No Equador, as principais funções do diretor de operações do Comando Conjunto das Forças Armadas, denominado G3, são assessorar e participar, como membro do Estado-Maior Operacional, do planejamento, da preparação e da execução das operações militares em nível estratégico, para assessorar na tomada de decisões, no exercício do comando e no controle e na emissão de ordens no âmbito do emprego operacional. Durante a Conferência Sul-Americana de Defesa (SOUTHDEC, em inglês), realizada em agosto na cidade de Natal, Brasil, o General de Brigada do Exército do Equador Fabián Fuel Revelo conversou com Diálogo.
Diálogo: O principal tema da SOUTHDEC 2019 é a Cooperação Regional em Resposta aos Desafios Hemisféricos. Quais são esses desafios e qual é a principal contribuição do seu país para enfrentá-los?
General de Brigada Fabián Fuel Revelo, diretor de operações do Comando Conjunto do Equador: Os cenários contemporâneos representam um grande desafio para os países do hemisfério porque, devido à sua complexidade, eles requerem uma cooperação regional para gerar capacidades de alerta estratégico, a qual permita a realização de iniciativas que visam alcançar uma segurança compartilhada, identificando as ameaças comuns e, com base nestas, avaliando nossas forças, para que possamos aproveitar as oportunidades para enfrentá-las.
Nesse sentido, o Equador promove, tanto em espaços bilaterais como em multilaterais, no âmbito dos altos comandos, o intercâmbio de informações, que é produto das experiências adquiridas em prevenção e gestão de riscos de desastres de origem natural, operações de proteção de fronteiras, operações para controlar a mineração ilegal e outras de apoio às instituições do Estado e no âmbito interagencial.
É importante reconhecer que a Conferência Sul-Americana de Defesa é um fórum que contribui para o fortalecimento das medidas de confiança mútua entre os países da região, ao mesmo tempo que representa uma oportunidade relevante para se discutir e elaborar propostas comuns para a segurança e a defesa no âmbito da cooperação multilateral.
Diálogo: O Equador faz parte do denominado Cinturão de Fogo do Pacífico e é afetado por fenômenos naturais como terremotos e vulcões. O que o país tem para compartilhar com as demais nações da região em termos de ajuda humanitária, especialmente na área de operações de informação?
Gen Bda Fuel: O Equador é altamente exposto a eventos naturais, o que nos obriga a buscar mecanismos de prevenção para reduzir essa vulnerabilidade e, consequentemente, a possibilidade de que desastres e catástrofes venham a ocorrer.
O terremoto de 16 de abril de 2016 na costa norte do país obrigou as Forças Armadas equatorianas a apoiar o Sistema de Gestão de Riscos nos aspectos de segurança, auxiliando a Polícia Nacional e a logística humanitária, para o qual, e tendo como base a organização logística militar, foi criada uma estrutura que incluiu centros de produção, coleta e distribuição escalonados em todo o país.
Por outro lado, as operações de informação em gestão de risco são realizadas através do Sistema de Comunicação Social das Forças Armadas. Incluem-se nesse sistema as direções de Comunicação Social de cada uma das forças, e inclusive do Ministério da Defesa Nacional, que cooperam com seus recursos humanos e materiais, com seus vínculos, alcance e procedimentos, para administrar de forma sincronizada a informação gerada na região afetada.
Através de sua capacidade de operações psicológicas, no caso da gestão de riscos, as operações de informação desenvolvem ações psicológicas (ação cívica, apoio ao desenvolvimento etc.), para fortalecer a capacidade de resiliência do segmento afetado, motivar a reconstrução e gerar a aceitação à presença e ao apoio das Forças Armadas, bem como fortalecer a moral e a convicção de forças próprias para o cumprimento do seu dever na região atingida.
Diálogo: Quais são os benefícios de trabalhar com outras nações, entre elas os Estados Unidos, nas operações de informação?
Gen Bda Fuel: Devido ao fato de as operações de informação terem como capacidades principais as operações psicológicas, a defesa cibernética, a guerra eletrônica, a decepção, os enganos e a segurança nas operações, tudo isso com uma grande demanda tecnológica, é necessário contar com capacitação e treinamento permanentes, de acordo com os avanços e as inovações que as Forças Armadas dos Estados Unidos nos possam oferecer.
Da mesma forma, a experiência dos exércitos das nações parceiras no âmbito das operações de informação colaboraria para melhorar nossos processos de planejamento e execução em apoio às operações militares.
Diálogo: Quais são os programas de colaboração que as Forças Armadas do Equador têm com as forças armadas de outros países da região?
Gen Bda Fuel: Entre os mais relevantes:
– Programas binacionais com o Peru e a Colômbia.
– Conferências de altos comandos com o Peru, o Brasil e o Chile.
– Intercâmbios educacionais nos níveis de formação, aperfeiçoamento e especialização com a Colômbia, Peru, Chile, Argentina, Brasil e Estados Unidos.
Diálogo: Quais são as suas metas imediatas como diretor do G3 do seu país?
Gen Bda Fuel: Planejar e assessorar a condução estratégica das operações executadas pelas Forças Armadas, como parte do cumprimento das missões designadas, sob os princípios de eficiência e eficácia e seguindo o respeito irrestrito aos direitos humanos e à norma jurídica vigente. Além disso, atualizar o planejamento estratégico militar para o emprego e o desenvolvimento da força, permitindo que as Forças Armadas do Equador se projetem em direção ao futuro como uma instituição de proteção aos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos equatorianos.