A Colômbia e o Peru têm intensificado a luta contra o narcotráfico ao longo de sua fronteira comum, dando um duro golpe aos grupos criminosos envolvidos nessa atividade ilícita. Como tal, durante três semanas, as Forças Militares da Colômbia, em operações combinadas com a Direção Antidrogas (Dirandro) da Polícia Nacional do Peru, conseguiram localizar e destruir 18 laboratórios ilegais para o processamento de pasta base de coca, um laboratório de cristalização de cloridrato de cocaína e três depósitos ilegais de insumos, informou a Marinha da Colômbia em um comunicado.

As operações, realizadas nos departamentos colombianos de Caquetá, Meta, Guaviare e Putumayo, bem como no departamento peruano de Loreto, também resultaram na captura de 14 pessoas: membros das dissidências das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), assim como criminosos peruanos e brasileiros, afirmou a Marinha.
Em meados de junho, o Vice-Almirante Harry Ernesto Reyna Niño, da Marinha da Colômbia, comandante da Força Naval do Sul, proporcionou à Diálogo detalhes das operações e ressaltou o apoio positivo da Dirandro, dizendo que isso se devia em parte “às boas relações e coordenação operacional que temos com as unidades navais da Marinha da Colômbia”.
As operações
Os laboratórios para o processamento da pasta base de coca foram encontrados em território colombiano, sob a liderança da 3ª Brigada de Infantaria de Marinha, da Marinha da Colômbia. Nas infraestruturas, as autoridades encontraram 9.808 quilos de folhas picadas, 818 litros de base de coca em processo, mais de 19.000 litros de insumos líquidos, 1.216 kg de insumos sólidos e 29 kg de base de coca, além de máquinas e equipamentos, informou a Marinha da Colômbia. As tropas também encontraram três depósitos ilegais que armazenavam quase 29.000 litros de insumos líquidos e 29 kg de insumos sólidos para o processamento de drogas.
Por sua vez, unidades do 32º Batalhão Fluvial de Infantaria de Marinha, da Marinha da Colômbia, encontraram um laboratório de cristalização de cloridrato de cocaína no município de La Macarena, departamento de Meta. Na estrutura com capacidade para produzir vários quilos de pasta base de coca por mês, as autoridades capturaram oito membros das dissidências das FARC, que estavam efetuando atividades relacionadas com a produção da droga.
Quatro peruanos e dois brasileiros também foram capturados em território peruano, disse o V Alte Reyna. Os criminosos tinham em sua posse mais de 140 pacotes de cloridrato de cocaína e pasta base de coca, várias pistolas, espingardas de caça, equipamentos de comunicação e dinheiro vivo.

A Colômbia e o Peru são os dois principais produtores de cocaína do mundo. De acordo com o Relatório da Estratégia Internacional de Controle de Narcóticos de 2022, do Departamento de Estado dos EUA, estima-se que a produção de cocaína na Colômbia tenha aumentado de 918 toneladas em 2019 para 1010 toneladas em 2020, enquanto que, no Peru, estima-se que a produção tenha aumentado em 25 por cento para 810 toneladas. O Peru também é um importante importador de precursores químicos para a produção de cocaína, diz o relatório.
Cooperação fronteiriça
Na primeira quinzena de janeiro de 2022, os governos da Colômbia e do Peru concordaram em fortalecer a luta contra o crime e intensificar sua cooperação fronteiriça para deter o crime transnacional, informou a agência de notícias alemã DW.
“Os ministérios da Defesa concordaram em compartilhar informações de inteligência, contrainteligência e também definir estratégias comuns de luta contra o crime transnacional”, disse o presidente da Colômbia, Ivan Duque, após uma reunião perto de Bogotá com o presidente do Peru, Pedro Castillo.
A estratégia se concentra nos grupos do narcotráfico, mas também na mineração ilegal e no contrabando de fauna e flora, e procura desmantelar as redes de abastecimento de recursos químicos que contribuem para a degradação ambiental em ambos os territórios.