No final de dezembro, os altos comandantes militares da Colômbia e do Equador concordaram em reforçar as intervenções na luta contra o narcotráfico e o crime organizado ao longo de sua fronteira comum, que tem cerca de 586 quilômetros de extensão e atravessa áreas costeiras, andinas e amazônicas.
Na reunião realizada em Ipiales, Colômbia, onde foi acordado implementar o Plano de Proteção de Fronteiras, participaram o General de Exército Helder Fernán Giraldo Bonilla, comandante geral das Forças Militares da Colômbia, e o General de Brigada Nelson Proaño Rodríguez, do Exército, chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas do Equador.
“O Equador se tornou um país de trânsito da cocaína produzida na Colômbia e muitos coordenadores europeus foram até presos na região dos Balcãs, os quais, em aliança com as organizações criminosas colombianas, assumiram o controle da rota marítima do Equador para a Europa”, disse à Diálogo o ex-ministro do Interior do Peru, Miguel Hidalgo Medina, em 20 de janeiro. “O narcotráfico está avançando significativamente na fronteira colombiana-equatoriana. Isto se reflete nas apreensões de cocaína durante os últimos 10 anos no Equador, principalmente no porto de Guayaquil.”
Na reunião, foram estabelecidos 42 compromissos, que contribuirão para fortalecer a cooperação entre os dois países para o intercâmbio de informações e a coordenação das operações em áreas onde grupos criminosos estão presentes. As decisões político-estratégicas terão de ser aprovadas e estabelecidas pelos ministérios da defesa de ambos os países.
“Não haverá redução nos esforços para eliminar o narcotráfico, crimes ambientais, o contrabando e todos os fenômenos que estão presentes em nossas áreas de responsabilidade”, disse à imprensa o Gen Ex Giraldo, destacando os esforços com seu homólogo equatoriano para estabelecer em médio e curto prazo planos militares para enfrentar o crime. Por sua vez, o Gen Bda Proaño ressaltou que as estratégias comuns tornarão possível enfrentar e neutralizar as ameaças que perturbam a vida normal da sociedade e prejudicam as ações do Estado.
O Ministério da Defesa do Equador anunciou, em 18 de janeiro, que as forças aéreas dos dois países trabalharão em conjunto para trocar informações e realizar operações coordenadas para detectar o tráfico ilegal durante a vigilância e o controle de seus espaços aéreos.
“Na fronteira entre Colômbia e Equador há a presença e participação dos cartéis dos Balcãs e da máfia russa, em aliança com organizações criminosas colombianas, entre as quais podemos citar os Urabeños [também conhecidos como o Clã do Golfo], os Caqueteños, grupos residuais das FARC, assim como outros grupos armados”, disse Hidalgo Medina. “Há também a presença de algumas organizações criminosas peruanas, que estabeleceram alianças com os cartéis dos Balcãs”, acrescentou.
Hidalgo Medina advertiu que a atividade das forças militares nesta fronteira é complicada por razões logísticas, pois é uma selva inóspita e os habitantes das aldeias da região participam ativamente da produção de cocaína.
“A cocaína apreendida no Equador é produzida com o método colombiano ou método de tanque, onde a folha de coca é verde e recém-colhida”, disse Hidalgo Medina, que alertou que as plantações de folha de coca foram detectadas em território equatoriano.
Gustavo Duncan, professor colombiano da Universidade de Los Andes, em Bogotá, especialista em temas de narcotráfico e conflitos armados, disse à Diálogo que essa fronteira é usada sobretudo para transportar drogas da Colômbia, as quais entram no Equador principalmente em contêineres que chegam aos portos de Guayaquil, Manta e Esmeraldas.
“Há traficantes de drogas e quadrilhas criminosas que disputam a presença em certas áreas da fronteira, para o transporte de drogas e a própria comercialização dessas substâncias ilegais”, acrescentou Duncan.
Em novembro, o governo da Colômbia pediu a seus países fronteiriços – Brasil, Equador, Panamá, Peru e Venezuela –, que criassem acordos para enfraquecer os grupos armados ilegais ligados ao narcotráfico nas áreas de fronteira, informou o site Euronews, baseado na França. Nas fronteiras colombianas são detectados extensos cultivos de folha de coca, laboratórios de produção da droga e a presença de grupos armados ilegais dedicados ao narcotráfico, acrescentou.
O pedido de apoio da Colômbia a seus países vizinhos solicita que as autoridades responsáveis se reúnam a cada três meses para avaliar o progresso. “Estabelecemos contato com os países da fronteira, porque percebemos uma atividade que vamos combater com nossas forças, mas também com a colaboração internacional”, disse à imprensa o ministro do Interior, Alfonso Prada.