A China está realizando testes com uma aeronave que alcança cinco vezes a velocidade do som e tem capacidade para transportar ogivas nucleares e disparar mísseis. A informação foi publicada pela primeira vez pelo jornal Financial Times em outubro de 2021, apesar de os testes descobertos terem sido realizados em 27 de julho e 13 de agosto, segundo o jornal. De acordo com o diário britânico, essa tecnologia chinesa nunca foi demonstrada por nenhum outro país até hoje.
“Essa é uma capacidade bem significativa que tem o potencial de mudar muitas coisas. Temos que ficar muito atentos a isso”, afirmou o Tenente Brigadeiro do Ar (R) John Hyten, então vice-presidente do Estado-Maior Conjunto, em entrevista sobre o assunto ao canal norte-americano CBS News, em novembro.
O Ten Brig Ar Hyten descreveu que em um dos testes realizados com o veículo hipersônico, este deu uma volta no globo e disparou um míssil em direção a um alvo no mar do sul da China. A aeronave testada pela China é um planador possível de ser manobrado enquanto está no ar. Devido à sua velocidade e ao fato de viajar numa órbita bem próxima à Terra, o veículo é difícil de ser detectado pelos radares atualmente existentes.
O porta-voz do Ministério do Exterior da China, Zhao Lijian, negou os testes com arma hipersônica e disse que se tratava de um veículo espacial em verificação de rotina, a fim de se avaliar a tecnologia reutilizável da espaçonave.
O pronunciamento da China não soou confiável à comunidade internacional. “Temos visto a China e a Rússia perseguindo muito ativamente o uso, a militarização dessa tecnologia”, afirmou o embaixador norte-americano para o desarmamento, Robert Wood, a um grupo de jornalistas em Genebra, conforme publicado pela Reuters, em 18 de outubro.
A revelação do teste de tecnologia hipersônica é outra demonstração que a China vem dando na sua expansão de poder militar. Em julho de 2021, estudos da Federação de Cientistas Americanos e do Centro James Martin para Estudos de não Proliferação nos Estados Unidos, apontaram a construção de novos silos ou tanques em meio a duas regiões desérticas da China. Essas estruturas são comumente usadas para abrigar mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs, em inglês). Baseados nas imagens de satélites, os cientistas estimam que os silos encontrados teriam, juntos, a capacidade de armazenar cerca de 230 ICBMs.
Em outubro, 150 aviões militares chineses, incluindo alguns com capacidade nuclear, invadiram um espaço aéreo considerado por Taiwan como zona de defesa nacional, o que levantou a suspeita de que a China estaria se preparando para invadir a ilha, considerada rebelde pelos chineses. “Continuamos preocupados com a atividade militar provocativa da República Popular da China perto de Taiwan, que é desestabilizadora, corre o risco de cálculo e mina a paz e a estabilidade regionais”, declarou a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, em 4 de outubro.