O governo do Peru publicou um decreto, em novembro, que ordena que, a partir do dia 1º de janeiro de 2021, todas as embarcações com bandeiras estrangeiras que passem pelas águas peruanas devem conter um dispositivo de satélite adicional ao que já utilizam. Isso permitirá às autoridades determinar com maior precisão a rota e os movimentos da embarcação.
O chanceler equatoriano Luis Gallegos confirmou no dia 18 de outubro à agência EFE que uma frota pesqueira com bandeiras majoritariamente chinesas tinha se deslocado dos limites da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do Equador em direção ao norte do Peru.
Dias antes, em 6 de outubro, o site ambientalista Mongabay Latam publicou uma investigação sobre os pesqueiros chineses nas Ilhas Galápagos. “Eles destroem o mar e não respeitam os regulamentos”, diz o documento que rastreou os nomes e as companhias de 139 embarcações de bandeira chinesa identificadas na região. “Todas estão inscritas na Organização Regional de Ordenação Pesqueira do Pacífico Sul; no entanto, nem sempre levam a bordo observadores científicos, não são devidamente controladas ao chegar, desligam seus sistemas de satélites e algumas têm antecedentes de pesca ilegal. É muito difícil distinguir o que ocorre dentro dessa grande massa que ultrapassa 300 embarcações de mais de 55 metros de comprimento cada uma; nem sequer se conhece o seu número exato.”
De acordo com o relatório 2020 Estado Mundial da Pesca e Aquicultura, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, em inglês), a China é líder no índice de pesca ilegal não declarada e não regulamentada.
Os investigadores do Mongabay registraram o testemunho dos cientistas que trabalham nas Ilhas Galápagos. Eles concluíram que os pesqueiros chineses tinham chegado à região, depois de observar os dejetos encontrados no mar: garrafas de plástico, sapatos, baldes e até redes de pesca. “As garrafas são inconfundíveis por terem caracteres asiáticos e sabemos que vêm do sul, não vêm da Ásia”, disse a bióloga Sofia Green, da Estação Científica Charles Darwin.
A Oceana, uma ONG dedicada à proteção dos oceanos do mundo, informou, no dia 1º de outubro, em seu site, que a frota pesqueira avança em um percurso que considerou depredador, a partir da ZEE do Equador, entre o território continental e as Ilhas Galápagos, e da ZEE do Peru, em trânsito em direção às águas do Chile e da Argentina, onde permanecerá até o final de dezembro.
“É importante que os países da América Latina formem um bloco de luta contra a pesca ilegal, e parte disso é evitar que se colabore com essa frota”, declarou ao Mongabay, no dia 10 de agosto, Milko Schvartzman, especialista em conservação marinha da organização argentina Círculo de Políticas Ambientais, e que há anos vem estudando essa frota. Para ele, parte do problema são os serviços de portos, transbordos e abastecimento de combustíveis que a frota pesqueira chinesa utiliza em cada país.
“É importante que os países da América Latina formem um bloco de luta contra a pesca ilegal, e parte disso é evitar que se colabore com essa frota”, Milko Schvartzman, especialista em conservação marinha da organização argentina Círculo de Políticas Ambientais.