Ao invés de cumprir sua “promessa verde” feita no dia 22 de setembro de 2020 perante a Organização das Nações Unidas de se tornar uma economia com zero emissões, a China aumenta seu nível de contaminação.
A Corporação Nacional de Petróleo da China (CNPC) se prepara para reativar as operações na Venezuela, assim que o regime de Nicolás Maduro finalizar a legislação energética que outorgará a seus parceiros internacionais mais controle sobre as operações, informou a Bloomberg, no dia 2 de setembro de 2021.
De acordo com a Bloomberg, a petrolífera chinesa envia engenheiros e representantes comerciais para examinar as empresas locais e trabalhar em uma instalação que opera com a Petróleos de Venezuela S.A., para alavancar a produção de petróleo bruto em outras cinco empresas na zona petrolífera de Orinoco.
“Dizer que a Corporação Nacional de Petróleo da China estará de novo na Venezuela é uma importante decisão. Ela reativará todo o processo de coordenação com a China para explorar o petróleo bruto venezuelano”, disse o deputado venezuelano Ángel Rodríguez, presidente da Comissão de Energia e Petróleo da Assembleia Nacional, informou o jornal costarriquenho El País, no dia 10 de setembro.
A CNCP é a empresa matriz de propriedade estatal da PetroChina e, devido a seus rendimentos, é a maior empresa de petróleo e gás do planeta, informou no dia 2 de abril o portal World Energy Trade. A PetroChina é uma das 20 empresas de combustíveis fósseis responsáveis por 35 por cento das emissões contaminantes de metano e dióxido de carbono no mundo, segundo o jornal britânico The Guardian.
“A China realiza pelo menos nove projetos para acrescentar nova capacidade de refino ou construir novas refinarias nos próximos cinco anos”, enquanto na Europa e nos Estados Unidos a tendência aponta para o fechamento das plantas ou a transformação dos complexos para a produção petroquímica e de biocombustíveis, informou a revista mexicana Expansión.
O êxodo
A Bloomberg garante que a Venezuela, com as maiores reservas de petróleo bruto do mundo, experimentou uma queda em sua produção quando seus parceiros internacionais se afastaram; a produção atual de 500.000 barris diários é uma sexta parte da produção máxima em 2008.
Devido a esse êxodo, Maduro lançou uma lei energética para atrair mais capital estrangeiro, o que está cada vez mais difícil com as novas considerações sobre a redução das emissões de metano que chegaram ao topo das agendas das empresas petrolíferas mundiais, informou o portal britânico de notícias sobre energia Oil Price, no dia 2 de setembro de 2021.
“Os projetos respaldados pela China em vários continentes deslocaram populações locais, pioraram a qualidade da água, contaminaram as terras adjacentes e arruinaram os ecossistemas frágeis”, disse o portal do Departamento de Estado dos EUA ShareAmerica.
Mais carvão e contaminação
A China não é apenas o principal emissor mundial de dióxido de carbono (CO2) e o maior consumidor de carvão do mundo, mas também prioriza o crescimento econômico em vez da redução de emissões, apesar de ter se comprometido em 2019 a alcançar a neutralidade em carvão antes de 2060, segundo a revista norte-americana Time.
No primeiro semestre de 2021, Pequim anunciou planos para construir 43 centrais elétricas de carvão e 18 altos fornos no país. Se forem construídas, emitirão cerca de 150 milhões de toneladas de CO2 por ano, alertou o relatório Empresas de energia e aço da China continuam investindo em carvão, da organização norte-americana Global Energy Monitor e do Centro de Pesquisas sobre Energia e Ar Limpo, com sede em Helsinki.
No entanto, a China argumenta que tem direito a liberar CO2 para desenvolver sua economia, informou a BBC, no dia 9 de agosto. “Longe de fechar as centrais elétricas de carvão, o governo chinês atualmente está construindo novas plantas em mais de 60 pontos em todo o país. O país também financiou centrais elétricas de carvão fora da China, através de sua iniciativa do Novo Cinturão da Seda”, acrescentou.
Atuar com decisão
Enquanto isso, a Venezuela aumenta suas exportações de petróleo através de transferências entre embarcações, apesar do embargo dos EUA. Em julho de 2021, enviou 28 carregamentos de produtos brutos e refinados, dos quais mais de 80 por cento eram destinados a países asiáticos, incluindo a China, explicou a agência britânica Reuters.
A Bloomberg acrescentou que é provável que a produção da CNPC em território venezuelano seja exportada para a China para cobrir a dívida da Venezuela com o país asiático que, reestruturada, atinge aproximadamente US$ 19 bilhões.
“Não há tempo para demora ou lugar para desculpas. O planeta está perigosamente perto de atingir o umbral acordado internacionalmente de 1,5ºC de aquecimento global. Devemos atuar com firmeza agora, para evitar uma catástrofe climática”, disse no Twitter o secretário-geral da ONU, António Guterres, no dia 6 de setembro.