Líderes logísticos seniores de 19 nações parceiras do hemisfério ocidental se reuniram para o quinto Simpósio de Logística de Líderes Seniores (SLLS), organizado pelo Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM), em Doral, Flórida, em 6 e 7 de setembro.
Argentina, Barbados, Belize, Canadá, Chile, Colômbia, El Salvador, Equador, Estados Unidos, Guatemala, Guiana, Honduras, Jamaica, Países Baixos, Panamá, Paraguai, Reino Unido, República Dominicana e Uruguai participaram do SLLS anual que promove a logística, a interoperabilidade e a cooperação. O Departamento de Defesa dos EUA, o Estado-Maior Conjunto, os componentes do SOUTHCOM e outras organizações interagências também participaram.
“Todos vocês estão aqui representando seus países e representando esse evento tão importante… A logística é difícil. Quero dizer, é mesmo: arregacem suas mangas e deem um jeito, ou sua prontidão simplesmente despencará”, disse a General de Exército Laura J. Richardson, do Exército dos EUA, comandante do SOUTHCOM, em seu discurso de boas-vindas.
A mudança climática e a degradação ambiental estão representando um risco significativo e afetam a prontidão e a segurança militar, afirmou a Gen Ex Richardson. Trabalhando em conjunto, o hemisfério ocidental será capaz de responder rápida e coletivamente a desastres e tempestades nunca vistas, secas, inundações e outras condições recordes, acrescentou.
Ela elogiou os participantes por seu trabalho em duas iniciativas lideradas pelo SOUTHCOM: o Manual de Logística de Assistência Humanitária e Ajuda em Casos de Desastres (HADR) para o hemisfério ocidental e a Iniciativa de Parceria para a Manutenção do Teatro de Operações (TMPI).
O Brigadeiro Richard D. Pratley, da Força Aérea Real do Reino Unido, chefe adjunto do Estado-Maior da Defesa para Operações de Logística e Suporte, um dos principais palestrantes, abordou a necessidade de criar uma estratégia cooperativa para apoiar as nações em momentos de ajuda em desastres naturais.
“Basta dar uma olhada nas notícias para ver a consistência crescente dos eventos climáticos extremos. El Niño deste ano, o clima e a natureza estão se manifestando, não importando o país em que você esteja. Se você estiver no seu caminho, será uma vítima. A melhor maneira de lidar com isso é trabalhar em conjunto, compartilhar ideias e recursos e, como em muitas coisas relacionadas à logística, é preciso se preparar com antecedência”, declarou o Brig Pratley.
A agenda
Os participantes intercambiaram pontos de vista sobre a logística estratégica, operacional e de prontidão. Eles também entenderam como o uso de forças logísticas pode apoiar operações e oportunidades de cooperação e colaboração futuras.
O Tenente-Coronel Robert Rodney, oficial de Finanças e Logística da Força de Defesa da Guiana, destacou a importância de uma abordagem colaborativa na preparação para desastres.
“O SLLS nos dá a oportunidade de colaborar com outros países, ver onde estamos em relação à nossa capacidade de contribuir para o alívio em caso de desastres e saber que todos nós somos partes interessadas na humanidade […]. Portanto, mesmo que não sejamos afetados, devemos estar em condições de prestar assistência a qualquer país do Caribe que possa ser afetado por um desastre, pois vivemos em um ambiente propenso a desastres”, declarou o Ten Cel Rodney.
As mudanças climáticas estão causando secas e incêndios florestais no Paraguai, disse o Coronel Carlos Daniel Silva Benítez, diretor da Auditoria de Modelo Padrão de Controle Interno das Forças Armadas do Paraguai.
“O SLLS é muito importante para o Paraguai e a região. Ele nos permite ter critérios comuns sobre os princípios e meios que devem ser usados em caso de desastres naturais, o que é realmente uma ameaça crescente na região […]. Às vezes, sozinhos, não podemos responder; portanto, com esse esforço conjunto, será possível enfrentar melhor esses desafios”, disse o Cel Silva.

Manual de Logística HADR
O objetivo do Manual é oferecer recomendações sobre como as nações podem coordenar seus esforços logísticos em operações de HADR nas Américas. Com as mesas-redondas sobre o Manual de Logística de HADR, os participantes do SLLS tiveram a oportunidade de abordar como o projeto deve avançar.
Atualmente, há 13 nações parceiras envolvidas no projeto do Manual de Logística HADR, que estima-se estar 65 por cento completo. Ações futuras ainda estão em andamento, como a consolidação de procedimentos, respostas a emergências, alinhamentos com as Nações Unidas e autoridades de aprovação. O manual será testado nos exercícios Tradewinds 2024 e Panamax 2024.
O Coronel Elvis Rafael Hernández Fernández, chefe da Diretoria de Suprimentos da Força Aérea da República Dominicana, atuou como presidente do Comitê Diretor do Manual (2022-2023). “Durante um ano, delineamos as políticas e os padrões que guiarão todo o processo de desenvolvimento do manual.”
O Capitão Eduardo Torres Figueroa, chefe do Departamento de Logística do Estado-Maior Conjunto do Chile e presidente do Grupo de Trabalho de Movimento e Transporte do Manual (2022-2023), disse que a conclusão do manual é muito importante.
“Quando soubemos do manual, decidimos participar ativamente. Em 2010, tivemos um terremoto de magnitude 8,8, que exigiu muita ajuda, tanto interna quanto de países aliados. Sabemos em primeira mão o que é sofrer um desastre natural”, disse o Cap Torres. “Isso também representa uma forma de retribuir aos nossos compatriotas, ao resto da comunidade latino-americana, com nossa experiência, para poder participar da preparação desse manual.”
O General de Brigada José Arsenio González, diretor de Logística do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas de Honduras, observou que Honduras é vulnerável às mudanças climáticas, devido à sua alta exposição a riscos relacionados ao clima, como tempestades tropicais e furacões.
“O manual ajudará a padronizar os procedimentos, métodos e atividades a serem executados, caso sejam necessários recursos em diferentes áreas da região que possam ser compartilhados e possam ser solicitados em caso de desastres, emergências naturais ou outros tipos de situações.”
Integração por meio da Iniciativa de Parceria de Manutenção do Teatro de Operações
“Queremos entender os desafios que nossos parceiros estão enfrentando com seus equipamentos. Não se trata apenas de consertar hoje um caminhão, avião ou barco, mas de entender as causas básicas. Parte disso será entender em que nossos parceiros necessitam ajuda, uma maneira melhor de se comunicar. Outra parte consistirá em encontrar eficiências em nossos processos internos, para tentarmos trabalhar juntos para agilizar; outra será o engajamento educacional; e outra será encontrar novas formas de engajamento com nossos parceiros como pares para resolver o dilema de logística de nosso teatro de operações. Alcançaremos isso por meio de parcerias, colaboração e pensamento fora do sistema tradicional”, disse o Capitão de Fragata Gabriel Christianson, do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, da Logística Multinacional da Diretoria J-4 do SOUTHCOM, sobre a TMPI, que aprimora a integração e a estabilidade do hemisfério por meio de parcerias de manutenção e esforços de interoperabilidade.
A TMPI é um esforço plurianual para desenvolver a capacidade dos parceiros em manutenção de equipamentos, gerenciamento do ciclo de vida e da cadeia de suprimentos. A TMPI procura simplificar os processos internos e promover a cultura, a educação e a profissionalização da manutenção.
O principal componente da TMPI é o estabelecimento de Centros de Excelência em Treinamento de Manutenção (CoE) nas nações parceiras, para oferecer treinamento em artigos de defesa fornecidos pelos Estados Unidos. No ano fiscal de 2025, haverá a abertura de três CoEs: manutenção de aviação rotativa e manutenção eletrônica na Colômbia e um centro anglófono de múltiplo domínio na Academia Militar do Caribe, na Jamaica, que abrangerá equipamentos terrestres, marítimos e aéreos.
“Estamos procurando investir nesses CoEs para expandir as ofertas educacionais, de modo que nossos parceiros da região tenham acesso a um ensino técnico de alta qualidade e que nossos parceiros que possuem os centros educacionais existentes e habilidades especializadas possam assumir um papel de liderança no fornecimento dessa educação. Pretendemos expandir a um total de oito países com nove CoEs, além de um Curso para Oficiais de Logística Multinacional a ser realizado pela Escola Superior de Guerra na Colômbia, em parceria com o Instituto de Governança de Segurança, com o objetivo de vincular o curso à rede de ofertas educacionais DEEP da OTAN. Vemos a TMPI como uma abordagem holística, uma maneira de formar a equipe”, acrescentou o Ten Cel Christianson.
Logística à frente
A iniciativa antidrogas, a resposta humanitária, a evacuação médica e o esforço de planejamento de crises começam e terminam com a logística, disse aos participantes do SLLS a Brigadeiro Laura Lenderman, da Força Aérea dos EUA, diretora de Operações do Comando de Transporte dos EUA.
“A logística é o melhor esporte de equipe. Nenhum de nós pode fazer isso sozinho. Cada nação parceira e cada um dos presentes nesta sala tem talentos e recursos que precisamos trazer à mesa para garantir o sucesso do esforço coletivo. Somos realmente mais fortes quando trabalhamos além das fronteiras nacionais, além dos serviços e além dos domínios.”
Ela acrescentou que nada é mais honroso do que prestar ajuda ou transportar alguém em segurança.
“É muito mais do que uma operação humana do que, talvez, qualquer outra ação que você possa realizar de uniforme. Estamos lado a lado para atender ao chamado de nossa nação. Juntos somos mais fortes e juntos cumprimos a missão.”