As autoridades colombianas estão determinadas a fazer incursões no desenvolvimento espacial e assim começar a colher os benefícios da informação de inteligência, cartográfica, climática, agropecuária e de segurança do seu espaço aéreo e terrestre, entre outros, e, no futuro, criar sua própria agência espacial.
Por enquanto, a Força Aérea Colombiana (FAC) colocou em funcionamento o Centro de Operações Espaciais (SpOC) nas instalações da Escola Militar de Aviação Marco Fidel Suárez, em Cali, departamento de Valle del Cauca.
“Este Centro Aeroespacial é um salto estratégico para a FAC, pois nos permitirá realizar análises de meteorologia espacial, planejamento e simulação de órbitas, bem como cálculos de colisão no espaço”, explicou à Diálogo o Tenente-Coronel Guillermo Poveda, chefe de Operações Espaciais da FAC, em 25 de setembro. “Além disso, poderemos realizar a gestão, exploração, programação e manutenção dos satélites colombianos. Somos agora o segundo Centro na América Latina, sendo o primeiro o Centro de Operações Espaciais do Brasil.”

O SpOC, inaugurado em 28 de julho, tem um design inspirado nos satélites do tipo CubeSat; possui equipamentos de última geração para o comando, controle e execução de operações espaciais, disse a FAC em um comunicado. Além disso, este novo ativo estratégico facilitará a análise das informações geoespaciais de observação da Terra, juntamente com outras aplicações, integrando o processamento de dados. Além disso, realizará um monitoramento permanente das ameaças ambientais, artificiais e dos bens naturais do país, acrescentou a FAC em sua conta no Twitter.
A Força Aérea, que atualmente tem um satélite, o FACSAT-1, anunciou que até 2023 espera colocar um segundo satélite em órbita: o FACSAT-2 Chiribiquete, em homenagem ao Parque Nacional Natural Sierra de Chiribiquete, localizado na região amazônica colombiana dos departamentos de Caquetá e Guaviare. O satélite coletará informações para a conservação do meio ambiente do país, entre outros dados.
O futuro do espaço
Com esses avanços, a comunidade espacial colombiana está expectante e otimista sobre quais serão os próximos passos. A ONG Sociedade Espacial Nacional (NSS), com sede em Washington, seção Colômbia, enfatiza a importância da criação da Agência Aeroespacial Colombiana, para promover a concepção de uma política e um programa espaciais.
“Não se trata apenas de ter uma agência, mas também de ter uma política espacial. Precisamos ter um programa espacial, que são duas coisas diferentes”, explicou à Diálogo o Coronel (R) Raúl Gutiérrez, presidente da NSS da Colômbia. “A política diz o quê, para quê e por quê; e o programa define como e o que vai ser feito. E, para isso, a Agência Aeroespacial é em grande medida a executora.”
O desenvolvimento espacial é um tema transversal para a NSS Colômbia, que não é visto apenas como um tema de foguetes, satélites ou astronautas. Eles o vêem como uma questão diagonal que pode ter um impacto positivo em tudo, desde a agricultura, passando pelo direito espacial, até a arte. Portanto, advertem, o talento humano precisa ser formado dentro e fora do país.
“A primeira coisa que a Colômbia precisa fazer, como parte do seu programa espacial, é desenvolver as capacidades nacionais de observação da Terra por satélite e, depois, teremos que revisar a questão dos satélites de telecomunicações”, ressaltou o Cel Gutiérrez. “Dentro desse programa espacial, também precisamos formar os talentos humanos idôneos e oferecer-lhes as oportunidades para que se desempenhem nas diferentes áreas espaciais.”
A FAC informou, em 20 de setembro, que sua primeira tripulação de astronautas análogos realizou a simulação de uma missão espacial em um habitat em condições semelhantes às que se vivem na lua, no Centro de Treinamento de Astronautas Análogos (AATC), na Polônia.
Os colombianos já deram outros passos em direção ao futuro no espaço. Juntamente com a Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço (NASA) dos EUA, assinou o Acordo Artemis, em 10 de maio. Esse documento, baseado no Tratado do Espaço Exterior, que foi promulgado pela Organização das Nações Unidas em 1967, estabelece as normas de boas práticas e a divulgação de dados científicos sobre futuras explorações da Lua e de outros corpos celestes.
Com essa adesão, informou a FAC, a Colômbia terá a oportunidade de participar na condução de experimentos científicos e na exploração do espaço. Também se tornou o 19º país a assinar os acordos desde sua criação em 2020, sendo o terceiro país latino-americano a aderir, depois do México e do Brasil.