Militares de El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e República Dominicana, membros da Conferência das Forças Armadas da América Central(CFAC), participaram da XI Atividade Especializada de Meio Ambiente realizada em Manágua, Nicarágua, onde assinaram acordos para proteger as áreas florestais.
“Esses acordos serão reforçados pelas forças-tarefas e unidades especiais nas áreas de fronteira”, disse à Diálogo o Coronel Rubén Téllez, do Exército da Guatemala, diretor de imprensa do Ministério da Defesa, em 2 de agosto de 2022. “Na Guatemala, existem duas unidades militares [a Brigada Especial de Operações na Selva e a Brigada de Operações na Montanha] que dão apoio ao Ministério da Defesa, ao Ministério do Meio Ambiente e Recursos Naturais, ao Instituto Nacional de Áreas Protegidas e ao Conselho Nacional de Áreas Protegidas, para a proteção dos recursos florestais.”
As forças-tarefas designadas são: a ForçaConjunta Morazán-Sandino, na fronteira de Honduras com Nicarágua; A Força Conjunta Maya-Chortí, na fronteira de Honduras com Guatemala; e a Força Conjunta Lenca-Sumpul, na fronteira de Honduras com El Salvador.
A CFAC considera a preservação e recuperação de áreas florestais uma prioridade. A floresta sofre por desastres naturais ou intervenção criminosa. Os acordos feitos de 4 a 8 de julho unirão os militares da CFAC para proteger esses recursos naturais na área.
“Esses acordos assinados na reunião de Manágua tinham como objetivo contribuir para a luta contra o narcotráfico, o crime organizado e o corte ilegal de madeira”, disse à Diálogo o Coronel de Infantaria Klaus Werner Korte Padilla, representante de Honduras na CFAC. “A CFAC já programou uma agenda anual dos acordos assinados.”
Atividades ilícitas
Para o Cel Téllez, os maiores desafios enfrentados pela CFAC são as atividades criminosas relacionadas ao narcotráfico, como o desmatamento para plantar coca e maconha.
O Exército da Guatemala informou via Twitter que, de 1º de janeiro a 5 de agostode 2022, erradicaram 1,1 milhão de arbustos de coca.
Em Honduras, o 1º Tenente José Antonio Coello, do Exército, porta-voz das Forças Armadas de Honduras, disse à Diálogo que de janeiro a agosto de 2022 apreenderam mais de 2,6 milhões de arbustos de coca, o equivalente a mais de 600 hectares de floresta danificada.

“Em Honduras, o corte e tráfico ilegais de madeira estão intimamente ligados à ponte do narcotráfico na área nordeste do país”, informou Insight Crime, a organização que investiga o crime organizado na América Latina e no Caribe. “Entre 50 e 60 por centodo comércio de madeira vem do corte ilegal, e a maior parte vem das reservas florestais do nordeste de Honduras.”
Os incêndios florestais em Honduras são outra ameaça a ser superada. De acordo com o Instituto de Conservação Florestal (ICF)de Honduras, até julho de 2022, mais de 42por cento dos incêndios florestais ocorreram em três departamentos: Francisco Morazán,com 321, Gracias a Dios, com 140, e Olancho, com 136 incêndios.
Apoio diante de ameaças
Na reunião, foi acordada a produção de mudas para reflorestar as florestas danificadas.
Para apoiar essas iniciativas, as nações parceiras, como os Estados Unidos, através da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID), estão apoiando a proteção dos recursos ambientais do hemisfério.
“Além disso, através de uma abordagem abrangente que contribui para a proteção da biodiversidade e o manejo florestal sustentável, apóia políticas e estruturas legais que fortalecem o Sistema de Áreas Protegidas da Guatemala, permitem o manejo florestal sustentável a longo prazo, constroem um setor de justiça ambiental eficaz e envolvem comunidades cuja subsistência depende de ecossistemas saudáveis e florestas prósperas”, acrescentou o Cel Téllez.
Em Honduras, a USAID apoiou a ICF na realização de uma oficina de capacitaçãopara técnicos das 12 regiões florestais, sobre o programa de Proteção e Estratégia Nacional para Uso e Gerenciamento de Incêndios, na elaboração e execução de planos operacionais.
“O apoio de nações parceiras em associaçãocom entidades governamentais, para reduzir as atividades do crime organizado e melhorar a segurança das áreas protegidas,desenvolverá a capacidade do Exército de lidar com crimes ambientais”, concluiu o Cel Téllez.