A Administração para o Controle de Drogas dos EUA (DEA) se reuniu com a Polícia de Investigação do Chile (PDI) para intercambiar experiências, fortalecer a capacidade policial e abordar cenários criminosos emergentes relacionados ao narcotráfico, informaram a PDI e a Embaixada dos EUA no Twitter.
“Esta reunião nasceu das últimas experiências investigativas da PDI, que revelam quantidades nunca antes vistas de substâncias químicas precursoras apreendidas, dedicadas à elaboração e purificação de cocaína”, disse à Diálogo o Comissário Patricio Navarro, chefe da Brigada de Investigação de Substâncias Químicas Controladas da PDI, em 20 de março. “O fenômeno do boom das drogas sintéticas está ocorrendo fortemente no Chile há vários anos.”
Na conferência, os investigadores da polícia puderam atualizar seus conhecimentos e preparar-se melhor para futuras operações policiais envolvendo drogas ilícitas e sintéticas complexas. A reunião aconteceu no dia 22 de fevereiro, na sede no quartel-general da PDI, em Santiago, Chile, informou a PDI em um comunicado.
“Trabalhamos em conjunto com a PDI e temos o prazer de organizar este tipo de conferência para aprender mais sobre a origem dessas drogas”, disse a Embaixadora dos EUA no Chile, Bernadette Meehan, ao portal chileno Puranoticia.
“A DEA é uma força policial que tem muita experiência no combate ao tráfico ilícito de drogas, em organizações criminosas complexas e também com drogas que ainda não vemos no Chile”, acrescentou o Comissário Navarro. “Portanto, esta cooperação bilateral é muito valiosa para a PDI, porque nos permite prever cenários, preparar-nos para situações de caráter investigativo e também para lidar com substâncias ilícitas mais complexas do que as que temos no Chile.”
A reunião contou com a participação de Sergio Muñoz, diretor geral da PDI; Joseph Holguin, diretor regional do Cone Sul da DEA; e da embaixadora Meehan. Também estiveram presentes no evento 75 agentes das brigadas Antinarcóticos, do Crime Organizado e outras unidades da polícia chilena, juntamente com representantes da Unidade de Substâncias Químicas Controladas do Ministério do Interior e Segurança Pública do Chile.
“A riqueza deste tipo de instâncias é o conhecimento mútuo que poderemos transferir”, disse Muñoz ao jornal chileno La Tercera. “Conversamos com a embaixadora Meehan para oferecer a possibilidade de intercâmbios acadêmicos para os agentes da DEA e o mesmo com nossos funcionários em sua agência, o que nos permitirá treinar e aprender sobre novas formas de drogas e crimes.”
Os representantes da DEA compartilharam com seus homólogos chilenos os métodos para o desvio de insumos, precursores químicos, funcionamento de laboratórios e ciência forense relacionada ao fentanil, indica a PDI em seu comunicado. Esta droga para uso médico, mas também produzida ilicitamente, causa preocupação no hemisfério norte por sua perigosidade, pois é tão potente que apenas 2 mg podem causar a morte.
Na reunião, também se discutiu sobre o boom na fabricação e apreensões de cocaína na região, que ultrapassou todas as projeções. Em 2020, foram produzidas quase 2.000 toneladas de cocaína, mais do que as 1.800 toneladas fabricadas em 2019, indicou o Relatório Global de Cocaína 2023, publicado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), em 16 de março.
“A atividade narcótica está aumentando sua eficiência como qualquer outra atividade industrial”, disse o Comissário Navarro. “Há um aumento de eficiência nos processos de extração e purificação da coca e está enraizado no fato de que hoje, com uma certa quantidade de folhas de coca, você tem o potencial de produzir o dobro da base de cocaína de 20 anos atrás.”
“A cooperação internacional no nível das instituições policiais é um componente fundamental na luta contra o narcotráfico, especialmente contra as organizações internacionais dedicadas ao tráfico ilícito de entorpecentes”, concluiu o Comissário Navarro. “As drogas podem ser produzidas em um país, comercializadas em outro, e os lucros obtidos em um terceiro país, enquanto os líderes criminosos podem estar em outro. Portanto, um país sozinho não será capaz de superar o problema do narcotráfico, mas unidos podemos.”