O governo da Colômbia mantém sua promessa de enfrentar de maneira contundente o problema da mineração ilegal, que é praticada por grupos armados organizados, causando danos irreversíveis ao meio ambiente.
Os resultados são reveladores. Por exemplo, em 10 de maio, a Polícia Nacional relatou a destruição de 32 unidades de produção de mineração ilegal em Tutendo, Certegui e Río Quito, no departamento de Chocó, avaliadas em US$ 2,8 milhões. Estas unidades não são apenas um investimento caro para os grupos criminosos, mas também exigem uma coordenação cuidadosa para introduzi-las de contrabando nos lugares escolhidos para as operações.
No final de março, a Marinha Nacional informou sobre uma operação conjunta em Buenaventura, departamento de Valle del Cauca, onde duas unidades de produção de mineração avaliadas em mais de US$ 21.000 também foram destruídas, interrompendo as operações criminosas de mineração no local.
Em 7 de março, desta vez no departamento de Antioquia, o governo informou a destruição de uma quantidade significativa de maquinário e materiais usados na mineração ilegal, sem fornecer detalhes precisos. Alguns dias antes, também em Antioquia, as autoridades informaram a destruição de um total de 40 minas ilegais.
Segundo dados do Ministério da Defesa, entre o início de agosto de 2022 e o início de fevereiro de 2023, as forças de segurança colombianas intervieram em quase 1.000 minas ilegais, apreendendo e depois destruindo centenas de máquinas e equipamentos para mineração ilegal, como retroescavadeiras, dragas, bombas, motores, bem como apreendendo grandes quantidades de insumos líquidos e sólidos, relatou o portal de notícias colombiano Portafolio.
“Os grupos armados do Clã do Golfo são os que têm presença nessas áreas e lucram com os danos ambientais gerados nessas regiões”, disse à Diálogo o Capitão de Corveta (FN) Johann Guzmán, do Corpo de Fuzileiros Navais, comandante do Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais Nº 21 da Marinha da Colômbia.
O CC Guzmán disse que esses grupos criminosos empregam os habitantes dessas áreas, que trabalham sob pressão nas minas com maquinário fornecido. “Obviamente, esses trabalhos são orientados por esses grupos porque, no final, são eles que lucram e coletam o ouro que é extraído”, acrescentou.
A mineração ilegal de ouro há muito tempo atormenta a Colômbia, seus ecossistemas e comunidades e, embora o país tenha proibido o uso de mercúrio na mineração desde 2018, esse metal altamente tóxico ainda é amplamente utilizado durante o processo de extração de ouro.
Além disso, “o uso de maquinário sem nenhum tipo de controle nessas áreas gera desmatamento e afeta as fontes de água, pois o despejo de produtos químicos, como cianeto e mercúrio, usados para o processamento desses tipos de materiais, contamina os rios”, enfatizou o CC Guzmán. “Isso danifica as margens dos rios e os rios para os quais eles fluem, afetando diretamente as comunidades que vivem nas margens desses rios, e isso é evidenciado pelas doenças causadas às pessoas que consomem essa água contaminada.”
Para os grupos armados, a mineração ilegal é um negócio mais lucrativo do que o narcotráfico. “Em comparação com o negócio ilícito da cocaína, onde um quilo de coca pode estar no mercado colombiano por cerca de US$ 1.075, um kg de ouro ilegal é da ordem de US$ 5.300, o que fez com que esse negócio disparasse e hoje está poluindo de forma crítica”, disse o delegado controlador do Meio Ambiente, Gabriel Adolfo Jurado, ao prestar contas do controle fiscal da instituição em 2022.
De acordo com dados da Marinha, entre 2022 e no decorrer de 2023, até o final de abril, as autoridades capturaram 82 pessoas envolvidas em mineração ilegal e apreenderam 11.437 kg de metais (454 kg de ouro; 54,2 kg de mercúrio; 2.142 kg de estanho; 8.777 kg de coltan e 10 kg de cobre).