 119 anos, quando foi instalado o primeiro Observatório Meteorológico na Ilha Laurie, em Órcades do Sul, posteriormente denominada Base Orcadas. Sua importância deve estar associada à localização relativa da Argentina em relação à península Antártica e sua extensão sobre a calota polar. Essa localização privilegiada confere ao nosso território características bicontinentais e o posiciona como uma porta de entrada natural e estratégica para o Continente Branco. Daí o impulso que estamos dando ao eixo Ushuaia – Petrel, no qual Ushuaia e suas instalações são apresentadas como um potencial polo logístico e científico, para o desenvolvimento da atividade antártica própria e de terceiros, e Petrel como uma base antártica multimodal que, por meio de suas instalações, aeroporto e futuro cais, juntamente com sua localização central e condições de acessibilidade relativamente fáceis, permite sua fácil irradiação para o restante do território. Além disso, é preciso lembrar que o país é membro fundador do Tratado Antártico, opera sete bases permanentes (Esperanza, Marambio, Petrel, Orcadas, Carlini, San Martín e Belgrano) distribuídas na península e na calota polar, tanto no Mar de Weddell quanto no Mar de Bellinghausen; bem como seis bases de verão e entre 25 e 30 acampamentos e abrigos científicos de verão, o que lhe confere um peso específico transcendente.
Diálogo: Em que missões estão os capacetes azuis argentinos?
Gen Bda Berredo: Nossas Forças Armadas têm uma história de contribuição importante em termos de destacamentos sob o mandato das Nações Unidas. Atualmente, a missão mais importante é a UNFICYP (Chipre), onde temos membros no Estado-Maior da Missão, uma Força-Tarefa e uma unidade de voo com helicópteros, totalizando 269 membros. Deve-se observar também que na UNIMOGIP (Índia – Paquistão) temos um chefe de missão. Em menor escala, há membros nas missões da MINUSCA (África Central), UNTSO (Oriente Médio), MINURSO (Saara Ocidental), UNVMC (Colômbia), UNIFIL (Líbano) e UNDOF (Colinas de Golã).
Diálogo: Como o Comando Operacional coordena as ações de apoio à comunidade diante de catástrofes ou desastres naturais?
Gen Bda Berredo: Somos regidos por uma diretriz do chefe do Estado-Maior Conjunto, segundo a qual 24 Comandos Conjuntos de Emergência foram formados para cobrir toda a geografia de nosso vasto país. Esses comandos são ativados sob demanda e estão sob o Controle Operacional do Comando Operacional das Forças Armadas. Este último articula as demandas com as agências em nível nacional e os comandos fazem o mesmo em nível provincial. Nossos Comandos Conjuntos de Zonas de Emergência desempenharam um papel de liderança durante a pandemia, onde capitalizaram muita experiência em ações conjuntas e interagências, contribuindo fundamentalmente com a capacidade de liderança e a metodologia de trabalho para dinamizar as partes e uni-las, conseguindo formar equipes de trabalho temporárias eficientes.
Diálogo: Como o Comando Operacional apoiou a Operação Sufrágio 2023?
Gen Bda Berredo: Nossas Forças Armadas têm uma tradição profundamente enraizada de participação em apoio a eventos eleitorais que remonta a cerca de 115 anos. Suas origens praticamente coincidem com a aprovação, em 1912, da Lei Sáenz Peña, que estabeleceu o sufrágio universal. No período que antecedeu 1909 e 1910, os líderes políticos da época, os presidentes Figueroa Alcorta e Roque Sáenz Peña deram às Forças Armadas a responsabilidade de inscrever e registrar os cidadãos, buscando certas “garantias de imparcialidade”. O espírito dessas garantias de imparcialidade foi transferido para nossa missão atual de proteger e assegurar o processo eleitoral. De certa forma, garantimos que um dos mandatos constitucionais seja cumprido. Sob essa perspectiva, a tarefa está intimamente ligada a uma de nossas responsabilidades essenciais: a defesa da Constituição Nacional e da soberania.
Em termos práticos, o Comando Operacional assumiu o controle operacional de 85.000 militares das Forças Armadas e de Segurança, para desenvolver uma operação cuja complexidade reside na sua execução descentralizada e simultânea, com um destacamento que abrangeu 17.000 estabelecimentos, custodiando cerca de 106.000 urnas. Essa operação começou a ser planejada como um trabalho de equipe em nível nacional entre o Comando Operacional, que por decreto do poder executivo se tornou o Comando Geral Eleitoral, os juízes que compõem a Câmara Nacional Eleitoral do Poder Judiciário, a Direção Nacional Eleitoral do Poder Executivo e os Correios da Argentina. A tarefa de custódia e segurança é um conceito amplo, que começa nos lugares de coleta do material eleitoral, no destacamento e distribuição do material eleitoral nos 17.000 estabelecimentos designados, no sufrágio propriamente dito, na retirada das urnas, na custódia dos locais de contagem provisória e na segurança das instalações onde as urnas são reunidas para a contagem definitiva dos votos. Ela também abrange a segurança dos candidatos durante os debates presidenciais. Para cumprir essa tarefa, de forma semelhante às emergências, 24 Distritos Eleitorais foram configurados em nível nacional e o Comando Geral Eleitoral nomeou 24 Comandantes de Distritos Eleitorais que interagiram com os Juízes Federais com competência em suas jurisdições e outras autoridades locais – um verdadeiro desafio para a liderança.