Após a queda do cartel do narcotráfico de Medellín e da morte de seu líder Pablo Escobar Gaviria, em 1993, os carteis mexicanos começaram a controlar o contrabando e a distribuição de cocaína na Colômbia. Nos últimos anos, os narcotraficantes mexicanos começaram a investir na produção de cocaína colombiana.
Para agir contra a chegada dos carteis mexicanos, o governo colombiano articula um intercâmbio permanente de informação de inteligência militar com os governos dos Estados Unidos e do México.
O governo do presidente dos EUA Joe Biden anunciou, no dia 1º de abril de 2021, que colaborará com o México e a Colômbia para garantir que a luta contra a produção e o tráfico de drogas seja feita de acordo com o cumprimento da lei e respeitando os direitos humanos, informou a agência EFE.
Os carteis mexicanos “entram com dinheiro e armas, e deixam a guerra para os outros grupos que eles mesmos financiam”, informou no dia 25 de janeiro a revista colombiana Semana. “Os carteis de Sinaloa e Jalisco Nova Geração transferiram sua rivalidade a pelo menos cinco estados”, informou o jornal colombiano El Tiempo.
O intercâmbio de inteligência entre México e Colômbia “para detectar carregamentos de drogas através de cinco rotas marítimas” permitiu, em 7 de janeiro de 2021, o confisco de um semissubmersível com mais de 1 tonelada de cocaína no litoral de Oaxaca, publicou o jornal mexicano El Occidental.
Os confrontos entre os criminosos “ocasionaram deslocamentos forçados, homicídios, massacres, confinamentos, assassinatos de líderes comunitários e ex-combatentes”, informou a Defensoria do Povo, instituição autônoma do Ministério Público da Colômbia. Os eventos violentos desalojaram mais de 11.000 pessoas de suas comunidades no primeiro bimestre de 2021, destacou a Defensoria.
Segundo a investigação Radiografia: A execrável presença dos carteis mexicanos, divulgada em junho de 2020 pela ONG colombiana Fundação Paz e Reconciliação (Pares), “a presença de carteis mexicanos no país coincide com os lugares de maior intensidade de cultivos de coca ou com corredores estratégicos para o narcotráfico: a costa do Pacífico de Nariño, Catatumbo, Baixo Cauca da Antióquia, Norte de Cauca e Magdalena”.
A presença de carteis mexicanos no país coincide com os lugares de maior intensidade de cultivos de coca ou com corredores estratégicos para o narcotráfico: a costa do Pacífico de Nariño, Catatumbo, Baixo Cauca da Antióquia, Norte de Cauca e Magdalena”, investigação Radiografia: A execrável presença dos carteis mexicanos.
O mais ativo cartel mexicano em território colombiano é o de Sinaloa, que mantém alianças com o Exército de Libertação Nacional (ELN), com dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e com a quadrilha criminosa Clã do Golfo, informou a agência de notícias Reuters. O Cartel Jalisco Nova Geração tem vínculos com um grupo em Buenaventura, o principal porto colombiano no Pacífico, acrescentou.
Esses grupos criminosos “aumentaram o financiamento e o armamento das organizações narcotraficantes colombianas”, informou a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes das Nações Unidas, no seu relatório de 25 de março de 2020.
“Há carteis de drogas de outros países com franco-atiradores profissionais e que plantam minas antipessoais para impedir os trabalhos de erradicação”, disse ao jornal El Tiempo o presidente da Colômbia Iván Duque.
Os narcotraficantes mexicanos “decidiram […] participar diretamente da produção de cocaína na Colômbia, não apenas comprar, mas também investir diretamente na produção através de organizações”, declarou à agência EFE León Valencia, diretor da Pares, durante a apresentação do relatório.
“Os carteis mexicanos estavam subordinados […] aos carteis colombianos, mas essa relação já se transformou; na realidade, os reis, os chefes dos chefes, são os mexicanos”, disse Valencia.
“Vemos que, se [os grupos ilegais] conseguem entrar em contato com organizações colombianas, podem aumentar muito seu controle social, podem aumentar muito seu poder.”
A Fundação Pares identificou 97 grupos ilegais em todo o país, “e uma parte importante deles tem alianças com os [carteis] mexicanos, sendo que 27 dos quais estão na fronteira com a Venezuela”, concluiu Valencia.