A fim de fortalecer o combate a crimes como contrabando, descaminho, tráfico de drogas e armas, a fronteira do Brasil com a Venezuela vai receber um sistema de monitoramento em tempo real. Equipamentos como luminárias inteligentes, software de reconhecimento facial, câmeras de sensoriamento e drones com câmera termográfica serão instalados na cidade brasileira de Pacaraima, estado de Roraima, a principal via terrestre para o território venezuelano, por meio da cidade de Santa Elena de Uairén.
Os aparelhos serão localizados em pontos estratégicos, como a base da Receita Federal na fronteira, o posto fiscal da Polícia Federal, a rodoviária e as principais ruas de Pacaraima.
“Com essa tecnologia, vamos reduzir ainda mais os números [de crimes nas fronteiras]. A partir da identificação das placas e dos rostos, vamos poder fazer um levantamento em tempo real e identificar foragidos da justiça e carros roubados”, disse o governador de Roraima, Antonio Denarium.
A iniciativa faz parte do Fronteira Tech, programa da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), que busca oferecer aos municípios brasileiros soluções para segurança pública baseadas em tecnologias digitais.
Maior alcance
A operação em Pacaraima será a segunda do programa Fronteira Tech, em andamento no sul do Brasil desde o final de 2019. Na Ponte Internacional da Amizade, ligação entre Foz do Iguaçu, no estado do Paraná, e Ciudad del Este, no Paraguai, já estão sendo empregadas câmeras de reconhecimento facial e de leitura de placas de veículos, além de um equipamento de captação de áudio de tiro. “É um sistema que reconhece o som do disparo de uma arma de fogo e aciona câmeras na direção de onde vem o som, a fim de captar um possível flagrante”, explicou César Viana, servidor da Receita Federal e chefe da divisão de bagagem da alfândega de Foz do Iguaçu.
A Receita Federal, da qual o Fronteira Tech é parceiro, informou que, graças ao apoio do sistema de leitura de placas, as apreensões de veículos em 2020 somaram aproximadamente R$ 65 milhões (mais de US$ 11 milhões). Esse número diz respeito às apreensões em toda a jurisdição da Receita Federal de Foz do Iguaçu, que abrange uma extensão de cerca de 215 quilômetros ao longo do Lago de Itaipu, porção de água comum ao Brasil e ao Paraguai.
Em fevereiro de 2020, a ABDI firmou acordo de cooperação com a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). Com a cooperação, a ABIN passa a ter acesso às informações geradas pelo programa Fronteira Tech tanto na fronteira do Brasil com o Paraguai quanto na do Brasil com a Venezuela. O objetivo é “produzir conhecimento, difundir e proteger o cidadão”, afirmou o diretor-geral da ABIN, Alexandre Ramagem.