Em 3 de fevereiro de 2022, a Polícia Federal (PF) do Brasil e a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) do Paraguai deflagraram a operação Fluxo Capital para desbaratar um esquema de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. A rede criminosa fazia movimentações milionárias com o uso de “laranjas”, contadores e empresas de fachada.
“[No Brasil], policiais foram às ruas para cumprir 39 mandados de busca e apreensão e 19 mandados de prisão temporária em seis estados”, disse a PF em um comunicado. No Paraguai, as forças de segurança cumpriram pelo menos sete mandados de busca e apreensão na região de Pedro Juan Caballero.
As autoridades dos dois países também apreenderam imóveis, bloquearam contas bancárias, suspenderam as atividades das empresas envolvidas e cancelaram as licenças profissionais dos contadores investigados. As ações foram realizadas em coordenação com o Ministério Público do Paraguai.
Segundo a PF, empresas controladas direta ou indiretamente por só um dos investigados movimentaram R$ 4 bilhões [aproximadamente US$ 780 milhões]. Os policiais apreenderam cerca de R$ 12 milhões [aproximadamente US$ 2,3 milhões] em espécie, no curso das investigações. “O controle da movimentação do dinheiro era feito por doleiros e donos de casas de câmbio instalados no Paraguai”, informou o site de notícias brasileiro R7.
Clã García Morínigo

As autoridades informaram que a rede seria vinculada ao Clã García Morínigo, um dos maiores grupos do narcotráfico na região, que controlava grande parte do mercado de cocaína entre o Paraguai e o Brasil, cujos líderes foram capturados pela SENAD durante a Operação Status, em setembro de 2020. “A investigação aponta para um esquema de pessoas físicas e jurídicas que recebiam de forma permanente grandes somas de dinheiro por meio de transações eletrônicas, a partir de vários países”, informou a Agencia de Información Paraguaya.
Parte das remessas era feita de Pedro Juan Caballero. Os investigadores detectaram transferências diárias de US$ 1,5 a 2 milhões realizadas dessa cidade paraguaia para contas no Brasil. Uma vez recebidas, as remessas eram imediatamente retiradas em dinheiro por outras pessoas físicas ou jurídicas, novamente em território paraguaio, geralmente em Ciudad del Este, informou a SENAD.
Cabeça Branca
Segundo as autoridades, a lavagem de dinheiro também seria vinculada ao narcotraficante Luiz Carlos da Rocha, conhecido como Cabeça Branca. Fornecedor de drogas para facções criminosas brasileiras como Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital, Rocha foi preso em 2017 na Operação Spectrum da PF.
“Em 2018, a PF descobriu indícios de que uma das filhas do traficante e um dos filhos do doleiro Carlos Alexandre Souza, [conhecido como] Ceará, estudaram numa das escolas mais caras da Suíça”, informou o site brasileiro Campo Grande News. “A suspeita é de que a presença dos dois seria um pretexto para enviar dinheiro do tráfico para o exterior”, completou o site.
Vulgo Ceará, também preso pela PF, era um dos principais operadores financeiros de vulgo Cabeça Branca. Encarregava-se de depósitos, transferências e operações de câmbio ilegais com dinheiro do tráfico. Mas as investigações indicam que o grupo não se limitava à lavagem do dinheiro de Rocha. Também mantinha relação com diversas outras organizações criminosas atuantes em território brasileiro, afirmou a PF.